Paradoxum
Os paradoxos são questões que nascem na filosofia e permeiam diversas áreas das ciências com intrigantes questionamentos e discussões. A lógica é fundamental para tratar os paradoxos, pois ela nos permite analisar as afirmações e deduções com rigor e consistência. Ademais, é através da lógica que podemos identificar as contradições presentes nos paradoxos e avaliar se as premissas que os sustentam são verdadeiras ou falsas. Os paradoxos filosóficos continuaram a ser uma fonte de debate e reflexão ao longo dos séculos, com figuras como Aristóteles e Platão argumentando sobre a natureza da verdade e da realidade. Na Idade Média, a teologia e a filosofia foram fortemente influenciadas pelo pensamento de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que se concentraram na reconciliação entre a fé[1] e a razão
É
verdade que o paradoxo traz uma declaração, aparentemente, verdadeira, mas que
leva a uma contradição lógica, ou situação que contradiz o senso comum. É o
oposto do que se pode pensar ser a verdade.
A
etimologia do paradoxo traçada em textos oriundos do início da Renascença,
quando se deu acelerado pensamento científico na Europa e Ásia e que começou
por volta de 1500.
Em
suas primeiras formas utilizou-se a palavra latina paradoxum, mas também
são encontradas referências em textos em grego, como paradoxon
(entretanto, o latim é fortemente derivado do alfabeto grego, além de que ser o
português derivado do latim romano, com a adição das letras J e U.
O
prefixo - para quer dizer contrário a, alterado ou oposto de, conjugada
com sufixo nominal - doxa, que significa crença[2].
Dentro
do contexto da filosofia moral, o paradoxo tem protagonismo nos debates sobre
ética. Por exemplo, a admoestação ética
para "amar o seu próximo" não apenas contrasta, mas está em
contradição com um "próximo" armado tentando ativamente matar você:
se ele é bem sucedido, você não será capaz de amá-lo.
Mas,
atacá-lo preemptivamente ou restringi-lo não é usualmente entendido como algo
amoroso. Isso pode ser considerado um dilema ético. Outro exemplo, é o conflito
entre a injunção contra roubar e o cuidado para com a família que depende do
roubo para sobreviver.
Muitos
paradoxos dependem de uma suposição essencial: que a linguagem (falada, visual
ou matemática) modela de forma acurada a realidade que descreve.
Na
mecânica quântica, muitos comportamentos paradoxais podem ser observados (o
princípio da incerteza de Heisenberg[3], por exemplo) e alguns já
foram atribuídos ocasionalmente às limitações inerentes da linguagem e dos
modelos científicos.
Alfred
Korzybski[4], que fundou o estudo da
Semântica Geral, resume o conceito simplesmente declarando que, "O mapa
não é o território".
Um
exemplo comum das limitações da linguagem são algumas formas do verbo
"ser". "Ser" não é definido claramente (a área de estudos
filosóficos chamada ontologia ainda não produziu um significado concreto) e
assim se uma declaração incluir "ser" com um elemento essencial, ela
pode estar sujeita a paradoxos.
W. V.
Quine (1962) distingue três classes de paradoxos (In: Quine, W. V.
(1962) "Paradox". Scientific American, abril de 1962,):
Os
paradoxos verídicos produzem um resultado que parece absurdo embora seja
demonstravelmente verdadeiro. Assim, o paradoxo do aniversário de Frederic na
opereta The Pirates of Penzance[5]
estabelece o fato surpreendente de que uma pessoa pode ter mais do que N anos
em seu N-ésimo aniversário.
Da
mesma forma, o teorema da impossibilidade de Arrow[6] envolve o comportamento de
sistemas de votação que é surpreendente, mas, ainda assim, verdadeiro.
Os
paradoxos falsídicos estabelecem um resultado que não somente parece falso como
também o é demonstravelmente – há uma falácia da demonstração pretendida. As
várias provas inválidas (e.g., que 1 = 2) são exemplos clássicos, geralmente
dependendo de uma divisão por zero despercebida. Outro exemplo é o paradoxo do
cavalo.
