Espetáculo e o Exército de Messias

Por Gisele Leite.

Fonte: Gisele Leite

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Nos comentários sobre audiência da televisão brasileira, há o boato que o Big Brother Brasil foi substituído pela CPI da Covid, apesar de ser brincadeira, existe um lado, infelizmente, que confirma ser verdade. A audiência da TV Senado dobrou e, o canal da Globonews passou a liderar a audiência nacional no horário das audiências. Não obstante, a preocupação cívica, republicana e democrática, há positivamente un grand spetacle...

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, prestou depoimento à CPI da Covid e, desmentiu o General Pazuello, ao afirmar que o Presidente da República efetivamente atrasou a compra da vacina CoronaVac. Covas também enxerga a necessidade de mais de uma dose para vacinas contra a Covid.

Quando um depoente vai de mal a pior, aparece a tropa do Presidente da República, capitaneada pelo “filho 01”, então o foco da atenção muda pois, alaridos e intervenções são realizados para dispersar o foco das atenções.

Em 1960, a escritora francesa Guy Debord lançou livro intitulado "A Sociedade do Espetáculo", onde um novo grupo de cientistas sociais estava redescobrindo sua ideia de espetáculo e, mostrando que o problema se tornou ainda mais grave. Vitimada restou a democracia, afinal é do debate público que dependem tantas vidas.

Logo depois de publicar seu livro “A sociedade do espetáculo”, Guy Debord fez um filme com o mesmo nome (1973) no qual retoma todos os procedimentos do cinema de agitprop desenvolvido na Rússia revolucionária por gente como Eisenstein, ao mesmo tempo em que faz avançar tanto as propostas dos seus antecessores quanto as que enunciou no livro, que foi pensado entre outras coisas como uma intervenção no debate estético-político francês.

Espetáculo é ao mesmo tempo uma relação social e a relação interpessoal mediada por imagens. É o modelo atual da vida que domina na sociedade. É a justificação total das condições e dos objetivos do sistema capitalista. O espetáculo se traduz em ser o discurso ininterrupto que a ordem atual faz a respeito de si mesma. É um monólogo laudatório. Começa no pseudo-diálogo da vida cotidiana e familiar, desenvolve-se na vida econômica, é cultivado metodicamente na universidade e constitui o oxigênio dos meios de comunicação.

O espetáculo é a ideologia por excelência, porque expõe e manifesta em sua plenitude a essência de todo o sistema ideológico: o empobrecimento, a subordinação e a negação da vida real.

Novamente, ignorando decisão passada em reconhecer a competência concorrente dos Estados e Municípios, o Executivo federal, representado pelo Presidente da República, através da AGU propôs ação direta de inconstitucionalidade no STF contra as medidas de restrição social e lockdown decretado em diversos Estados como Pernambuco, Paraná e Rio Grande do norte.

E, no pedido, a AGU sustenta que é necessário garantir a convivência de direitos fundamentais como, por exemplo, o de ir e vir, de trabalho, à vida e à saúde.

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, confirmou o entendimento de que as medidas adotadas pelo Governo Federal na Medida Provisória (MP) 926/2020 para o enfrentamento do novo coronavírus não afastam a competência concorrente nem a tomada de providências normativas e administrativas pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. A decisão foi tomada em 15.04.2020, em sessão realizada por videoconferência, no referendo da medida cautelar deferida em março pelo ministro Marco Aurélio na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6341.

A recente participação do General Pazuello em ato político de Bolsonaro constitui o novo drama para o Exército, pois o Ministro do Exército está como elucidou Eliane Castanhede, no pior dos mundos, o perde o cargo ou perde a autoridade.

Sinceramente, acredito que perderá os dois, independentemente do desfecho do imbróglio. Teme-se, que tal impasse acarrete a renúncia do Comandante-mor do Exército. O vice-presidente, o general da reserva, Hamilton Mourão é visceralmente contra e, afirmou que a regra tem que ser aplicada para evitar a anarquia nas Forças Armadas.

Em sua defesa, o General e ex-ministro da Saúde afirmou que não violou o Estatuto das Forças Armadas e, afirmou que apenas participou do passeio motociclístico, devido ao grande apreço que tem por seu superior, o Presidente da República.

Resta evidente que a quebra da disciplina interna no Exército está incitando um subordinado a quebrar o cumprimento da lei e, intimidando seus superiores a não o punir, conforme já ocorreu anteriormente.

Aliás, assim o fez, Hugo Chávez na Venezuela. Enfim, finalmente, o Exército de Caxias tornar-se-á o Exército de Jair ou de Messias.

É preciso manter cautela diante do discurso da sociedade do espetáculo é falacioso, enganador, impostor, sedutor, insidioso e capcioso. Em tempo, em 28.05.2021 o país registrou 2.130 óbitos por Covid-19 e 65.672 novos casos da doença.

Totalizam-se 456.753 mortes e 16.341.112 infectados. Enfim, a média móvel de óbitos nesses últimos setes dias ficou em 1.766, completando 126 dias acima de mil vítimas fatais.


Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: Espetáculo Exército de Messias Audiência TV Big Brother Brasil CPI da Covid

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