TELECATCH
Os quarentões certamente se lembram de Ted Boy Marino dando uma voadora em Fantomas naquelas lutas de araque da TV dos anos 70.
Os quarentões certamente se lembram de Ted Boy Marino dando uma voadora em Fantomas naquelas lutas de araque da TV dos anos 70. Eram os chamados telecatchs, onde ganhava quem deixava o adversário na lona. Era tudo combinado, claro, mas era a sensação da época.
Pois acho que estamos vendo os Telecatchs outra vez: Martha dá uma voadora no Serra, que responde com uma tesoura. Gongo. Estranho...
Não deveríamos estar atentamente verificando as propostas de cada candidato para tornar nossas vidas melhores?
Mas o que se vê é xingamento, baixaria e um processo de desconstrução que chega a ser desrespeitoso para nós, eleitores.
Eu não tenho mais saco para ver candidatos focando na pretensa incompetência de seus concorrentes e tentando vencer a eleição não por seus méritos, mas por evitar que as pessoas votem no seu adversário.
O esquema é o do "ganha o menos pior".
Sempre digo que temos duas opções para encarar a vida. Uma é usar a visão crítica, quando discutimos, analisamos e usamos a lógica. A outra é usar a visão criativa, quando exploramos, desenhamos e percebemos as coisas.
A visão crítica é baseada na negação. A criativa é na ins-pi-ra-ção.
Dá pra sacar a diferença?
Eu gostaria imensamente de ver uma campanha eleitoral baseada nainspiração...mas não.
O que temos são patrulhas transformando até boas idéias e realizações em ações mal intencionadas ou exemplos de incompetência.
O que é que passa pela sua cabeça quando, depois de ouvir que José Serra foi um dos mais competentes ministros da saúde, vê a campanha do PT transformá-lo no mais incompetente ocupante daquele cargo?
E quando você vê o "projeto belezura" da Martha transformando a cara de São Paulo para, em seguida, ouvir dos adversários que aquilo é dinheiro mal aplicado, corrupção e falta de foco?
As patrulhas não deixam reconhecer um bom trabalho, se ele foi executado pela oposição. Não se discute o mérito da idéia ou obra, mas quem a fez.
Tente elogiar o trabalho dos militares na infra-estrutura de comunicação e estradas brasileiras nos anos de chumbo...Tente elogiar a decisão de Collor de acabar com a reserva de mercado e a lei de informática...
O resultado é a confusão na cabeça dos eleitores. Todos candidatos passam a ser ruins. Nada do que fazem é bom. Ninguém presta.
Não sabem os candidatos pocotós que, ao escolher o caminho do confronto e da destruição, transformam-se em vítimas de suas próprias estratégias.
Destroem a classe política, alimentam a desconfiança, reduzem as expectativas e enterram a esperança.
Esperança. Aquela mesma que um dia venceu o medo...
Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Visite o site www.lucianopires.com.br.