Um
paradoxo que não pertence a nenhuma das classes acima pode ser uma antinomia,
uma declaração que chega a um resultado autocontraditório aplicando
apropriadamente meios aceitáveis de raciocínio. Por exemplo, o paradoxo de
Grelling-Nelson[7]
aponta problemas genuínos na nossa compreensão das ideias de verdade e
descrição.
Uma
breve lista de paradoxos, a saber:
Paradoxo
do enforcamento inesperado: Um paradoxo sobre as expectativas de uma
pessoa sobre o momento de um evento futuro (por exemplo, um prisioneiro a ser
enforcado ou um teste de escola) que ocorrerá em um momento inesperado.
Paradoxo
da implicação: Premissas inconsistentes sempre resultam em
argumentos válidos.
Paradoxos
de distribuição: Alguns sistemas de distribuição de
representantes ou deputados podem dar resultados contra-intuitivos.
Paradoxo
do Paradoxo: Um paradoxo que se contradiz a si mesmo, em
contradição ao conceito de paradoxo que diz ser o oposto da verdade. Logo se um
paradoxo contradiz um paradoxo, ele contradiz o contrário da verdade, ou seja,
ele contradiz o contraditório já contradito pelos seus argumentos contrários.
Médias
– o conceito matemático de média, seja definido como média ou mediana, leva a
aparentes resultados paradoxais, por exemplo, é possível que ao mover um artigo
da Wikipedia para o Wiktionary, o tamanho médio de uma entrada
aumente em ambos os sites, o fenômeno Will Rogers[8].
Teorema
da impossibilidade de Arrow/Paradoxo da votação/Paradoxo de Condorcet: Você
não pode ter todos os atributos ideais de um sistema de votação ao mesmo tempo.
Paradoxo
de Banach–Tarski: Corte uma esfera em 5 (cinco) partes, monte
as peças, e obtenha duas esferas, ambas do mesmo tamanho da primeira.
Paradoxo
do aniversário: Em uma sala com 23 (vinte e três) pessoas, a
chance de que pelo menos duas tenham a mesma data de aniversário é maior que
50%. Este resultado parece surpreendente para muitos.
Paradoxo
de Borel: Funções de densidade probabilística condicional não são
invariantes sob transformações de coordenadas.
Paradoxo
de Burali-Forti: Se os números ordinais formassem um conjunto,
ele seria um número ordinal menor do que ele próprio.
Paradoxo
do elevador: Combinando as observações de um morador da
cobertura com um morador do térreo a respeito de um mesmo elevador, chega-se à
conclusão que "os compartimentos" deste estão sendo construídos no
meio do prédio e destruídos na cobertura e no térreo.
Paradoxo
de Galileu: Embora a maioria dos números não sejam quadrados, não há
mais números que quadrados.
Corneta
de Gabriel ou trompete de Torricelli[9]: um
objeto simples com volume finito, mas com uma área de superfície infinita.
Igualmente, o conjunto de Mandelbrot e vários outros fractais[10] têm área finita, mas
perímetro infinito.
Paradoxo
de Hausdorff: Há um subconjunto contável C de uma esfera S
tal que S\C é equuidecomponível em duas cópias de si mesmo.
Paradoxo
do Grand Hotel de Hilbert: Mesmo que um hotel com
infinitos quartos esteja completamente cheio, ele ainda pode receber mais
hóspedes.
Problema
de Monty Hall[11]: Uma
consequência contra-intuitiva da probabilística condicional.
Paradoxo
do corvo (ou Os Corvos de Hempel): Observar um não-corvo
vermelho aumenta a probabilidade de que todos os corvos sejam negros.
Paradoxo
de Richard: Uma lista completa de definições dos números reais não
existe.
Paradoxo
de Simpson: Uma associação em subpopulações pode estar revertida na
população em si. Aparentemente, quando dois conjuntos de dados suportam
separadamente a mesma hipótese, unidos eles suportam a hipótese inversa.
Paradoxos
da ação
Paradoxo
de Abilene: Pessoas agem em contradição com o que realmente querem
fazer e, portanto, acabam removendo a chance de conseguir o que queriam em
primeiro lugar.
