O presidente Lula reagiu ontem (13), pela primeira vez, à carta do seu antecessor Fernando Henrique Cardoso aos militantes do PSDB. "Nem vi. Eu não tenho tempo a perder com FHC", disse ele, numa conversa informal com jornalistas no Itamaraty, informa a jornalista Eliane Cantanhêde, na edição desta quinta-feira (14) da Folha de S. Paulo.

O presidente não havia respondido até ontem sobre a carta de FHC, na qual o ex-presidente o responsabiliza pela "podridão reinante" no país. O tucano disse ainda que "sobra moral a (Geraldo) Alckmin e falta a Lula". Abordado por jornalistas enquanto tomava café após o almoço com o primeiro-ministro da Índia, Manmoham Singh, no Itamaraty, o petista disse que não falaria nada, mas depois falou duas vezes, visivelmente irritado com FHC.

"FHC é o único ex-presidente que não sabe se comportar como ex-presidente". E ironizou: "Eu não posso fazer nada". Com 22 pontos à frente de Alckmin, com 50% a 28%, conforme o Datafolha, Lula desdenhou os ataques: "Não tenho maiores preocupações. Vamos aguardar o dia 1º de outubro".

Lula também foi duro com um ex-aliado, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), que ameaça pedir seu impeachment. "Ele (Freire) nem é candidato a deputado federal. Você acha que ele teria coragem de ser candidato a deputado? Ele se pendurou como suplente do Jarbas (Vasconcelos, governador de Pernambuco pelo PMDB)." O petista continuou: "Na última eleição (2002), o Jarbas entregou todos os currais para ele (Freire). E ele foi o último colocado nas eleições".

Perguntado se o governador Aécio Neves (PSDB-MG), que tem mais de 70% das intenções de voto, seria um parceiro para seu eventual segundo mandato, Lula disse: "Ele é uma parceria hoje já".