Ex-diretor Duque é preso em nova fase da operação Lava Jato
A Polícia Federal inicia nesta segunda-feira (16) a décima fase da operação Lava Jato. Com isso, cerca de 18 mandados são cumpridos desde as 6 h desta manhã
O primeiro a ser preso foi o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque. O empresário paulista Adir Assad, envolvido nas investigações da CPI do Cachoeira, também foi levado pelos policiais. Os dois sob mandado de prisão preventiva.
O empresário Adir Assad é investigado sob suspeita de manter empresas laranjas e usá-las para lavar dinheiro e Lucélio Roberto von Lehsten Góes, filho de Mario Góes, que já está preso em Curitiba é apontado como operador do esquema de corrupção na Petrobras.
Os outros alvos dos mandados de prisão temporária são Sonia Mariza Branco, Dario Teixeira Alves Junior e Sueli Maria Branco. Eles são investigados por terem ligações com empresas que teriam sido usadas no esquema de lavagem de dinheiro, como Rockstar, Legend e Power.
Contas "esvaziadas"
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações, detalhou por meio de despacho os motivos que levaram à prisão do ex-diretor. Renato Duque continuava a desviar recursos mesmo após a operação da PF, segundo o Ministério Público.
Moro confirmou ainda que o ex-diretor de Serviços da Petrobras "esvaziou" contas na Suíça e transferiu 20 milhões de euros (equivalente a R$ 70 milhões) para Mônaco. Quantia a qual ele não havia declarado à Receita Federal e foram bloqueadas pelas autoridades do país.
Segundo o juiz federal, o valor transferido para o país europeu é "incompatível" com seus rendimentos recebidos através da Petrobras.
Ainda nesta segunda-feira (16) também serão cumpridos quatro mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão. Todos os detidos devem ser encaminhados para a sede da Polícia Federal no Paraná. As prisões temporárias têm prazo de cinco dias, já os presos sob o mandado de prisão preventiva podem permanecer detidos por tempo indeterminado, de acordo com decisão judicial.
Essa nova fase deflagrada pela PF investiga os envolvidos em corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e fraude em licitação. Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.
"Que país é esse?"
A etapa anterior da Lava Jato, deflagrada em fevereiro, foi batizada de 'My Way', apelido dado a Duque. A nova etapa se chama 'Que País é Esse?', nome de uma música do Legião Urbana e que faz referência a uma conversa entre Duque e seu advogado no momento em que ele foi preso pela primeira vez. Ao saber que seria levado à prisão em novembro do ano passado, Duque exclamou ao seu defensor: 'que país é esse?'.
Preso em novembro
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque já havia sido preso pela PF, durante a sétima fase da operação Lava Jato. Depois de passar 19 dias na prisão, ele foi solto pelo ministro Teori Zavascki em 3 de dezembro.
Em depoimento dado em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro José Barusco Filho disse ter pago quinzenalmente R$ 50 mil provenientes de propina a Duque.
Outro ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, mencionou o nome de Duque como um dos integrantes do esquema de desvios da estatal e disse que o PT ficava com 3% dos contratos fechados pela diretoria de Serviços -o que Duque sempre negou com veemência. Outro delator do esquema, o doleiro Alberto Youssef, também citou o nome de Duque associado ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.