Maioria dos brasileiros não sabe usar matemática no dia a dia
SÃO PAULO - Apesar do nível de analfabetismo absoluto em matemática ter diminuído um pouco nos últimos dois anos, é grande o número de brasileiros que têm dificuldade em fazer algum tipo de conta.
SÃO PAULO - Apesar do nível de analfabetismo absoluto em matemática ter diminuído um pouco nos últimos dois anos, é grande o número de brasileiros que têm dificuldade em fazer algum tipo de conta. Segundo pesquisa do Instituto Paulo Montenegro, que pertence ao Ibope, 77% dos brasileiros não dominam habilidades matemáticas em tarefas cotidianas.
Apesar de apenas 2% da população brasileira ser completamente analfabeta em matemática, 29% dos brasileiros só conseguem ler preços, ver a hora, anotar números de telefone e verificar calendários. Em 2002, o percentual de analfabetos em matemática era de 3% e o grupo que só sabe o mínimo somava 32%.
Um outro grupo, formado por 46% dos brasileiros, consegue ler números grandes (mil, milhões, bilhões) e fazer comparações de preços de produtos. Se necessário, conseguem dar troco. Neste caso, o percentual aumentou, pois em 2002 era de 44%.
Piorou também o número de pessoas capazes de ler e entender gráficos divulgados na mídia, atingindo 23%, contra 21% da pesquisa anterior.
- É pequeno o índice de pessoas que consegue ler gráficos publicados na mídia e que são capazes de resolver problemas que exigem mais de um passo - afirma Maria da Conceição Ferreira Reis Fonseca, consultora do Instituto Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf) e professora da Universidade Federal de Minas Gerais.
Segundo a educadora, as principais dificuldades são leitura de gráficos e tabelas, execução de problemas que exigem mais de um passo e cálculo proporcional, como, por exemplo, saber quanto é 80% de um metro de fita.
Na avaliação dela, as escolas precisam trabalhar com mais consistência na educação das pessoas, para facilitar o desenvolvimento de problemas considerados simples. Segundo ela, os alunos precisam ter condições de ser mais críticos em relação as informações que recebem.
Maria da Conceição defendeu o uso de calculadoras na sala de aula para elevar a produtividade dos alunos. Ela ressaltou que a população recebe no dia a dia informações que seriam mais bem analisadas se tivesse uma calculadora por perto.
- A calculadora é um grande mito e encontra muita resistência nas escolas, entre professores, alunos e na própria família. Mas verificamos na pesquisa que quem consegue usar uma calculadora adequadamente se dá melhor - diz ela.
Na pesquisa, os homens foram melhores em matemática do que as mulheres. Isso ocorre porque o trabalho deles é mais ligado a atividades que necessitam de cálculos. A parcela da população masculina que atinge o nível mais elevado de alfabetismo matemático é significativamente superior ao da parcela de mulheres neste nível: 65%, contra 49% das mulheres.
A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 30 de junho, com 2002 pessoas de 15 a 64 anos de idade, em todos os estados do país. O questionário pediu as condições sócio-culturais e as atividades realizadas no dia-a-dia.