Asno
de Buridan: Como uma escolha racional pode ser feita entre duas
possibilidades de igual valor?
Paradoxo
de Condorcet[12]:
Agentes racionais podem tomar decisões coletivas irracionais.
Paradoxo do hedonismo: Quando alguém persegue a felicidade, esse alguém é miserável; mas, quando alguém persegue outro objetivo, ele atinge a felicidade.
Paradoxos
epistemológicos
Paradoxo
da loteria: Uma pessoa pode acreditar, de cada número, que o mesmo
não será sorteado na loteria, ao mesmo tempo em que acredita que um número
destes será sorteado na loteria.
Paradoxo
do avô: Viaja-se no tempo para o passado e impede-se que esta
mesma viagem seja feita, ou elimina-se a existência de quem viajou.
Paradoxos
metafísicos
Paradoxo
de Epicuro: A existência do mal é incompatível com a existência de um
Deus bondoso e, ao mesmo tempo, onipotente. (Vide teodiceia[13].)
Paradoxo
da pedra: Pode Deus criar uma pedra que não consiga levantar?
Paradoxos
falsídicos
Estes
são os paradoxos que dão resultados incorretos baseados em um raciocínio
sutilmente falso.
Paradoxo
de Epiménides: Um cretense diz: "Todos os cretenses são
mentirosos". (Mas veja também o paradoxo do mentiroso, uma antinomia.)
Paradoxo
dos cavalos: Todos os cavalos são da mesma cor.
Paradoxo
do enforcamento inesperado: O dia do enforcamento deve ser um dia
inesperado; portanto, ele não pode acontecer de forma alguma ou não será uma
surpresa. (Similar ao paradoxo do mentiroso, uma antinomia.)
Paradoxos
de Zeno[14]:
Quando você chegar ao local onde a tartaruga está, ela já terá avançado um
pouco, de modo que você nunca será capaz de alcançá-la.
Recomendo
a leitura de artigo jurídico brilhante de Isaac Epstein intitulado O paradoxo
de Condorcet e a crise da democracia representativa. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ea/a/GmwJCwtv8cXHbJT5tGPmTCz/ Acesso em 12.11.2023.
Afinal,
existe sistema político perfeito? Nesse meio século se revelaram resultados
indesejáveis que poderá ocorrer quaisquer que sejam os sistemas escolhidos.
Vale a
pena refletir sobre a direção cíclica e frágil do modelo democrático. Se as
transformações do fazer político são emergentes, far-se-á necessário também
desconfiar das soluções fáceis aos problemas sociais, já que essas, não raro,
são revestidas por um caráter autoritário, hierárquico e fascista.
Há um
novo elemento na construção das democracias, para o bem ou para o mal, que são
os espaços virtuais de tratativas, debates da conjuntura e campanha. Tal qual às eleições brasileiras de 2018
(posteriores à escrita de Castells), a corrida presidencial de Trump, o Brexit
ou o caso do espanhol.
Podemos,
o que há em comum, respeitando as muralhas ideológicas que os distinguem, é que
o uso de múltiplas frentes de plataformas virtuais, que transferem o debate
político ao ciberespaço e deixam as mídias tradicionais em segundo plano.
Sem
dúvidas, Sócrates é uma das figuras mais enigmáticas da história da filosofia.
Há muitos mistérios sobre Sócrates e que sobreviveram sem solução. Dentre as
muitas perguntas sobre ele, há: O que Sócrates quer dizer quando diz que não
sabe? Essa afirmação de negação do conhecimento, deu-se o nome de Paradoxo
Socrático.
Sem
dúvidas, Sócrates é uma das figuras mais enigmáticas da história da filosofia.
Há muitos mistérios sobre Sócrates e que sobreviveram sem solução. Dentre as
muitas perguntas sobre ele, há: O que Sócrates quer dizer quando diz que não
sabe? Essa afirmação de negação do conhecimento, deu-se o nome de Paradoxo Socrático.
O
paradoxo socrático é de origem epistêmica e que curiosamente não fora
aparentemente percebido por seus ouvintes e interlocutores nos diálogos.
