Fim de uma era
Por Gisele Leite.
Depois
de setenta anos de reinado, a morte da Rainha Elizabeth II acontece justamente
em uma encruzilhada econômica no Reino Unido. Em um dos derradeiros atos da
monarca foi dar posse à nova primeira-ministra Liz Truss, que tem o desafio de
finalizar o Brexit e provar que a economia inglesa poderá se reabilitar fora da
União Europeia. Caberá, ainda, a premiê reverter a atual crise energética
urgente e a desvalorização da moeda.
Enfim,
o temido e sempre adiado fim do reinado inglês foi recebida com comoção a morte
da Rainha Elizabeth II, faleceu no Castelo de Balmoral, na Escócia, uma de suas
propriedades favoritas.
Seus
quatro filhos, Charles (o novo rei, doravante Charles III) de 73 anos, Anne de
72 anos, Andrew de 62 anos e Edward de 58 anos que estavam viajando para ficar
em companhia da mãe. Também os netos se dirigiam ao mesmo lugar, os príncipes
William, de 40 anos e Harry de 37 anos. Esse último e Megham deixaram de fazer
parte dos membros ativos da família real em janeiro de 2020, quando se mudaram
para os EUA, em meio de boatos de desentendimentos entre os familiares.
Ainda
no início de 2022, a Rainha contraiu a Covid-19 e relatou que após a doença passou
a ficar muito cansada e exausta. E, desde março apresentava problemas na
mobilidade tanto que chegou comprar carrinho de golfe para auxiliá-la em sua
locomoção.
Foi
uma monarca ativa durante todo o seu reinado, mas começou se afastar da cena
pública apenas recentemente. Em junho de 2022, deixou de participar do evento
em comemoração aos setenta anos de seu reinado, o Jubileu de Platina, pois, de
acordo com o Palácio de Buckingham, ela teria sentido um desconforto.
No mês
seguinte, reduziu as aparições oficiais. E, o outro compromisso da rainha
preciso ser desmarcado devido aos problemas de saúde que fora em forma de
reunião virtual com os ministros.
A
primeira-ministra desabafou que a Rainha era "a pedra na qual o país foi
construído" e destacou que a nação inglesa cresceu e floresceu sob seu
reinado. Enfim, é uma grande perda. Seu reinado foi marcado pela serenidade e
firmeza que demonstrava não apenas diante da família, mas também com os várias
gerações de políticos.
Sua
atuação inspirou o país mesmo em tempo difíceis da Segunda Guerra Mundial, com
Churchill, até a recente convulsão do Brexit. Superou o desmantelamento do
Império britânico ao longo de todo século XX, a Guerra Fria, os swinging
sixties dos Beatles, o fim do comunismo, a volta do liberalismo sob
Thatcher e o renascimento de Londres nos anos de 2000.
Manteve-se
como figura central e simbólica de Ocidente democrático, consagrando a união de
sucesso da modernidade com a tradição secular. Teve manifestações de massa de
afeto em seus jubileus, o de prata, ouro e diamante que testemunharam o
especial lugar que a Rainha ocupou. Quinze primeiros-ministros que a serviram,
demonstraram seu profundo conhecimento, experiência em assuntos mundiais e
domínio da neutralidade política.
Jamais
deixou se abalar com os escândalos tais como as possíveis traições de seu
marido, quando jovem, o seu filho Andrew envolvido em escândalos sexuais e, até
mesmo o explosivo relacionamento de Charles e Diana, a princesa que rivalizou
em popularidade com a Rainha e, acarretou a maior crise da família real
inglesa.
Um dos
poucos deslizes cometidos foi fazer um discursos sobre a pobreza bem ao lado de
um piano feito de ouro. A fortuna da Rainha sempre era alvo de especulações,
mas nunca oficialmente informada, mas, o patrimônio total da Coroa Britânica é
de US$ 28 bilhões.
Liz
Truss herdará a hercúlea tarefa de consolidar a saída do Reino Unido da União
Europeia, ou seja, o Brexit. O que criou um desafio econômico que deverá ser
enfrentado com as promessas de renovação econômica doravante livre das amarras
burocráticas do bloco europeu, o que ainda não se concretizou.
Ao
revés, o Brexit causou dificuldades ainda não superadas e, a pandemia de
Covid-19 paralisou a economia, ainda que tenha mostrado ao mundo a excelência
da ciência britânica que foi a primeira vacina criar e Londres foi a primeira
cidade do mundo a se vacinar.
Também
a guerra da Ucrânia agravou a situação e acarretou crise energética grave, que
se tornou um problema imediato do novo governo. Resultando na aumento da taxa
de juros, a desvalorização da libra e a alta da inflação em proporções
históricas e, que apontam os firmes obstáculos que estão à frente.
O
funeral da Rainha em toda sua solenidade serve para trazer sentimento de
continuidade, confiança e agradecimento. O Rei Charles III que aliás, demonstra
estar despreparado para o reinado, pois consegue se irritar com uma simples
caneta tinteiro, com seus robustos dedos em formato de “salsicha” (sintoma de
dactilite, inflamação dos dedos das mãos que atinge tendões e articulações).
Rei
Charles III se irritou com tinta vazada de caneta: “Não suporto essa maldita
coisa” O Rei Charles III se irritou com uma caneta em 13.09.2022, por causa de
uma tinta que vazou enquanto ele escrevia o nome no livro de visitantes do
Castelo de Hillsborough, na Irlanda do Norte.
O
Reino Unido precisará reencontrar ou reconstruir sua identidade diante da morte
da Rainha Elizabeth II. Desde a era
vitoriana, da tataravó da Rainha, que tanto marcou a humanidade do século XIX, foi
um tempo em que a ciência triunfou, a democracia liberal se disseminou e a
economia industrial deslanchou, dando assim os primeiros passos para a
globalização que veio a se consolidar no século seguinte.
A
morte da Rainha encerra um grande capítulo de grandes transformações de uma
monarca mais longeva após Luis XIV, da França, e que se transformou em um ícone
da cultura ocidental sendo respeitada por súditos e admirada em todo o mundo,
até mesmo, por seus opositores.
Ao
morrer, a Rainha Elizabeth II, deixa o Reino Unido para Charles III que terá a
laboriosa tarefa de rivalizar seu recém-reinado com a insuperável e
incontestável estatura de sua mãe.