Depois do mensalão, a vida à beira-mar

Condenado pelo STF, Henrique Pizzolato planejava comprar casa em Porto Venere, primeiro refúgio na Itália

Fonte: Estado de S. Paulo

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Ele chegou à Itália há um ano como fugitivo, usando documentos em nome do irmão morto há mais de 30 anos. Hoje, é um homem livre, com identificação legítima em seu próprio nome. Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil e condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, recomeçou ontem a reconstruir a vida longe do Brasil. 


A Justiça do país europeu autorizou ontem a devolução dos documentos italianos do brasileiro, que haviam sido apreendidos em fevereiro. Pizzolato tem dupla cidadania. Na terça-feira, a Corte de Apelação de Bolonha havia negado o pedido de extradição feito pelo Brasil. Com a devolução dos papéis, poderá viajar, trabalhar, comprar imóveis e votar.


Em dezembro, segundo a Justiça italiana, o ex-diretor do BB deve ser indiciado por falsidade ideológica e por mentir a funcionários públicos sobre sua identidade, mas são crimes considerados de menor gravidade e, por isso, o brasileiro não corre risco de passar uma nova temporada preso ou sob vigilância.


Pizzolato foi preso em fevereiro, na casa de um sobrinho que trabalha para a Ferrari em Maranello, no norte da Itália, e levado para a prisão de Módena. A detenção interrompeu o roteiro traçado pelo ex-diretor para a vida de foragido: comprar uma casa em Porto Venere, região à beira do Mar Mediterrâneo que foi o primeiro refúgio do brasileiro, a menos de 200 km de Modena.


Entre limoeiros, pássaros e uma vista cinematográfica do mar e dos barcos ancorados, o ex-diretor vivia uma vida discreta. A todos os vizinhos e amigos dessa primeira estadia, Henrique se apresentava como Celso, nome do irmão morto em 1978. Pizzolato frequentava a praça central da cidade, caminhava entre os morros e passeava pela orla. Também recebia a visita do sobrinho.


O brasileiro vivia em uma casa alugada. Ele passou o réveillon passado com o senhor Giovanni, dono do imóvel. Mas as autoridades italianas apuraram que Pizzolato queria comprar uma casa. Porto Venere é um dos locais mais sofisticados na costa da Ligúria, com vista privilegiada para o Golfo dos Poetas.


Alertas. Toda essa rotina foi monitorada pela polícia italiana. Após o primeiro alerta da Interpol sobre o ex-diretor, as autoridades do país detectaram que um certo Pizzolato havia pedido documentos na prefeitura de Porto Venere.


Um segundo alerta, sobre o sumiço do carro com placa da Espanha usado por Pizzolato, fez a polícia ampliar as buscas que levaram à prisão em Maranello, na casa do sobrinho. Em seguida, ao revistar a casa em Porto Venere, os agentes encontraram documentos de contas bancárias na Espanha e papéis que indicavam o plano de fazer uma negociação imobiliária.


Ao deixar a prisão, na terça-feira, Pizzolato afirmou que poderia visitar regiões da Itália - prometeu ir ao local onde um irmão do seu avô, nascido há 100 anos, foi ferido na Primeira Guerra -, e disse que o Cárcere Santana, em Modena, era melhor que “oito anos sem poder sair de casa” no Brasil. O ex-diretor declarou como endereço fixo à Justiça italiana a casa do sobrinho.

Palavras-chave: Corrupção Mensalão Henrique Pizzolato

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