Sócrates apresentou uma posição aparentemente inconsistente, que é formada pela
afirmação de duas ideias que parecem ser contraditórias.
“Só
sei que nada sei”.[15] A primeira ideia é que
Sócrates nada sabe, coloca-se como ignorante sobre assuntos fundamentais,
afirma desconhecer as virtudes. De aporexia em relação ao conhecimento, no
entanto, ao mesmo tempo, demonstrou, uma quantidade grande de conhecimento
usado para desconstruir as teses dos que julgam conhecer a natureza das
virtudes.
Questiona-se é possível experimentar a chuva sem saber explicá-la, seria possível experimentar a virtude sem saber justificá-la?[16] Não é nem pela via divinatória e nem pela experiência que Sócrates afirmou ter graves razões para defender que mais vale sofrer uma injustiça do que praticá-la.
Referências
ARISTÓTELES.
Órganon. Tradução de Eduardo Bini. 2. ed. Bauru: EDIPRO, 2010.
BERISTÁIN,
Helena. Diccionario de retórica y poética. Ciudad del México:
Editorial Porrúa, 1995.
CHERUBIM,
S. Dicionário de figuras de linguagem. São Paulo: Pioneira, 1989.
DAMO,
Homero. O Paradoxo Socrático: A Ideia de Saber Que Nada se Sabe. Griot:
Revista de Filosofia. v.12. n.2, dezembro /2015.
DO
AMARAL, Ilana Viana. O "conceito" de Paradoxo (constantemente
referido a Hegel) Fé, história e linguagem em S. Kierkegaard. Disponível
em: https://tede.pucsp.br/bitstream/handle/11788/1/Ilana%20Viana%20do%20Amaral.pdf
Acesso em 12.11.2023.
EPSTEIN,
Isaac. O paradoxo de Condorcet e a crise da democracia representativa. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/ea/a/GmwJCwtv8cXHbJT5tGPmTCz/ Acesso em 12.11.2023.
FIORIN,
J. L. Figuras de retórica. São Paulo: Contexto, 2014.
FRAGA,
Olívia. O que é um paradoxo? Paradoxos são expressões numéricas ou verbais com
uma contradição interna - verdadeiras charadas de lógica. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-um-paradoxo
Acesso em 12.11.2023.
HOLANDA,
Aurélio Buarque. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1975.
MEYER,
Michel. O filósofo e as paixões: esboço de uma história da natureza humana. Tradução
de Sandra Fitas. Lisboa: ASA, 1994.
MOTA,
José Maurício; HOFF, Paulo M. Fenômeno de Will Rogers: O que Todo Médico
Deve Saber. Disponível em: https://www.anm.org.br/wp-content/uploads/2021/10/2021-09-anm-anais-volume-192-3-pag-167-173.pdf
Acesso em 12.11.2023.
Paradoxos.
Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2018. Disponível em:
https://plato.stanford.edu/entries/paradoxes/. Acesso em 12.11.2023.
PERELMAN,
Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica.
Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2005.
PLATÃO.
Apologia de Sócrates / Rio de Janeiro Tecnoprint.
________.
A república: texto integral / São Paulo: Martin Claret , 2006.
________.
Diálogos: o banquete; Fedon; sofista; politico / 2. ed. São Paulo: Abril Cultural 1983.
QUINE,
W. V. (1962) "Paradox". Scientific American, abril de 1962.
REBOUL,
O. Introdução à retórica. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
SALVAGNU,
Julice. Ruptura: a crise da democracia liberal. Manuel Castells, Zahar,
Rio de Janeiro, Brasil, 2018.
TRINGALI,
D. Introdução à retórica: a retórica como crítica literária. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1988.
WOODS,
John. Os paradoxos da Lógica. São Paulo: Perspectiva, 2017.
