Sobre as guerras na Palestina e no Brasil

Por Leonardo Sarmento.

Fonte: Leonardo Sarmento

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Direto ao ponto:


Brasil com a Presidência do Conselho de Segurança da ONU, na posição de membro rotativo apresentou uma resolução que interrompesse o estado de guerra declarado. Estava o Brasil porém, como dita a história desde os idos da Guerra Fria diante da "escolha de Sophia" entre atender aos interesses russos e aliados ou aos norte-americanos. Tentou-se negociar, mas como de costume uma das partes se sentiu menos privilegiada no texto, e vetou. No caso os EUA foi o discordante, que é um dos cinco membros permanentes com poder de veto, que posteriormente terá que ser justificado perante os membros da ONU.


A resolução foi aprovada por 12 voltos, houve a abstenção do Reino Unido e da Rússia e rejeitada pelos Estados Unidos, assim, com seu poder de veto como membro permanente, a resolução foi rejeitada pelo Conselho de Segurança da ONU.


Consabido, que os EUA fomentam nações com armamentos e dinheiro, e que a guerra não os assusta, desde que longe de seu território, dos seus domínios. 


Entendemos porém, que a proposta que contou com um quórum de aprovação expressivo não agradaria aos Eustado Unidos, mesmo antes de ser colocado para aprovação. Os Estados Unidos como aliado histórico e ativo de Israel não aprovaria a proposta se não houvesse expresso o direito de autodefesa de Israel. 


Estava assim evidente para bons entendedores que a proposta acabaria rejeitada, e apenas quanto ao quórum não haviam certezas. Foi em verdade uma proposta para "inglês ver", pois com razão, em se tratando da guerra em comento, onde há de um lado forças terroristas liderando ataques sem prévio aviso, o direto a autodefesa deveria sim estar expresso.


Na proposta constava ainda o fim do bloqueio a Faixa de Gaza, algo que também pode ter reforçado o veto Norte-americano, mas neste ponto entendo sem razões, já que o bloqueio configura uma atitude de guerra, de imposição de força, e quando se busca a paz concessões por ela devem ser efetivadas. Se este motivo também fomentou a rejeição dos Estados Unidos certamente saberemos a partir da justificativa que terão que dar fruto da rejeição à resolução.


Ainda no tocante a guerra, algo de foro doméstico tem chamado a atenção, e a partir passo a expor: 


Melhor Gaza, melhor uma Palestina em guerra declarada para alguns brasileiros, que o retorno ao Brasil? 


Assim vem entendendo alguns brasileiros em meio a sangreta e devastadora guerra. O Brasil comandado pelo poder de criminosos com e sem colarinho branco, que oportuniza em regra para uma elite diminuta, que segrega, vem sendo preterido por famílias brasileiras, e a guerra declarada entendida como uma opção mais digna de luta. 


Olhar e ver o poder como uno completamente corrompido apesar de viéses extremistas opostos atuando dentro do país, mas em conluio para um sistema de auto tutela referendado pelo Judiciário, gerido Executivo e legislado pelo Legistativo é perceber-se vítima de uma verdadeira guerra não declarada onde o povo não tem o direito de autodefesa, que mata muitos de fome e uma maioria de desesperança. Incontáveis civis despidos de poder e de dignidade, com semelhanças finaslisticas com as guerras declaradas, acabam dizimados por uma política cooptada que domina todas as instituições de poder constituído. 


A guerra contra um inimigo que não temos acesso nem defesa pode ser mais silenciosa, mas não menos cruel que as mais barulhentas protagonizadas por bombas. Defender-se de inimigos em luta para alguns é mais crível que enfrentar um sistema encastelado e inacessível, quando não se consegue lutar em uma democracia elitista repleta de censuras e privilégios em defesa de um poder cada vez mais intocável que se impõe. O dever de silêncio e a sujeição à indignidade enlutam famílias que veem cada vez mais seus direitos fundamentais restringidos pelo próprio Estado. A guerra por aqui se perfaz entre os indignos e cada vez mais sem poder de fala versos a elite detentora do poder e usurpadora do espírito democrático.


Leonardo Sarmento

Leonardo Sarmento

Professor constitucionalista

Professor constitucionalista, consultor jurídico, palestrante, parecerista, colunista do jornal Brasil 247 e de diversas revistas e portais jurídicos. Pós graduado em Direito Público, Direito Processual Civil, Direito Empresarial e com MBA em Direito e Processo do Trabalho pela FGV.


Palavras-chave: Guerras Palestina Brasil ONU

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