Na 11ª sessão do julgamento de Saddam Hussein e seis de seus assessores nesta segunda-feira, o juiz Mohammed Majid al Khalifa voltou a expulsar o ex-ditador do tribunal após intensa discussão que pôde ser vista em versão censurada na televisão iraquiana. Na semana passada, o juiz á havia expulsado Saddam acusando-o de desacato.

A sessão faz parte do caso da Operação Anfal, nome da campanha de ataques maciços lançados pelo Exército iraquiano entre 1987 e 1988 contra a comunidade curda no norte do Iraque. Saddam e outros seis réus --entre eles seu primo Ali al Majid --conhecido como "Ali, o Químico"-- podem ser condenados à pena de morte pelos crimes.

Nesta segunda-feira, Saddam interrompeu as testemunhas e o magistrado em diversas ocasiões, alegando que o tribunal "não respeita a lei". Em resposta, o juiz disse ao ex-ditador o tribunal "é legítimo" e "respeita as regras internacionais". Ele disse ainda que devido ao fato de o tribunal ser legítimo, não é permitido interromper testemunhas [como Saddam tenta fazer], nem infringir as normas com qualquer pessoa na sala.

"Mantenha-se calado e deixe-me continuar minhas palavras", disse Khalifa visivelmente nervoso pelo tom desafiante de Saddam. Pouco tempo depois, o magistrado ordenou a expulsão do ex-ditador.

A sessão de desta segunda-feira foi boicotada por toda a equipe de defesa de Saddam, como protesto pela "intromissão do governo" no processo.

Segundo os defensores do ex-líder iraquiano, o governo de Bagdá destituiu o juiz anterior na semana passada depois que ele afirmou que Saddam "não era um ditador".

Saddam ainda aguarda o veredicto de um segundo processo contra ele, que durou nove meses e analisou as mortes de 148 xiitas em Dujail na década de 80, após uma suposta tentativa de assassinato contra o ex-ditador. Ele e outros sete réus podem ser condenados à morte.