Em meio à crise do dossiê dias antes das eleições, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse nesta quinta-feira que as recentes turbulências políticas fazem parte do jogo democrático e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve sofrer prejuízos eleitorais por conta do episódio.

Na quarta-feira, Lula afastou da coordenação da sua campanha à reeleição o presidente do PT, Ricardo Berzoini, antecessor de Tarso na direção do partido.

"A crise é normal e está se dando dentro de parâmetros democráticos porque evidencia pela primeira vez o combate total à corrupção sistêmica que ocorre neste país herdada de governos anteriores", afirmou Tarso a jornalistas em Brasília.

"Se forem mantidas as informações desde segunda-feira, a situação não se alterou. Não quer dizer que não vai se alterar, mas com a incisividade que o presidente agiu sobre a crise... a população vai ficar satisfeita."

O ministro repetiu declarações de Lula mais cedo, dizendo que Berzoini deixou o comando da campanha porque não poderia se concentrar no trabalho, uma vez que teria de explicar sua relação com a tentativa de compra de um dossiê envolvendo tucanos com a máfia das ambulâncias superfaturadas.

"A nossa opinião é de que o presidente tomou uma atitude clara. No afastamento do Berzoini não foi emitido qualquer juízo. O entendimento é de que o coordenador ficaria prejudicado se continuasse na função", declarou.

"O presidente agiu rápido, de maneira clara e absolutamente demonstrativa de que aquilo que aconteceu em São Paulo nada tem a ver com o Palácio do Planalto. Nada tem a ver com o Lula enquanto candidato. Nada tem a ver com qualquer orientação que tenha vindo oficialmente da campanha."

Para Tarso, a disputa política atual é a mais dura desde a Constituição de 1988 porque o país tem a sua disposição dois projetos, o petista e o tucano, e ambos contam com pontos positivos e negativos.