A Justiça bloqueou os bens do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e de outros envolvidos num dos maiores escândalos de corrupção do país. Uma conta bancária com mais de US$ 1 milhão foi descoberta pelo Ministério Público de São Paulo em Genebra, na Suíça, em nome da ex-mulher de Pitta, Nicéia. Suspeita-se que esse dinheiro seja resultado de depósitos feitos por construtoras que fizeram obras públicas na capital paulista na época em que Pitta era secretário de Finanças do ex-prefeito Paulo Maluf.

Segundo a denúncia feita pelos promotores, Pitta abriu uma conta conjunta no exterior com a ex-mulher Nicéia Camargo para receber dinheiro desviado de grandes obras públicas na capital paulista, como a da Avenida Jornalista Roberto Marinho, antiga Águas Espraiadas, e o Túnel Ayrton Senna. As duas obras são suspeitas de terem sido superfaturadas.

Os promotores do caso afirmam que o dinheiro era transferido das construtora Mendes Júnior e OAS, responsáveis pelas obras, para a conta do casal Pitta em Nova York. O saldo inicial era de US$ 1,26 milhão. Esse dinheiro teria trocado por diversas vezes de endereço. De Nova York, foi transferido para uma outra conta em Zurique, na Suíça; depois para o paraíso fiscal Ilha de Guernsey, no Canal da Mancha (entre França e Inglaterra); em seguida para Liechtenstein e finalmente para Genebra, na Suíça.

Em Genebra, a única beneficiária da conta era Nicéia Camargo, ex-mulher de Pitta. Em depoimento aos promotores de São Paulo, Nicéia afirmou desconhecer a existência desse dinheiro e pediu que o dinheiro retornasse aos cofres da cidade.

Enquanto isso não acontece, a Justiça determinou o bloqueio dos bens móveis e imóveis dos réus, no valor total de R$ 11,8 milhões, que se refere ao total do dinheiro encontrado na Suíça, mais multas.

- Se nós conseguirmos repatriar esse dinheiro, vai ser uma grande vitória da Justiça no combate à corrupção no Brasil - afirmou o promotor Silvio Marques, um dos responsáveis pela investigação.

O advogado do ex-prefeito Celso Pitta afirmou que só vai se pronunciar sobre o assunto quando for notificado pela Justiça.

A Mendes Júnior informou que também não se manifestará enquanto não for notificada judicialmente. A OAS não comentou o assunto.