CCJ aprova uso de dinheiro de multas de trânsito apenas em campanhas de educativas e sinalização

As receitas hoje estão custeando pagamento com pessoal que atua na gestão e fiscalização do trânsito, tanto das unidades do Departamento de Trânsito quanto dos batalhões das polícias militares estaduais

Fonte: Agência Senado

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A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou nesta quarta-feira (16) projeto para garantir que os recursos das multas de trânsito sejam utilizados exclusivamente em educação para o trânsito, admitindo exceção apenas para despesas com sinalização das vias. Pelo texto (PLS 579/11), as receitas devem financiar campanhas sobre direção defensiva, cultura da paz e combate à violência no trânsito, além de mensagens para desestimular o consumo de álcool e drogas por motoristas.


A exceção para permitir despesas com sinalização das vias resultou de emenda sugerida pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR). Designado relator da emenda, Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que essa sugestão aperfeiçoava projeto já meritório pela iniciativa de proporcionar meios para o enfrentamento dos problemas que o país enfrenta na esfera do trânsito.


- O país detém o troféu absolutamente indesejável de campeão em acidentes, mortes e invalidez no trânsito A sinalização é também importante. Quem escreve sobre o tema diz que no Brasil inexiste sinalização - afirmou Demóstenes.


O texto, que foi examinado em caráter terminativo, segue agora diretamente para exame na Câmara dos Deputados. A matéria foi lida na semana passada, com relatório favorável do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Jucá pediu vista e em seguida sugeriu a emenda, apoiada pelo próprio autor do projeto, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que também preside a CCJ. O autor explicou que a modificação amplia o texto e ainda pode favorecer sanção da matéria, nos termos de entendimento firmado entre Jucá e o governo.


Desvio de função


Na justificação do projeto, Eunício observou que a aplicação dos recursos das multas em ações educativas é uma diretriz do próprio Código de Trânsito Brasileiro (CTB). No entanto, em todo o país, conforme assinalou, as receitas estão custeando pagamento com pessoal que atua na gestão e fiscalização do trânsito, tanto das unidades do Departamento de Trânsito (Detrans) quanto dos batalhões das polícias militares estaduais. Para o senador, isso é uma "distorção", pois desse modo as receitas deixam de cumprir a função de tornar o trânsito mais seguro.


Como as receitas servem para reforçar o caixa dos governos, Eunício afirma que as administrações se sentem ainda estimuladas a implantar a conhecida "indústria das multas". Além de esquemas de fiscalização mais rigorosos apenas para gerar recolhimentos, conforme o senador, essa indústria chega a recorrer a "ardis", exemplo de sucessivas alterações nos limites de velocidade das vias com o objetivo de surpreender "motoristas desavisados".

Palavras-chave: Receita; Uso; Trãnsito; Sinalização; Educação; Campanha; Multa

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Jacinto Sousa Neto Advogado16/11/2011 23:21 Responder

Louvável iniciativa no combate a mais uma ilegalidade pública e notória em nosso País, mormente porque as autoridades executiva e judiciária dos Estados e Municípios estavam cientes desse fato e nada fizeram para combater a \\\"indústria das multas\\\". Vale ressaltar, no entanto, que essas receitas não estavam beneficiando os Detrans, tampouco a Polícia Militar, e sim, as Guardas Municipais que continuam agindo como polícia de trânsito aplicando compulsivamente multas sem nenhum critério de legalidade, coordenadas por entidades de direito privado da administração indireta (autarquia municipal), como vem ocorrendo aqui em Aracaju/SE. E, por mais incrível que pareça não adiante ajuizar ação cível com o escopo de anular tais multas, pois, elas são tidas como legais pelos nossos Magistrados.

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