Corregedoria investigará caso de juiz que atirou garfo em copeira
Foi instaurado um Pedido de Providência, nos moldes do Conselho Nacional de Justiça, para apuração prévia do fato e para que os envolvidos sejam ouvidos
A Corregedoria da Justiça vai apurar a denúncia de que o juiz da 48ª Vara Cível, Mauro Nicolau Júnior, arremessou um garfo em uma copeira, há uma semana. Funcionários terceirizados revelaram que o magistrado teria atirado o objeto porque ficou irritado com a demora para que o café fosse servido.
“Foi instaurado um Pedido de Providência, nos moldes do Conselho Nacional de Justiça, para apuração prévia do fato e para que os envolvidos sejam ouvidos”, informou em nota oficial a Corregedoria. Mesmo com medo, funcionários contaram que a copeira estava com outro garçom no 1º andar em um local, conhecido como o bar dos juízes. Funcionários contam que Nicolau, que estava com outros dois magistrados, foi informado de que o café carioca estava pronto, mas ele pediu o expresso. A copeira ponderou que por causa da máquina demoraria um pouco mais para servi-lo. Inconformado com a informação, o juiz atirou o garfo, que atingiu as costas da mulher.
Segunda-feira (21) Mauro Nicolau afirmou que a história é “um absurdo exagero”. Disse que o garfo caiu da mão dele. O juiz alegou ainda ter sido informado por outros funcionários que a copeira não foi atingida. Acrescentou que ela ficou assustada com o barulho do objeto que foi ao chão. Negou ainda a informação de que havia chamado a reação da funcionária terceirizada a sua atitude como ‘palhaçada’.
“Não trato nada nem ninguém “como palhaçada”, ao contrário, basta que pergunte a todos que frequentam a copa, pois não tenho nenhuma dúvida de que os trato com gentileza, atenção e educação”, acrescentou o juiz.
O fato é que a copeira não trabalha mais no local onde o episódio ocorreu, no 1º andar do Fórum. Foi transferida para outro setor. Nos bastidores do Tribunal de Justiça é dado como certo que ela vai continuar trabalhando na corte e é descartada qualquer hipótese de represálias.
Presidenta em alerta
A presidenta do Tribunal de Justiça, Leila Mariano, alega que tomou conhecimento extraoficialmente sobre o comportamento do juiz Mauro Nicolau Júnior e acompanha o caso. Logo que tudo estiver esclarecido, ela disse que providências serão tomadas. Procurado, o Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro e Similares do Município do Rio não se pronunciou sobre o assunto.
Sindicato pede igualdade
Apesar de não representar a classe dos copeiros, o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos marcou posição contra atitudes do juiz Mauro Nicolau Júnior. “Nossa orientação aos empregados que nos procuram em situações como a dessa copeira é denunciar, ir à polícia, passar por exame de corpo de delito”, aconselhou a presidenta Carli dos Santos ressaltando, que entende a delicadeza da situação.