RECIFE - Quase um ano após o desabaratamento da quadrilha de tráfico internacional de órgãos humanos, que atuava em quase dez países a partir de Pernambuco, as pessoas que venderam seus rins foram absolvidas pela juíza federal Amanda Lucena. Ela disse que os doadores sofreram problemas graves de saúde. Quinze pessoas foram absolvidas. Os traficantes ainda não foram julgados, mas estão presos no Recife. Segundo a polícia da África do Sul, mais de 30 brasileiros venderam rins a estrangeiros.

Em agosto, o aposentado Josué Luís da Silva foi denunciado pelo Ministério Público como uma das pessoas que aliciavam moradores de bairros populares como Barro, Areias e Jardim São Paulo. Ele era o último acusado de fazer parte da quadrilha ainda em liberdade.

Órgãos vendidos por até US$ 40 mil

O aposentado recrutava voluntários para a doação de órgãos nas três localidades e os mandava para o capitão PM Ivan Bonifácio da Silva. Este, por sua vez, fazia a negociação com médicos de Recife e do exterior para a venda de rins a pacientes que precisavam de transplante. Segundo a PF, os órgãos eram vendidos por valores que variavam de US$ 10 mil a US$ 40 mil.

Os brasileiros que vendiam os órgãos eram levados pela quadrilha para a África do Sul, onde a cirurgia era realizada.

Silva trabalhava na Rede Ferroviária Federal até se aposentar. Segundo a Polícia Federal, era um dos principais aliciadores da quadrilha, desbaratada num trabalho conjunto da PF e da Interpol. Dos 22 denunciados, 13 estão presos em Recife

Vinte e duas pessoas foram indiciadas em inquérito policial e posteriormente denunciadas pelo Ministério Público como envolvidas no tráfico internacional de órgãos humanos. Destas, 13 encontram-se presas em Recife. A quadrilha envolve médicos dos três países, funcionários públicos, aposentados, desempregados, agentes de turismo e até militares.