Notas:
[1]
A universal verdade do trágico diante das relações da eticidade. E, considerar
a fé como sendo a síntese entre o universal e a sua dissolução. A contradição
absoluta traduzida pelo paradoxo, ou seja, esta supõe que aquele mesmo que
forma mesmo que em personas, ele mesmo realiza, retoma e repete o movimento da
fé que ele expõe e, isso a despeito de que ele diga o que tenha a dizer, ou
exatamente o contrário. A contradição mais absoluta diante do mais elevado dos
movimentos, do alta das paixões, é a determinação a partir da qual apenas, é
possível que esta descreva também os demais tipos de relação com a existência,
as paixões, menos altas, estéticas ou éticas, pois o que permite a exposição de
tais tipos é o fato deles serem pensados a partir da referência absoluta ou da
contradição total que apenas aquele que fez o movimento da fé poderá alcançar.
[2]
Segundo Abbagnano (1998), paradoxo também pode ser definido como um sistema de
crenças, contrárias a opinião da maioria.
Aristóteles, em Refutações sofísticas (cap. 12), considera a redução de
um discurso a uma opinião paradoxal como o segundo fim da Sofística (o primeiro
é a refutação, ou seja, provar a falsidade da asserção do adversário). Bernhard
Bolzano intitulou Paradoxos do infinito (1851) o livro no qual introduziu o
conceito de infinito como um tipo especial de grandeza, dotado de
características próprias, e não mais como limite de uma série. [...]. No
sentido religioso, chamou-se Paradoxo a afirmação dos direitos da fé e da
verdade do seu conteúdo em oposição às exigências da razão (ABBAGNANO, 1998,
p. 742).
[3]
O princípio de incerteza de Heisenberg pode ser enunciado como segue: não
podemos determinar simultaneamente, com precisão arbitrária, a energia de uma
partícula e o instante de tempo no qual ela tem essa energia. O princípio da
incerteza é um dos pilares da Mecânica Quântica. Esse fundamento afirma que a
posição e a velocidade de um corpo não podem ser conhecidas simultaneamente com
total precisão. Os conceitos de incerteza podem ser divididos em quatro grupos:
incertezas subjetivas, incertezas do tipo keynesiano, incertezas de Knight e as
expectativas racionais.
[4]
Alfred Habdank Skarbek Korzybski (1879 - 1950), foi um engenheiro, cientista,
matemático e filósofo conhecido por ter desenvolvido a teoria da semântica
geral. A obra de Korzybski culminou na fundação da disciplina que chamou de
"semântica geral". Como disse explicitamente, a semântica geral não
deve confundir-se com a semântica, uma disciplina diferente. Os princípios
básicos da semântica geral, que incluem o time-binding, estão traçados
em Science and Sanity, publicado em 1933. Em 1938 Korzybski fundou o
Instituto de Semântica geral, que dirigiu até à sua morte. A essência da obra
de Korzybski é a declaração de que os seres humanos estão limitados no seu
conhecimento pela estrutura do seu sistema nervoso e pela estrutura das suas
línguas. Os seres humanos não podem experimentar o mundo diretamente, só
através das suas abstrações (impressões não verbais que provêm do sistema
nervoso e indicadores verbais que provêm da língua). Por vezes as percepções e
a língua confundem o homem que crê que são os factos com os quais deve lidar. O
entendimento humano do que está a passar-se carece em ocasiões de similaridade
de estrutura com o que está realmente a passar-se. Colocou ênfase nos
benefícios de treinar a consciencialização da abstração usando técnicas que
tinha obtido do seu estudo da matemática e da ciência. Chamou a esta
consciencialização, meta do seu sistema, "consciência da abstração".
O seu sistema trata de modificar a maneira na qual os humanos lidam com o
mundo.
[5]
The Pirates of Penzance, or The Slave of Duty (Os Piratas de Penzance,
ou O Escravo do Poder - Brasil; O Rei dos Piratas - Portugal) é uma ópera
cômica em dois atos, com música de Sir Arthur Sullivan e texto de W. S.
Gilbert. Foi apresentado pela primeira vez no Teatro da Quinta Avenida em Nova
York, em 31 de dezembro de 1879. A estreia europeia foi em 3 de abril de 1880
em Londres, onde foi executado 363 vezes.
A história diz respeito a
Frederico, que, tendo completado 21 anos, é libertado de seu aprendizado para
um bando de piratas de coração terno. Ele conhece as filhas do major-general
Stanley, incluindo Mabel, e os dois jovens se apaixonam instantaneamente.
