Lei de Execução Penal atualizada deve ser proposta em 60 dias

Comissão poderá receber sugestões dos cidadãos e realizar audiências públicas com especialistas

Fonte: Senado Federal

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Com o objetivo de aprimorar a Lei de Execução Penal e ajudar a desafogar o sistema prisional brasileiro, o presidente do Senado, Renan Calheiros, instalou nesta quinta-feira (4) comissão especial de juristas para propor a atualização da Lei 7.210/1984, que trata do cumprimento da sentença e dos meios para a reintegração à sociedade. O colegiado terá 60 dias para apresentar um anteprojeto de lei.


Presidida pelo ministro Sidnei Beneti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a comissão é integrada também pelos juristas Carlos Pessoa de Aquino, Denis de Oliveira Praça, Edemundo Dias de Oliveira Filho, Gamil Foppel, Maria Tereza Uille Gomes e Marcellus Ugiette.


Segundo Beneti, a comissão especial poderá receber sugestões dos cidadãos em geral e também realizar audiências públicas com especialistas no assunto e interessados da sociedade.


Na cerimônia, Renan Calheiros disse que os presídios brasileiros estão superlotados, problema que passa por uma Lei de Execução Penal que privilegie em sua aplicação a adoção de penas alternativas e meios efetivos de ressocialização do preso.


"O Brasil tem uma das maiores massas carcerárias do mundo. São 500 mil presos e 500 mil mandados de prisão que não são cumpridos. É uma questão que precisa ser enfrentada. A pena privativa de liberdade deveria ser adotada nos casos indispensáveis. A lei deve ser rigorosa sem perder de vista a humanidade", disse Renan Calheiros.


Reincidência


O presidente também ressaltou em seu discurso que a atualização da LEP deve estar coordenada com iniciativas que estimulem a educação do preso e consequentemente iniba a reincidência no crime. Ele disse que é inadmissível o índice de ex-detentos que retornam ao sistema prisional.


"Hoje, de cada 10 pessoas, sete retornam aos presídios. Precisamos de condições para evitar isso",  assinalou.


Outro problema que precisar ser resolvido, na opinião do presidente do Senado, é o elevado custo do sistema carcerário. Um dos caminhos possíveis, segundo Renan, é a adoção de parcerias público-privadas na administração de penitenciárias, a exemplo do que já ocorre no presídio de Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).


"É preciso tornar o sistema mais eficaz, reduzir custos com presídios e custos sociais - disse, lembrando que o Brasil gasta hoje cerca de R$ 40 mil por ano com cada presidiário, três vezes mais do que o governo investe por estudante de nível superior", acrescentou.
 

Burocratização


O ministro Sidnei Beneti apontou a excessiva burocratização criada pela Lei de Execução Penal como um dos principais desafios a serem enfrentados pelos juristas. Segundo o jurista, também é preciso definir penas alternativas de fácil execução.


"É preciso dinamizar o sistema de aplicação da Lei de Execução dentro dos tribunais. Ela cria uma enorme quantidade de atos praticados pelos juízes, pelas partes, pelos defensores e isso se repete em grande quantidade, provocando uma verdadeira multidão de processos. Há varas de execução com mais de 100 mil processos, de maneira que gera outros problemas como a impessoalidade do tratamento do caso", disse.


Para Beneti, a adequada aplicação da LEP pode ajudar a  acabar com uma sensação de impunidade existente na sociedade. Segundo o jurista, é preciso garantir a segurança da população ao mesmo tempo em que são respeitados os direitos dos presos.


"O objetivo é preservar o ser humano que está preso ou sentenciado, que é alguém que passa a ter sua vida nas mãos do estado, e  preservar o ser humano que tem direito de viver em uma sociedade sem tamanha quantidade de pessoas perigosas soltas", observou.


