Estamos na primeira semana do ano, mas as contas não dão férias a ninguém. O IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) é o primeiro a aparecer na caixa de correio. Logo depois será a vez do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

O IPVA é imposto estadual, e o IPTU, imposto municipal. As alíquotas variam de acordo com cada Estado e Município, bem como os descontos oferecidos para pagamento antecipado. E em meio a tantas contas, fica a dúvida: será que vale a pena aproveitar o desconto, ainda que pareça tão pouco?

Pague depressinha

Se o contribuinte foi previdente e guardou o dinheiro aplicado para esta ocasião, a resposta é "sim", mesmo que o desconto para pagamento à vista seja de 3% como no IPVA de São Paulo e de Minas Gerais. Se chegar a 10%, como no Rio de Janeiro, a ordem é pagar à vista bem depressinha. O mesmo raciocínio vale para o IPTU cujo desconto para pagamento à vista é de 6% no caso da cidade de São Paulo.

Quem explica o motivo é o diretor da Ordem dos Economistas do Brasil e professor de Matemática Financeira José Vieira Dutra Sobrinho. Segundo ele, as aplicações em renda fixa têm rendido no máximo, já tirando o Imposto de Renda, cerca de 0,9% ao mês. As cadernetas de poupança rendem um pouco menos, 0,7% ao mês. Ainda que o dinheiro ficasse aplicado, não obteria o valor do desconto, que é de 3%, no caso de São Paulo.

Vamos supor que você seja proprietário de um carro em São Paulo cujo valor do IPVA seja de R$ 900. Se pagar à vista terá um desconto de 3%: desembolsa R$ 873 e economiza R$ 27. Parece muito pouco, não? Mas ainda menos você obterá se deixar o dinheiro aplicado na renda fixa ou na poupança, pois terá de desembolsar imediatamente R$ 300 e o que vai ficar na aplicação irá render menos do que o desconto.

Pego empréstimo?

A situação muda de figura se você não tiver dinheiro algum e ainda tiver que entrar no cheque especial para pagar a conta. Como as taxas desta linha de crédito costumam ultrapassar os 8% ao mês, a conta vai ficar bem mais alta. Se houver uma previsão de entrada de dinheiro em fevereiro, será melhor deixar para pagar tudo de uma vez, sem desconto, no segundo mês do ano.

Se o dinheiro estiver curto demais e for preciso recorrer a um empréstimo, procure as linhas mais em conta, como crédito consignado e pessoal. Fuja das financeiras, cheque especial e financiamento do cartão de crédito, cujas taxas podem alcançar 15% ao mês.

Pior opção

Mas a pior opção é pagar com atraso. A multa é de 20% mais juros de mora, pesada demais. Um dos riscos de parcelar o imposto é justamente esse, lembra o professor Dutra. "Muitas vezes as pessoas pagam a primeira parcela e se esquecem de pagar as outras, o que acaba deixando a conta ainda mais cara. Se tiver dinheiro na mão, meu conselho é liquidar de uma vez." (Sophia Camargo)