Justiça aceita nova denúncia contra doleiro Alberto Youssef

Dinheiro seria parte dos R$ 4,1 milhões que o ex-deputado José Janene, já morto, recebeu no mensalão

Fonte: O Globo

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O Juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal Criminal do Paraná, aceitou nesta terça-feira nova denúncia formulada pelo Ministério Público Federal contra o doleiro Alberto Youssef, alvo da “Operação Lava-Jato”. A acusação desta vez é por lavagem de R$ 1,1 milhão do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010, de um total de R$ 4,1 milhões recebidos de Marcos Valério, do esquema do mensalão, em 2005. Segundo a denúncia, Youssef lavou o dinheiro recebido por Janene durante o governo Lula, aplicando os valores em investimentos na empresa Dunel Indústria, de Londrina (PR). Familiares de Janene, como uma de suas filhas, também foram denunciadas, mas o MPF pediu a extinção de punição a Janene, por ele já estar morto.


De acordo com denúncia do MPF, a empresa Dunel foi utilizada por Youssef para “ocultar e dissimular a origem ilícita de recursos”. Do total de R$ 1.165.000 lavados pelo doleiro, R$ 537,2 mil seriam “originados de transferências bancárias de contas em nome de pessoas interpostos, mas controladas por Carlos Habib Chater, operador do mercado de câmbio negro em Brasília”. Outros R$ 618,4 mil tiveram origem na empresa CSA Project Finance Consultoria e Intermediação de Negócios Empresariais Ldta, empresa controlada por Youssef. Chater, a exemplo do doleiro, também está preso em Curitiba como acusado da operação “Lava-Jato”, que movimentou pelo menos R$ 10 bilhões.


O juiz da 13ª Vara Federal diz que já havia constatado, em fevereiro deste ano, depois de buscas e apreensões, a existência de provas de que recursos de José Janene, acusado na Ação Penal 470 (mensalão), teriam sido utilizados para realizar investimentos em empreendimento industrial em Londrina, constituindo a empresa Dunel Indústria.


“Por quebras de sigilo bancário foi provado que equipamentos para a empresa constituída em Londrina foram adquiridos de Ferramentas Gerais Comércio e Importação S/A em nome da Dunel mediante depósitos em julho de 2008 nos valores de R$ 130 mil e de R$ 145 mil provenientes das empresas Angel Serviços Terceirizados Ltda e Torre Comércio de Alimentos Ltda”. A empresa Dunel chegou a ter como sócio Hermes Freitas Magnus, que em seguida “foi descartado” por José Janene. Em depoimento à Justiça, Hermes disse que o ex-deputado Janene chegou a aplicar R$ 2 milhões, sempre em dinheiro vivo, na empresa Dunel.


“Para tanto, considerando que o empreendimento seria titularizado por José Janene, teriam sido utilizados recursos que o ex-deputado mantinha ocultos, provavelmente de origem criminosa”, diz o MPF, que continua:


“A utilização de subterfúgios, como pessoas interpostas, operações do mercado negro de Câmbio, estruturação de depósitos e ocultação da real titularidade do empreendimento, constituem indícios veementes na natureza e origem ilícita dos valores envolvidos nas transações. A respeito da participação do ex-deputado no empreendimento, além da já notória ligação entre ele e Alberto Youssef, depoimento das vítimas específicas como Hermes Freitas Magnus e de testemunhas acerca da real titularidade do empreendimento”, diz o despacho do MPF reproduzido pelo juiz.


“Há relatos, por exemplo, de reunião havida em junho de 2008 na sede da empresa CSA Project da qual teriam participado Hermes Freitas Magnus, Maria Teodora da Silva, sócios da empresa Dunel Indústria, José Mugiato Neto, Carlos Alberto Pereira da Costa, Rubens de Andrade Filho e José Janene. Nessa reunião José Janene teria se proposto a investir R$ 1 milhão na empresa”, afirma o MPF.


“Ficou acordado que a filha de José Janene, Danielli Kemmer Janene seria diretora comercial da empresa Dunel. A empresa passaria a ter na diretoria também o primo de Janene, Meheidin Hussein Jenani, além de Alberto Youssef e Assad Jannani, irmão do ex-deputado. O objetivo era utilizar a empresa Dunel para ocultar e dissimular a origem ilícita de recursos que seriam injetados nessa empresa, convertendo-os em ativos lícitos e induzir em erro Hermes Freitas Magnus e Maria Teodoro Silva que acreditavam na licitude das operações, e caso estes se opusessem, afastá-los paulatinamente do comando da Dunel Indústria, para ao final apropriarem-se dos vaores e transferir os ativos para a JN Rent Car Locadora de Veículos Ltda, de propriedade de Assad Jannani, seu irmão”, explica o MPF.


O juiz manteve presos preventivamente quatro acusados (Alberto Youssef, Carlos Habib Chater, Carlos Alberto Pereira da Silva e Ediuel Viana da Silva) e outros seis acusados responderão em liberdade, entre os quais a filha de Janene, Danielle Kemmer Janene e seus parentes Assad Janani e Meheidin Hussein Jenani.

Palavras-chave: direito penal operação lava jato

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