Reformas


Proposta pelo senador José Sarney (PMDB-AP), a comissão da Lei de Execução Penal se soma a outras formadas nos últimos anos para colaborar no processo de atualização da legislação brasileira. O novo colegiado funcionará nos mesmos moldes das já instituídas no Senado com propósito semelhante, como as encarregadas de propor as mudanças nos códigos Penal, de Processo Penal, de Processo Civil, de Defesa do Consumidor, além da Lei de Arbitragem e Mediação

Palavras-chave: Juristas Proposta Atualização Lei Execução Penal

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5 Comentários

IOLANDA advogado05/04/2013 20:20 Responder

Está mais do que na hora. Rever principalmente o excesso de que ocorrem nas unidades prisionais das chamadas \\\"faltas graves\\\" que impedem durante o prazo de 1 (um) ano do reeducando obter benefícios. Esses tipos de faltas administrativas deverão ser mais fiscalizadas, a fim de evitar-mos os excessos ocorridos. Criar mais vagas para que os reeducandos consigam trabalhar nas unidades prisionais, principalmente do Estado do Rio de Janeiro. Pois muito deles querem se classificar para remir suas penas, porém têm que esperar na fila. Cabeça vazia, é oficina do mal.

CONCEIÇÃO ARAUJO agropecuarista05/04/2013 22:45 Responder

Não posso entender o que vão rever numa lei que nunca foi cumprida a contento. A lei de execuções penais, pelo menos no Piaui, só existe no papel. A mudança que se faz necessária nesse momento no Brasil, não é na LEP. A mudança é em outro ponto e ninguém nesse momento, nem Executivo, nem judiciário, nem legislativo, estão em condição de fazê-la. O BRASIL está perdendo a soberania a passos largos, só não vê quem é cego.

Adherson Negreiros Tejas Servidor Público08/04/2013 16:45 Responder

Penso o seguinte: Essa Lei de Execuções Penais tem que ser revista sim, para melhor, no sentido de produzir mudanças na vida do interno enquanto lá estiver, não somente segregação cautelar, por tantos anos, pra depois começar usufruir benefícios da progressão. Penso que, mesmo aqueles que são condenados a pena privativa de liberdade, deveria haver alternativas para que o interno pudesse remir sua pena, mais acesso a cultura, aos cursos profissionalizantes, mais integração da sociedade e do próprio Estado na sua multe forma de poder ajudar esse interno e sua família, dando assistência através de política pública voltado para a ressocialização desse interno. Certamente estaria dando um novo rumo, um novo sentido para essa vida.

NATANAEL ARAUJO ADVOGADO09/04/2013 0:14 Responder

ANTES DE MUDAR, E É PRECISO URGENTE, TEM-SE QUE CORRIGIR A JÁ EXISTENTE. VEJAM: PARA SE REQUERER UMA PROGRESSÃO TEM-SE QUE ESPERAR PASSAR A DATA QUE CONSTA NO LEVANTAMENTO DE PENAS; COM ISSO, O CIDADÃO FICA MAIS 06, 08 OU ATÉ MAIS DE ANO PARA O JUIZ APRECIAR O PEDIDO; É UM ABSURDO. DEVERIA SER AUTOMÁTICO. O ADVOGADO PODERIA REQUERER ANTECIPADAMENTE, JUNTANDO O QUE SE DEVE, E NA DATA EXATA O CIDADÃO TERIA A SUA PROGRESSÃO COMO DETERMINA A LEI; SÓ COM ISSO JÁ SERIA UM GRANDE AVANÇO; CLARO QUE PRECISA EVOLUIR E ATUALIZAR, PORÉM SÓ ESTOU LEMBRANDO DESSE DETALHE QUE NINGUÉM FALA, PORQUE NÃO ADIANTA SÓ NO PAPEL, TEM QUE SER NA PRÁTICA.

Fátima Analista Judiciario09/04/2013 8:13 Responder

Penso que para os réus primários, com bons antecedentes, a prisão deveria ser domiciliar. Hoje o estado já dispõe do monitoramento eletrônico. Esta prática iria desonerar o Estado e as famílias. Estas muitas vezes tem que se deslocar milhares de quilômetros, sem recursos, na tentativa e recuperar seu membro familiar que se encontra acautelado. Outra possibilidade seria o cumprimento da pena nos seus respectivos municípios, com desempenho de atividades úteis a sociedade.

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