Funeral da verdade

Crônica por Gisele Leite.

Fonte: Gisele Leite

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O mundo contemporâneo é estranho, afinal, qualquer ideia concreta e objetiva da verdade é ridicularizada, principalmente, no âmbito sociopolítico. Num oceano de teorias da conspiração e ideologias que já estavam totalmente desacreditadas e, que retornaram e voltaram a ter voz e adeptos, questionando os mais basilares alicerces da ciência. Infelizmente a sedução pelas crenças é mais forte que a veracidade dos conceitos científicos. E, pior validam os nossos próprios preconceitos.

Eis que Michiko Kakutani uma crítica literária do jornal The New York Times por quase quatro décadas, vencedora do Prêmio Pullitzer, explicou como as forças culturais contribuíram tanto para tamanha catástrofe do tempo contemporâneo.

E, que reverbera pelas redes sociais, na literatura, na TV, no mundo acadêmico ou na política, onde já identificamos a tendência que colocam a subjetividade sobre um pedestal em detrimento da realidade, da ciência e de valores comuns.

Em pleno descaso pelos fatos, diante da substituição da razão pela emoção e da corrosão da linguagem que diminuem o próprio valor da verdade, o que esperar do futuro? A obra intitulada "A morte da verdade" deixa claro seu tema em seu subtítulo que é "notas sobre a mentira na Era Trump” e sua motivação é explanada em sua dedicatória, in litteris: Para os jornalistas em todo o mundo que trabalham para noticiar os fatos”.

São nove capítulos que podem ser lidos de maneira independente, com títulos como “As novas guerras culturais”, “O desaparecimento da realidade”, “Propaganda e fake news” e “Filtros, bolhas e tribos”. Tendo sido publicado em 2018, o livro aborda as práticas de Donald Trump nas eleições de 2016, bem como as estratégias de comunicação em sua administração, iniciada em 2017.

O livro trata de fenômenos que vão além das fronteiras americanas, como as práticas de agentes cibernéticos russos em diversas eleições ao redor do mundo e a tendência de políticos autoritários criarem narrativas desestabilizadoras da imprensa, da ciência e das instituições políticas democráticas.

 Eis a descrição do livro: “A Morte da Verdade: Notas Sobre a Mentira na Era Trump”;  Autora: Michiko Kakutani;  Tradução:  André Czarnobai e Marcela Duarte;  Editora: Intrínseca; Ano de publicação: 2018.

Em "A Morte da Verdade", seu primeiro livro publicado após mais de trinta e quatro anos de labuta nas redações de Manhattan, a autora cria uma narrativa histórica para explicar a si mesma como os EUA permitiram que Trump vencesse a eleição. A tese principal é que chegamos ao clímax do relativismo moral e epistemológico que contamina o pensamento ocidental nos últimos anos.

A verdade objetiva, tal como a conhecíamos, foi deformada e isto afetou todos os estratos culturais da América. Não à toa, o resultado foi nada mais, nada menos que a ascensão de Trump e de uma direita alternativa que põe em risco tudo o que Kakutani acredita ser o fundamento da democracia — o debate sem preconceitos e a liberdade de expressão irrestrita, justamente porque eles manipulam a realidade conforme seu desejo de poder.

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Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: Funeral da Verdade Crônica

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