Cartão do povo

Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva, Socióloga, Jornalista (DRT/RS 13.573), acadêmica de Direito. E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br

Fonte: Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva

Comentários: (0)




Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva ( * )

Com a popularização da informação o acesso a determinados dados e fatos que poucos anos atrás chegavam apenas a grupos privilegiados situados mais próximos dos poderes e suas respectivas administrações tornou-se de fácil alcance para qualquer indivíduo.

Atualmente os gestores e políticos não podem esconder por muito tempo suas ações, sejam elas de boa ou má fé. Qualquer coisa é passível de ser estampada na mídia. Foi por essa facilidade que veio à tona as despesas da "corte" presidencial com os cartões chamados corporativos.

Em 2007 o governo federal teve uma despesa de R$ 75.656.353,91 com seus cartões corporativos. Só o gabinete do presidente gastou, no ano de 2007, 15 milhões e novecentos mil reais, num custo/dia de 44 mil reais. Já as contas da presidência e que se mantém sigilosas por proteção legal chegaram ao absurdo valor de R$ 3.704.764,41, com média mensal de R$ 308.730,36. É de se perguntar que gastos tão altos são esses? Quem utiliza os cartões corporativos e com que fim? Por que esses gastos são impedidos de divulgação? O que existirá nesse porão custeado pelos nossos impostos?

Um outro cartão corporativo apresenta gastos de R$ 53.449,00 com produtos de embelezamento, e o Visanet BB - também corporativo - inclui gastos com "Botox". Também figuram aquisições de cremes importados do Leste Europeu e cosméticos norte-americanos e franceses segundo informações que circulam nos corredores do Senado que deveria, de imediato, tomar providências cabíveis e encaminhar pedido de análise dessas despesas para o TCU. Há, todavia, quem afirme que é muito difícil provar o uso abusivo da prerrogativa.

O Brasil tem deformações gigantescos na política. O modelo vigente vicia as pessoas nas mordomias, sejam elas leves ou acentuadas tanto quanto na corrupção. Prestar contas ao distinto público à luz da verdade é circunstância rara, além de que o papel tudo aceita podendo ser manipulado.

Outro abuso que veio ao lume nos últimos dias e fartamente reproduzido pelos principais veículos impressos do país aborda as despesas da ministra Matilde Ribeiro em cartão de crédito que igualmente é coberto com dinheiro público (não esqueça que é dinheiro fruto de seus - e meus - impostos). Foram 171 mil e 500 reais em 2007 consumidos em hotéis, resorts, bares, restaurantes, padarias e free shops. A ministra que é Assistente Social comanda a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial desde março de 2003, mas o que faz está ainda no rol das coisas misteriosas do governo. Aliás, só não é mistério a média de seu gasto mensal no cartão pago pelo contribuinte: R$ 14.300,00. Sendo o salário da ministra de R$ 10.700,00 o acréscimo que faz através do cartão governamental deve ser uma emenda ao (seu) orçamento.

A ministra jura de pés juntos que só faz gastos em assuntos oficiais. Ninguém duvide disso. Em 2007 esteve hospedada no hotel Pestana, um cinco estrelas que enfeita a praia de Copacabana no Rio de Janeiro, vinte e duas vezes. Ainda no Rio, segundo o apurado, costuma freqüentar o restaurante Nova Capela, conhecido reduto da boemia carioca e o bar Amarelinho, que diz ter o chope mais gelado da cidade maravilhosa. Em 2007 a ministra visitou seis países e este ano já se deslocou ao Senegal. Quem pagou as despesas? O que o país e a sociedade auferiram dessas tantas viagens internacionais para melhor qualidade de vida?

Enquanto isso os brasileiros têm a mais elevada carga tributária e um imposto de renda inflexível com miseráveis três faixas tirando a pele da classe média e beneficiando escandalosamente os cinco por cento de ricos do país.

Atualmente quem governa o Brasil veio das classes populares tendo conhecido a dificuldade da sobrevivência, do desemprego e da fome. Agora está no cume da montanha olhando o céu e não tem mais tempo para ver o vale de lágrimas ao pé do monte.


Notas:

* Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva, Socióloga, Jornalista (DRT/RS 13.573), acadêmica de Direito. E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br [ Voltar ]

Palavras-chave:

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/cartao-do-povo

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid