Depois de comprar a prazo um DVD e uma impressora, a fonoaudióloga Flávia Viegas decidiu investir no guarda-roupa, aproveitando o aumento de cerca de 20% na sua renda mensal. A melhoria na situação financeira de Flávia e seus hábitos de consumo sintetizam o comportamento do varejo este ano. Pela Pesquisa Mensal do Comércio de setembro, divulgada ontem pelo IBGE, as vendas cresceram 8,87% frente ao mesmo mês de 2003, contra 6,95% de agosto, no décimo mês consecutivo de alta. No ano, o movimento real (descontado o efeito da inflação) aumentou 9,32% e, nos últimos 12 meses, de 6,72%.

? Minha renda aumentou R$ 400 por mês. O número de consultas cresceu este ano ? conta Flávia.

Técnico afirma que vendas de Natal devem ser melhores

Até setembro, as vendas de setores beneficiados pelo crédito, como móveis e eletrodomésticos, vinham em alta. Em setembro, no entanto, houve uma mudança no quadro de vendas. As taxas do setor de bens duráveis ficaram menores ? 20,32% em setembro contra 28,8% em agosto ? enquanto cresceram mais as vendas de setores como o de roupas (4,05% contra -1,10% em agosto) e de alimentos (9,17% em setembro frente 3,84% do mês anterior).

? A queda no desemprego e o aumento da massa salarial provocaram uma mudança no perfil de expansão das vendas. Houve desaceleração nos ramos voltados para o crédito, o que é natural diante do limite das famílias para comprometimento da renda ? explicou Nilo Lopes de Macedo, técnico da Coordenação de Comércio e Serviços do IBGE.

Macedo afirma que, diante do comportamento das vendas até setembro, tudo indica que o Natal deste ano será bem melhor que o do ano passado. Em dezembro de 2003, as vendas foram 3,21% maiores. Essa certeza acompanha o gerente da loja de roupas Taco, no NorteShopping, Marcus Vinicius Voi. Ele projeta alta de 20% nas vendas este ano:

? Aumentamos o nosso estoque em 30%.