Viúva desmente Waldomiro em depoimento

Segundo a viúva, "nunca faltou nada" em sua casa, e a família tinha "todo o conforto". Ela classificou de "lamentável" a declaração de Waldomiro de que pediu o dinheiro para o seu marido.

Fonte: Folha de S.Paulo, no Rio

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A viúva do publicitário Armando Dile, Vera Lúcia Estorino, negou ontem que seu marido tenha passado por dificuldades financeiras em 2002, quando foi gravada a fita em que o ex-subchefe da Casa Civil Waldomiro Diniz aparece pedindo propina ao empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Waldomiro afirma que o 1% que pediu a Cachoeira era em benefício de Dile, que passava por "dificuldades" financeiras. O publicitário morreu de aneurisma cerebral, em dezembro de 2002.

Vera Lúcia prestou depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa do Rio que investiga a gestão de Waldomiro na presidência da Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), de fevereiro de 2001 a dezembro de 2002. Dile foi consultor de Waldomiro no órgão e, em 2002, teria sido contratado como assessor de Cachoeira.

Segundo a viúva, "nunca faltou nada" em sua casa, e a família tinha "todo o conforto". Ela classificou de "lamentável" a declaração de Waldomiro de que pediu o dinheiro para o seu marido.

Em depoimento à CPI, em 13 de abril, o ex-assessor do Planalto chegou a ficar com os olhos marejados ao afirmar que cometera "um pecado" ao tentar "ajudar um amigo, Armando Dile", pedindo a Cachoeira 1% do valor do contrato de R$ 168 milhões entre a Loterj e a Combralog (consórcio do qual o empresário é sócio).

Depois, sobre sua amizade com o publicitário, Waldomiro disse que mantinha com Dile uma "relação cordial, profissional". Vera Lúcia diz que Dile e Waldomiro não eram amigos, embora o marido tivesse pelo então presidente da Loterj "admiração e respeito".

Vera Lúcia afirmou aos deputados que "não era atenta" ao trabalho do marido e que "não sabia quanto ele ganhava" nem para quem exatamente prestava consultoria. Disse que apenas ouviu falar de Carlos (sem a menção ao apelido de Cachoeira).

A viúva confirmou que seu marido esteve na Coréia, país sede da Picosoft, que compõe o consórcio Combralog, onde ficou "quase um mês". Segundo ela, Dile foi ao país a serviço da Loterj.

Ela confirmou também que Dile tinha conta no banco suíço UBS, que teria sido aberta pela Novartis, empresa suíça na qual trabalhou como executivo até setembro de 2001. A conta era para depósitos de "participação nos lucros da empresa", segundo Estorino. A viúva afirmou que só tomou conhecimento da conta ao receber uma correspondência após a morte do marido.

Segundo o presidente da CPI, deputado Alessandro Calazans (PV), as informações prestadas por Waldomiro "estão totalmente fora de sintonia com os depoimentos" de outras testemunhas.

O caso

Waldomiro começou a ser investigado após a divulgação, em fevereiro último, do vídeo de 2002 que o mostra pedindo a Cachoeira propina e contribuições para as campanhas da atual governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB, à época no PSB), e de sua adversária na ocasião, Benedita da Silva (PT). Na época, Waldomiro presidia a Loterj. Quando o caso veio à tona, ele foi demitido "a pedido" do governo federal.

O advogado de Waldomiro, Luiz Guilherme Vieira, disse que ele não se pronunciará sobre nenhuma declaração da viúva de Armando Dile "em respeito a ela e aos filhos, que tanto sofreram com a perda do pai".

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