Funcionários da Funai presos por contrabando

Após um ano e quatro meses de investigação, a Polícia Federal desmontou um esquema de contrabando internacional de animais silvestres capturados em reservas indígenas e que envolve servidores da Funai.

Fonte: Jornal O Globo

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BRASÍLIA. Após um ano e quatro meses de investigação, a Polícia Federal desmontou um esquema de contrabando internacional de animais silvestres capturados em reservas indígenas e que envolve servidores da Funai. Dentro da chamada Operação Pindorama, a PF prendeu esta semana sete servidores da Funai que corrompiam índios e os convenciam a caçar animais silvestres em suas terras. Além dos crime ambiental e de contrabando, eles são acusados de formação de quadrilha. Hoje, a polícia deve fazer novas prisões.

O esquema envolve servidores da Funai de pelo menos três estados ? Pará, Rondônia e Mato Grosso ? e funcionários da rede de lojas Artíndia, que pertence à fundação e que vende artesanato indígena em diversos pontos do país. Agentes da Polícia Federal apreenderam ontem, na loja que fica na sede do órgão, em Brasília, adornos e adereços indígenas, além de computadores.

Os animais capturados eram mortos e tinham partes das plumas arrancadas. A PF apreendeu cocares de penas de arara azul, penas de beija-flor, dentes de onça, ossos (usados na confecção de pontas de lanças) e cascos de tartarugas. O material era levado para os Estados Unidos e servia para a fabricação de peças de artesanato.

Operação Pindorama investiga comerciantes

A Operação Pindorama investiga também comerciantes e o envolvimento de servidores do Ibama e de pessoas ligadas à entidades indígenas e a organizações não-governamentais no esquema. Foram presos servidores da Funai de Belém, Altamira e Marabá.

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, disse que quer uma investigação completa do caso e que os responsáveis sejam punidos.

? Qualquer funcionário da Funai eventualmente envolvido nessa rede deve ser punido ? afirmou Gomes.

A Polícia Federal deve anunciar oficialmente hoje o resultado da operação. Este é a segunda investigação policial na qual estão envolvidos servidores da Funai neste ano. No episódio que envolveu a reserva indígena Roosevelt, em Rondônia, José Nazareno Torres, funcionário do órgão na região, foi denunciado e preso por envolvimento na exploração ilegal de diamantes na reserva.

Até governador acusou funcionários da Funai

Torres estava entre as 18 pessoas denunciadas no caso. Servidores da fundação foram acusados por garimpeiros e até pelo governador do estado, Ivo Cassol, de participação indireta no massacre de 28 homens que extraíam diamantes clandestinamente na reserva. Um dos acusados, Walter Blós, teve de ser retirado da região sigilosamente pela Polícia Federal. Ele é considerado pela PF um dos mais zelosos servidores da Funai no estado.

O presidente da Funai negou qualquer envolvimento de Blós no episódio. Deputados e senadores tentaram convocá-lo para audiência pública no Congresso, mas a Funai pediu para ele ser ouvido numa sessão secreta, para não correr riscos. O governo deve enviar, em breve, projeto de lei ao Congresso regulamentando a exploração mineral em terra indígena.

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