Juiz decreta prisão de mais 13 no caso do desmatamento

Fonte: Folha Online

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O juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá (MT), decretou no fim de semana a prisão de mais 13 pessoas acusadas de participar de uma quadrilha responsável pelo desmatamento ilegal na Amazônia em Mato Grosso, Rondônia e Pará.

Os mandados de prisão, expedidos desde o dia 2, somavam ontem 143. Ao menos 93 estavam presos em Cuiabá.

Além de extrair ilegalmente, desde 2003, cerca de 2 milhões de metros cúbicos de madeira em Mato Grosso (o equivalente a 66 mil caminhões com carga avaliada em R$ 890 milhões), a suposta quadrilha derrubou mais 372 mil metros cúbicos (13 mil carregamentos avaliados em R$ 165 milhões) em Santarém (PA), informou à Folha o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis).

A quadrilha é, segundo a PF (Polícia Federal), formada por servidores do Ibama, madeireiros e despachantes, além de funcionários da Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso, incluindo o então secretário Moacir Pires.

Pires e o ex-gerente-executivo do Ibama em Cuiabá Hugo José Scheuer Werle foram presos. Werle depôs na PF ontem e negou participação na quadrilha e enriquecimento ilícito.

Filiado ao PT, o ex-gerente afirmou ainda, ao entrar na sede da PF algemado, que o esquema não foi usado na campanha do petista Alexandre Cesar à Prefeitura de Cuiabá.

A PF relatou conversas de despachantes, envolvidos na quadrilha, que falavam sobre a necessidade de doar dinheiro a Cesar para manter Werle no cargo. Cesar nega ligação com a quadrilha.

Amanhã a Justiça Federal deve tomar depoimento de Pires, ex-secretário do governador Blairo Maggi (PPS), conhecido como "rei da soja" e apontado pela imprensa internacional como conivente com o desmatamento na Amazônia. Maggi nega. Ele interditou a secretaria, após a prisão de Pires.

O procurador da União Elielson Ayres de Souza, interventor do Ibama em Mato Grosso e responsável pelas investigações administrativas, disse ontem que a área de desmatamento é maior que os 43 mil ha (hectares) no Estado.

Com pagamento de propina, os donos de madeiras conseguiam ATPFs (Autorizações para Transporte de Produtos Florestais) em branco ou adulteradas. Esses documentos eram emitidos para esconder o desmatamento ilegal também em Rondônia e Pará.

A Folha obteve uma relação de cem madeireiras, algumas delas fantasmas, que emitiram, devido à colaboração de servidores do Ibama, 6.684 ATPFs para permitir a extração de madeira em Santarém.

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