Frederico logo descobre, no entanto, que nasceu no dia 29 de fevereiro e, por
isso, tecnicamente, faz aniversário apenas uma vez a cada ano bissexto. Sua
escritura especifica que ele permanecerá aprendiz dos piratas até seu
"vigésimo primeiro aniversário", o que significa que ele deve servir
por mais 63 anos. Vinculado por seu próprio senso de dever, o único consolo de
Frederico é que Mabel concorda em esperá-lo fielmente. Pirates foi a
quinta colaboração de Gilbert e Sullivan e introduziu a muito parodiada "Major-General's
Song". A ópera foi executada por mais de um século pela D'Oyly Carte
Opera Company na Grã-Bretanha e por muitas outras companhias de ópera e
companhias de repertório em todo o mundo. Produções modernizadas incluem a
produção da Broadway de Joseph Papp em 1981, que teve 787 apresentações,
ganhando o Tony Award de Melhor Revival e o Drama Desk Award de Melhor
Musical, e gerando muitas imitações e uma adaptação cinematográfica de 1983.
Pirates continua popular hoje, tomando seu lugar junto com The Mikado e H.M.S.
Pinafore como uma das óperas mais frequentemente tocadas de Gilbert e
Sullivan.
[6]
O Teorema da impossibilidade de Arrow é um teorema atribuído ao economista
estadunidense Kenneth Arrow, geralmente aplicável aos sistemas de votação. Ele
reflete o fato de que a agregação de ordens de preferência individuais não
produz uma ordem de preferência coletiva obedecendo, todas, a certos critérios
desejáveis.
[7]
O paradoxo Grelling-Nelson aponta problemas genuínos na nossa compreensão das
ideias de verdade e descrição. Basicamente, este paradoxo trabalha com duas
palavras inventadas, heterológica (palavra que não descreve a si mesmo) e
autológica (palavra que descreve a si mesmo). O Paradoxo de Grelling-Nelson é
um paradoxo semântico e autorreferencial formulado em 1908 por Kurt Grelling e
Leonard Nelson, às vezes erroneamente atribuído ao filósofo e matemático alemão
Hermann Weyl. É, portanto, ocasionalmente chamado "Paradoxo de Weyl",
bem como "Paradoxo de Grelling". É bastante análogo a vários outros
paradoxos bem conhecidos, em particular, o Paradoxo do barbeiro e o Paradoxo de
Russell.
[8]
Will Rogers era notabilizado por sua irreverência e talento cômico, brincando
literalmente com tudo que estava ao seu alcance. Viveu durante grande depressão
econômica bem no início da década de 1930, observou a intensa migração de
pessoas das cidades interioranas para as grandes capitais. É atribuída a ele a frase: “When the Okies
left Oklahoma and moved to California, they raised the average intelligence
level in both states” [em tradução livre: quando os naturais de Oklahoma
saíram de lá e mudaram-se para a California, eles aumentaram a média do nível
de inteligência nos dois estados]. A conclusão de Rogers parte de três premissas
fundamentais, que estão implícitas em sua piada: (i) a média de inteligência
entre os californianos seria menor que a média da inteligência das pessoas de
Oklahoma; (ii) as pessoas de Oklahoma que migram teriam menor inteligência
comparada ao seu grupo de origem; e (iii) as pessoas de Oklahoma que migram
teriam maior inteligência comparada aos californianos. Mas qual a relação disso
tudo com a Medicina? Foi apenas em 1985 que Alvan Feinstein e coautores
cunharam o termo “Fenômeno de Will Rogers” para descrever o viés resultante de
mudanças na classificação diagnóstica. Nesse artigo, duas cortes de pacientes com
câncer de pulmão foram analisadas: pacientes tratados em 1977 (N=131) e pacientes
tratados entre 1953 e 1964 (N=1266). Os autores notaram um aumento de sobrevida
global em todos os subgrupos da coorte mais recente quando comparada à mais
antiga. Mantendo um saudável ceticismo necessário à boa ciência, os autores não
atribuíram simplesmente seus resultados a avanços médicos do tempo mais
moderno, como por exemplo, o uso de esteroides, antibióticos, e cuidados
hospitalares em geral. Ao contrário, os autores demonstraram que o aumento
observado na sobrevida desses pacientes era irreal, um mero artefato secundário
as mudanças na classificação dos pacientes antes considerados como
não-metastáticos para metastáticos. Esse fenômeno de migração de estágio
ocorreu em decorrência do uso de métodos radiológicos mais sensíveis para
detectar doença metastática.
