Doleiro da Lava Jato confirma que ‘Planalto sabia’ do esquema de corrupção na Petrobrás

À CPI da Petrobrás, em Curitiba, Alberto Youssef cita ex-ministros do governo Dilma – Idelli Salvatti (Secretaria de Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência); “Agora, provas eu não tenho”, disse ele

Fonte: Estado de S. Paulo

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O doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, confirmou em depoimento à CPI da Petrobrás, na manhã desta segunda-feira, 11, em Curitiba, que o Planalto sabia do esquema de corrupção na estatal e citou os nomes de dois ex-ministros do governo Dilma Rousseff (PT) – Idelli Salvatti (Relações Institucionais) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

“Lembro que foi conversado com Idelli Salvatti e com secretário Gilberto Carvalho”, afirmou Youssef, ouvido pela primeira vez pela CPI, que se instalou em Curitiba, base da Lava Jato.

O doleiro citou deputados do PP em seu relato. “Em 2012 ou 2011 houve um racha no Partido Progressista e foi motivo de discussão entre líderes governistas, onde houve queda do Nelson Meurer. O Arthur de Lira assumiu a liderança do partido. Isso foi discutido tanto pelo líder Nelson Meurer como pelo Arthur de Lira e Ciro Nogueira, como foi discutido com Gilberto Carvalho e Ideli. Paulo Roberto Costa deixou claro que esse assunto teria que chegar através do Palácio a quem ele iria se reportar”, respondeu Youssef ao ser questionado pelo deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP).

Perguntado por Covas se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e os ex-ministros Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann, José Dirceu, Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e Edison Lobão tinham conhecimento do esquema, o doleiro disse que “na opinião dele, sim”. O ex-presidente não vai se manifestar sobre o relato do doleiro.

Indagado sobre o que o leva a acreditar que o ‘Planalto sabia’ do esquema de corrupção na Petrobrás, o doleiro disse: ”Primeiro, que eu escutava isso do dr. Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás) quando sempre havia uma discussão interna do partido dele (PP). Depois, o Paulo Bernardo, quando ministro fez pedido ao Paulo Roberto Costa para que eu entregasse R$ 1 milhão para (a campanha) Gleisi (Hoffmann, mulher de Bernardo). E a questão da Muranno (agência de publicidade), que foi resolvida a pedido do presidente (da Petrobrás) GabriellI. A opinião é minha, é meu sentimento. Agora, provas eu não tenho.”

Segundo o doleiro, “em 2012 ou 2011, já no segundo semestre, houve um racha entre os membros do Partido Progressista e isso foi motivo de discussão dos líderes com a Casa Civil, com o secretário Geral da Presidência da República, com doutor Paulo Roberto Costa, inclusive no caso houve a queda do Nelson Meurer e o Arthur de Lira assumiu a liderança do partido.”

“Esse assunto o Paulo Roberto deixou claro ao líder Nelson Meurer e ao presidente do partido, hoje Ciro Nogueira, e esse assunto teria que chegar a ele através do Palácio, a quem ele ia se reportar. Isso eu escutei dele por várias vezes”, declarou o doleiro.

Um dos parlamentares da CPI da Petrobrás questionou o doleiro. “Então, era o Palácio que reportava a Paulo Roberto a quem ele tinha que conversar?”

Youssef respondeu: “A interlocução sempre foi José Janene, depois passou a ser Mario Negromonte (ex-ministro das Cidades, governo Dilma Rousseff), Nelson Meurer. E, em determinado momento, houve racha no partido e essa situação foi parar no Palácio e o Paulo deixou claro para o Nelson Meurer que quem tinha que indicar o novo interlocutor seria o Palácio.”

E o Palácio indicou esse interlocutor?, insistiu o deputado. “Foi trocado, na época, a liderança e a outra parte passou a ter os seus recebimentos com a liderança deles.”

O Palácio era quem? O sr. disse Gilberto Carvalho e Idelli Salvati?” ”Lembro que foi conversado com Idelli Salvati e com o secretário Gilberto Carvalho.”

Integrantes da CPI da Petrobrás desembarcaram em Curitiba para ouvir os depoimentos de 13 acusados de envolvimento no esquema de cartel e corrupção na Petrobrás, que estão presos. Entre eles os ex-deputados André Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Pedro Corrêa (PP) e Luiz Argolo (ex-PP, hoje no SD). Youssef é o primeiro a ser ouvido nesta manhã de segunda-feira, por um grupo de 14 deputados federais da comissão, que tem audiências marcadas até amanhã.

Estão marcados para hoje os depoimentos do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró e do lobista Fernando Antônio Falcão Soares, o Fernando Baiano ligados ao PMDB no esquema de loteamento político na estatal, que envolvia ainda PT e PP. de Mário Góes, de Guilherme Esteves e de Adir Assad, outros três lobistas acusados de operarem propina na Diretoria de Serviços – que era cota do PT – também estão nessa lista.

Palavras-chave: Doleiro Operação Lava Jato Petrobras Alberto Youssef Corrpução

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