As avaliações dos analistas políticos que levam em conta o número de eleitos e a votação por partido tendem a perder validade em pouco tempo: a migração de políticos de um partido para outro, que ocorre amiúde, altera profundamente a correlação de forças políticas, violando a manifestação das urnas. Para corrigir essa distorção, voltam à cena os apelos para que a fidelidade partidária seja praticada no Brasil.

? Em termos de partidos políticos não há mais anarquia que no Brasil. Enquanto não tivermos vida partidária com um mínimo de seriedade, não teremos uma vida política com o máximo de seriedade ? reclama o senador Pedro Simon (PMDB-RS).

A consultora legislativa do Senado Eliane Cruxên Maciel atribui à troca de partidos o enfraquecimento da representatividade da democracia brasileira por não respeitar a vontade do eleitor.

? O voto dado a um partido é indiretamente transferido para outro, alterando a representação sem consulta ao eleitor e promovendo o afastamento entre o sistema partidário eleitoral e o sistema partidário parlamentar.

A consultora observa que as mudanças de partido viraram solução para problemas dos políticos, como convenções perdidas, chances de eleição reduzidas, conflitos pessoais ou falta de recursos para projetos. Neste último caso, a possibilidade de liberação de recursos pelo Executivo explica o aumento das bancadas governistas, principalmente logo após as eleições.

? Deputados migram em busca de melhores alternativas para maximizar as chances de sucesso na carreira política, tendo em vista que a mudança não acarretará custos ? avalia a consultora.