[9]
O infinito é um conceito que por muitas vezes desafia nossa intuição e nos faz
cometer erros, pois temos a ideia que o infinito está necessariamente ligado a
algo ilimitado. No Cálculo Diferencial e Integral, por exemplo, definimos
integral definida f x d x ba considerando uma função f contínua num intervalo
fechado e limitado [a,b]. Porém, em algumas aplicações nos deparamos com casos
em que o intervalo é infinito ou a função f tem uma descontinuidade infinita no
intervalo. Nesses dois casos, temos uma integral imprópria. Indícios desse
problema já foram observados, no século XVII, onde em 1641, o físico e
matemático italiano Torricelli notou que uma área infinita, se submetida a uma
rotação em torno de um eixo de seu plano, pode às vezes fornecer um sólido de
revolução de volume finito. Algo infinito pode gerar algo finito?! Isso
desencadeia uma controvérsia sobre a natureza do infinito e gera um verdadeiro
paradoxo. Um desses fascinantes sólidos de revolução é a Trombeta de Gabriel ou
de Torricelli que é gerado a partir de uma hipérbole equilátera e podemos
enunciar como o Paradoxo do Pintor e a Trombeta de Gabriel: “Se uma área
infinita, limitada pela hipérbole xy = 1, a reta x = 1 e o eixo das abscissas é
girada em torno do eixo, o volume do sólido gerado com essa rotação é finito.
Dado que tal área é infinita, seria necessária uma quantidade infinita de tinta
para poder pintá-la, porém, bastaria uma quantidade finita de tinta para poder
preenchê-la, uma vez que o volume é finito.” De modo intuitivo, poderíamos
enchê-la de tinta, mas nem toda tinta do mundo poderia pintar sua superfície.
Sem dúvida um exemplo contraintuitivo que envolve o infinito. De posse disso, o
presente trabalho deseja apresentar através do Paradoxo do Pintor e a Trombeta
de Gabriel uma abordagem para o ensino de integrais impróprias tanto para
alunos do Ensino Superior, quanto para alunos do Ensino Médio que desejam
aprofundar os seus estudos de Cálculo. Para isso, fazemos um resgate de
conteúdos como comprimento de curva, área de superfície de revolução, volume de
um sólido de revolução e hipérbole.
[10]
Os fractais são formas geométricas que possuem um padrão interessante em sua
construção, formando figuras muitas vezes bonitas e intrigantes. Em um fractal,
cada parte é similar ao todo. A área da Matemática que estuda os fractais é
conhecida como Geometria dos fractais, que analisa as propriedades e o
comportamento das figuras de alta complexidade. Existem vários tipos de
fractais, os mais comuns são os geométricos e os aleatórios. Os fractais estão
presentes na natureza, como ramificações das árvores, flocos de neve, entre
outros. Também existem vários exemplos de fractais em nosso corpo, como os
vasos sanguíneos e os alvéolos pulmonares.
[11]
A resposta intuitiva ao problema é a que quando o apresentador revelou uma das
portas não-premiadas, o concorrente passaria a ter à frente um novo dilema, com
apenas duas portas e um prêmio, portanto as chances de o prêmio estar em
qualquer uma das duas portas passaria a ser de 50%.
[12]
O problema fundamental contido no paradoxo de Condorcet envolve o desafio de
conciliar interesses e identidades diferentes em um processo político coletivo,
sem comprometer os valores democráticos como liberdade, igualdade política e
direitos inatos. Destaca-se que o governo representativo não é apenas um
procedimento, mas deve estar direcionado para o bem comum e o bem da
comunidade. Procedimentos seguros de agregação de preferências individuais não
são suficientes se o processo político não estiver voltado para algo
transcendente, como o bem comum.
