Amor e Ódio

Esta tarde assisti um DVD contando a história de um grupo chamado Funk Brothers. Era o time de músicos da Motown, que tocou em grandes sucessos dos anos 60 e 70.

Fonte: Luciano Pires

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Esta tarde assisti um DVD contando a história de um grupo chamado Funk Brothers. Era o time de músicos da Motown, que tocou em grandes sucessos dos anos 60 e 70. Nunca foram reconhecidos, mas o filme mostra o imenso talento de cada um para fazer uma música fantástica que influenciou tudo que veio pela frente. Inspirado pela qualidade do documentário e o talento daqueles músicos norte americanos que coloriram minha juventude, peguei-me refletindo sobre uma estranha relação de amor e ódio que habita a mente de todos nós e que tem sido vencida pelo sentimento mais torpe: o ódio.

Fui ensinado a odiar os Estados Unidos de Nixon, McNamara, