Disque-Denúncia já recebeu 72 ligações sobre morte de juíza
A polícia não descarta nenhuma linha de investigação. Há suspeitas contra milícias, grupos de extermínio, agiotas, máfias de vans e até de crime passional
O Disque-Denúncia do Rio de Janeiro já recebeu 72 ligações a respeito do assassinato da juíza Patrícia Acioli, ocorrido na noite de quinta-feira (11) em Niterói, na região metropolitana. As denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone 0/xx/21/2253-1177.
Mais de 20 pessoas já foram ouvidas pela polícia, e novos depoimentos estão marcados para esta segunda-feira. Durante a manhã, policiais da Delegacia de Homicídios realizavam diligências em busca de informações sobre os bandidos.
A juíza foi morta às 23h45 de quinta, quando chegava em sua casa após uma sessão no fórum de São Gonçalo, na região metropolitana. De acordo com o delegado Felipe Ettore, responsável pela investigação do assassinato, Acioli foi morta com 21 disparos por um procedimento de emboscada.
Segundo a polícia, imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que os criminosos fugiam após o crime. Testemunhas afirmaram que eles estavam em dois carros e duas motos, mas o número exato de criminosos que participaram da ação ainda é desconhecido.
INVESTIGAÇÃO
A polícia não descarta nenhuma linha de investigação. Há suspeitas contra milícias, grupos de extermínio, agiotas, máfias de vans e até de crime passional.
A juíza, além de ter sofrido várias ameaças por causa de suas decisões rigorosas contra policiais corruptos --estava na "lista negra" de um traficante--, teve registros de agressão do namorado, o cabo da PM Marcelo Poubel, em pelo menos duas ocasiões.
Segundo a Secretaria de Segurança do Rio, foi registrada queixa contra o policial em 2006 por uma "surra" que ele teria dado na juíza publicamente, em uma churrascaria.
No começo deste ano, quando estavam separados, ele invadiu a casa de Acioli e a flagrou no quarto com outro homem --um agente penitenciário. Uma queixa por agressão contra o policial foi registrada na 81ª DP (Itaipu).
Recentemente, a juíza reatou o relacionamento com o policial. A Folha não conseguiu localizar Poubel.
Na sexta-feira (12), ele prestou depoimento durante seis horas na Delegacia de Homicídios da Barra da Tijuca, que investiga o caso, e também foi ouvido pela Corregedoria da PM.
ESCOLTA
De acordo com o presidente da Associação dos Magistrados do Rio, Antônio Siqueira, a juíza dispensou, em 2007, a segurança oferecida pelo Tribunal de Justiça aos juízes ameaçados --ela recebia escolta desde 2002.
Ele disse que, na época, ela explicou que seu companheiro era policial e que ele se encarregaria de sua segurança.
Entretanto, familiares da juíza contestaram a versão. Eles afirmam que Patrícia continuava recebendo ameaças e as relatava por meio de ofício ao Tribunal de Justiça, que negou pedido de escolta.