[13]
Teodiceia é a tentativa de justificar Deus, tanto a sua existência como
atributos (sobretudo bondade e onipotência), diante dos males presentes no
mundo. Teodiceia é um termo derivado do título da obra Ensaio de Teodiceia do
filósofo alemão Leibniz, que sustenta a existência de Deus a partir da
discussão do problema da existência do mal e de sua relação com a bondade de um
Deus onisciente e onipotente. O termo teodiceia provém do grego θεός - theós,
"Deus" e δίκη - díkē, "justiça", que significa,
literalmente, "justiça de Deus", sendo uma área da filosofia que,
entre outras coisas, busca uma resposta ao Paradoxo de Epicuro e ao
"problema do mal". Após o Holocausto, vários teólogos judeus
desenvolveram uma nova resposta ao problema do mal, às vezes chamada de
anti-teodicéia, que afirma que Deus não pode ser justificado de forma
significativa. A Teodiceia é um termo filosófico que se refere à tentativa de
conciliar a existência de Deus com a existência do mal e do sofrimento no
mundo. É uma área de estudo que busca responder à pergunta: como pode um Deus
bom e todo-poderoso permitir a existência do mal? A palavra “teodiceia” é
derivada do grego “theos” (Deus) e “dike” (justiça), e foi
cunhada pelo filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz no século XVIII.
[14]
Segundo o filósofo grego Zenão ou Zeno, por mais rápido que Aquiles se movesse,
ele jamais conseguiria ultrapassar a tartaruga. O paradoxo formulado por Zenão
é o seguinte: cada vez que Aquiles percorre determinada distância num espaço de
tempo, a tartaruga já percorreu uma outra distância. Se Aquiles se movimentar
mais um tanto para alcançar a tartaruga, terá que se defrontar com o fato de
que a tartaruga já terá percorrido mais um tanto, por menor seja. Esse fato se
repetirá indefinidamente. Por mais que Aquiles corra, sempre haverá um espaço a
separá-lo da tartaruga. As conclusões de Zenão contrariam o senso comum, que
aponta para uma vitória esmagadora de Aquiles, é claro. Mas o que Zenão estava
fazendo era demonstrar que o movimento dos objetos é um fenômeno irreal e
contraditório, consistindo sempre em mera ilusão dos sentidos. Formulando essas
demonstrações a respeito do movimento, Zenão estava ajudando seu amigo, o
filósofo Parmênides, a desenvolver suas demonstrações das leis do movimento.
[15]
Sócrates nunca disse “só sei que nada sei”. Muito menos defendia ser um
ignorante. O que o filósofo fez foi redefinir o que significa sabedoria. A
partir dele, ser sábio passou a ser alguém que busca entender os limites do
próprio conhecimento, ao invés de querer ser um erudito que de tudo declara
saber.
Acredita-se que tenha
surgido originalmente em textos escritos em latim, como em "ipse se
nihil scire id unum sciat" de Cícero, ou em Nicolau de Cusa com
"scio me nihil scire" e "scio me nescire". É
possível que seja, então, uma paráfrase de um texto grego antigo, encontrada
apenas em latim e vertida na contemporaneidade para o grego catarévussa como
"[ἓν οἶδα ὅτι] οὐδὲν οἶδα", (lê-se: [hèn oîda hóti] oudèn oîda).
Logo, esse problema teria surgido já na época da tradução latina, muito
provavelmente por utilizarem apenas o verbo scire (saber, entender) para
traduzir palavras distintas do grego, como (syn)eidénai, epístamai, gignṓskein,
sophía e sophós. O dizer está relacionado com o relato de Querefonte sobre
a resposta da sacerdotisa (pítia), no Oráculo de Delfos, em relação à questão
"quem é o homem mais sábio da Grécia?". Essa consulta foi narrada por
Platão em sua Apologia e por outro discípulo de Sócrates, Xenofonte, em um
outro texto também chamado Apologia. No entanto, nesse último relato é dito
apenas que ninguém seria mais justo, livre e sensato que Sócrates, não
aparecendo a palavra 'sábio.