A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, que teve o pedido de fiança negado nesta quinta-feira pela Justiça russa, aparece em um vídeo divulgado pelo Greenpeace dizendo que teve vários direitos violados durante sua prisão e que considera “uma vergonha” que o mundo todo esteja vendo essas violações. O vídeo, de quase dois minutos, a ativista é filmada momentos antes de iniciar a audiência sobre o julgamento de seu pedido de fiança e declara que ama a mãe e o namorado. E que sente saudade dos dois, assim como da natureza.

Na gravação, a ativista porta um cartaz onde está escrito “Save the Arctic”. Ela também dá uma declaração, aparentemente a pedido do juiz, em que diz: “Eu gostaria de lembrar todas as violações que foram feitas contra a minha pessoa. E que é uma vergonha que o mundo veja que todas essas leis estão sendo violadas”. A frase é traduzida logo depois. O vídeo também mostra Ana Paula fazendo anotações durante a sudiência.

O vídeo mostra trechos da audiência, em que a bióloga está sendo auxiliada por uma intérprete. No vídeo também aparecem os advogados do Greenpeace e cenas em que a bióloga aparentemente ouve a sentença do juiz.

A mãe da ativista, Rosângela Maciel, lamentou a decisão da Justiça russa, mas disse que já esperava pela recusa do pedido de fiança na medida em que o Tribunal de Murmansk não havia deferido nenhuma das apelações da defesa.

- As decisões têm sido coerentes e está todo mundo (os 28 ativistas presos) na mesma situação. A gente tem esperança de que seja diferente porque é a nossa filha, mas não é. Mas não adianta se revoltar nem ficar com raiva: a Ana Paula vai sair dessa.

Rosângela também criticou a negativa do Tribunal em não autorizar que Ana Paula acompanhasse o julgamento do recurso fora da cela de segurança do tribunal, que tem a aparência de uma jaula:

- Apesar de ser uma norma (na Rússia), é ridículo. Sei que minha filha não é bandida.

Ela disse que ficou chocada na primeira vez em que viu Ana Paula dentro da gaiola, mas que agora já consegue abstrair as grades.

- Penso que a minha filha está numa janela e em liberdade - disse a mãe.

A Justiça russa determinou que todos os 28 ativistas e mais dois cinegrafistas que foram detidos no dia 19 de setembro permaneçam em prisão preventiva para averiguação até o dia 24 de novembro. Ainda não há processo formal contra nenhum deles. Na quarta-feira, o Comitê de Investigação Russo rebaixou a acusação dos ativistas do Greenpeace de pirataria para vandalismo, o que reduz a pena, em caso de condenação, de 15 anos para sete anos de prisão.

A prisão preventiva dos acusados pode ser prorrogada por mais 60 dias para novas investigações, mas Rosângela Maciel tem esperança de que tudo se decida dentro de um mês. É provável que, depois de acusados formalmente de algum crime, todos possam responder ao processo em liberdade.