Cheques sem fundos atingem 2º maior volume do ano em outubro

O aumento da inadimplência com cheques surpreendeu os economistas da Serasa. Na avaliação de Laércio de Oliveira, diretor de produtos da Serasa

Fonte: Globo Online

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SÃO PAULO - O volume de cheques sem fundos voltou a subir em outubro. A alta foi de 11,8% em relação a setembro e o índice chegou a 17 cheques devolvidos a cada mil compensados, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira pela Serasa. É o segundo maior índice do ano, abaixo apenas do mês de março, quando a taxa foi de 17,2 cheques por mil devolvidos. No total, dos 167,6 milhões cheques compensados em outubro, 2,8 milhões foram devolvidos por falta de fundos. Em setembro de 2004, foram compensados 171,9 milhões de cheques e os devolvidos somaram 2,6 milhões.

O aumento da inadimplência com cheques surpreendeu os economistas da Serasa. Na avaliação de Laércio de Oliveira, diretor de produtos da Serasa, um dos fatores de alta da inadimplência é que a renda média dos trabalhadores não está crescendo e, ao mesmo tempo, nos últimos meses aumentaram os gastos com tarifas de energia, telefonia e combustíveis.

- O orçamento das pessoas ficou mais apertado. A renda média não cresce e, além disso, o aumento do juro encareceu o custo dos financiamentos - diz ele.

Oliveira afirma que, por enquanto, não dá para falar em aumento generalizado da inadimplência. Ele acredita que o maior volume de cheques sem fundos reflete uma falta de metodologia do comércio, que vende a prazo com cheque pré-datado sem consultar informações adicionais como renda, tempo de serviço e outras informações usuais em operações de crédito.

- Nos outros meios de crédito a inadimplência não está subindo tanto, o que demonstra que há uma falha do lojista ao oferecer parcelamento com cheque. O consumidor também não pensa tanto na hora de comprar com cheque pré-datado, pois é fácil e ele não precisa comprovar renda - diz o executivo.

No período de janeiro a outubro deste ano, foram compensados 1,741 bilhão de cheques, dos quais 27,5 milhões voltaram sem fundos. Nos dez primeiros meses de 2003, foram 1,864 bilhão de cheques compensados e 29,3 milhões de cheques devolvidos. O índice de devolução, no entanto, subiu. Foram 15,8 cheques devolvidos este ano a cada mil compensados, contra 15,7% no mesmo período de 2003 - uma alta de 0,6%.

Os dados da Serasa mostram que a situação da inadimplência com cheque está no mesmo patamar de 2003. Oliveira não acredita que em novembro e dezembro ocorra uma alta muito grande na devolução de cheques, mas ressalva que no primeiro trimestre de 2005 pode ocorrer outro pico de inadimplência se os consumidores não ficarem alertas.

- As pessoas têm de refletir muito antes de gastar o dinheiro do 13º salário. Devem lembrar dos gastos extras do início do ano, como pagamento de IPVA, IPTU, matrículas e materiais escolares - diz ele.

O economista da Serasa acredita que os sinais de aumento na inadimplência e de arrefecimento da economia devem levar o Banco Central a interromper o ciclo de alta de juro dos últimos três meses.

- Sem crescimento da renda média não haverá motivo para aumentar juro a partir de janeiro - diz Oliveira, acrescentando que em dezembro o BC ainda poderá elevar a taxa básica da economia como medida preventiva contra a inflação.

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