Lorota pífia

Considerações da colunista Gisele Leite sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU.

Fonte: Gisele Leite

Comentários: (0)




O discurso na abertura na 75ª Assembleia Geral da ONU, o presidente não nos poupou de suas bizarrices habituais e, rompeu com a tradicional e preciosa neutralidade em face da eleição nos EUA e rasgou-se em elogios ao Donald Trump. Aliás, há muito tempo o presidente alinhar agendas com os EUA e estreitar as relações com Trump.

Isso sem contar o combate a tal cristofobia, num país como nosso que é expressamente laico em sua Constituição Federal.

O presidente, ex-capitão do exército brasileiro, reivindicou a autoria do auxílio emergencial de seiscentos reais para os vulneráveis. Mas, foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia que majorou o valor para quinhentos reais, e no final, o governo finalmente concordou em estabelecer em seiscentos reais, numa explícita manobra de concessão política aos parlamentares.

Aliás, desdenhou publicamente no número de óbitos, para nesse mesmo discurso lamentar pelas mortes... Acho que agora ele deixou de ser o Messias, conforme um chiste dele exarado em manifestação pública de desafeto.

Contabiliza-se que vinte por cento o território do Pantanal fora atingido pelas queimadas e, ainda, registra-se mais 28% de queimadas no mês de junho na Amazônia. Mesmo diante de tão trágicos registros, o atual presidente brasileiro não se convence da seriedade do dano ambiental. E, ainda, alega que existem campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal. Desinformado parece ser o presidente brasileiro.

O discurso do Bolsonaro da ONU nos envergonha e, transferiu a responsabilidade das queimadas na Amazônia e Pantanal aos caboclos e indígenas. As queimadas tem origem humana e não natural.

Exalando um preconceito inconcebível. Muitas críticas surgiram principalmente apontando as inverdades e desinformação da parte do (des) governo atual. É constrangedor seu discurso. Apesar do grave dano ambiental, alega que são inevitáveis, chancelando definitivamente a sua ineficiência e sua patente negligência.

Sucateou-se e desmantelou-se todo o sistema de fiscalização e amparo a preservação do meio ambiente, além da precariedade das políticas públicas relacionadas à preservação do meio ambiente.

É bom esclarecer que as comunidades indígenas estão distantes dos focos de queimadas e de desmatamento. A tecnologia permite comprovar através de satélites e outros mecanismos que os atos criminosos estão relacionados com o interesse de ampliar pastos para implementar a pecuária e outras explorações econômicas.

Aliás, Ricardo Galvão ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais, Inpe, fora demitido após divulgar dados que mensuram o desmatamento do Brasil. Esse mesmo diretor foi reconhecido como o cientista do ano (2019) pela revista científica Nature.

O Ministro do Meio Ambiente Ricardo de Aquino Salles é mero zumbi no cargo desde que fora escalado o General Mourão (vice-presidente) para ser o ministro de fato do Meio Ambiente.

Aliás, desde de junho de 2020, o Ministério Público Federal pede o afastamento de Salles do cargo do Ministro do Meio Ambiente. Atualmente, já responde a ação de improbidade administrativa por dar proteção deficiente ao bem jurídico (meio ambiente) e, ainda, promover a desestruturação de políticas ambientais e o esvaziamento de preceitos legais. Vide no link a petição: http://www.mpf.mp.br/df/sala-de-imprensa/docs/aia-salles-1). E, o pior que tal improbidade pode acarretar efeitos possivelmente irreversíveis.

Mas, foi apenas mais uma lorota pífia! O discurso revela novamente apenas o negacionismo de sempre. A propósito, é conveniente salientar que mesmo florestas úmidas incendeiam e que os satélites da NASA oferecem fonte fidedigna e científica da ocorrência do dano ambiental.


Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: CF Discurso Jair Bolsonaro Assembleia Geral da ONU

Deixe o seu comentário. Participe!

colunas/gisele-leite/lorota-pifia

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid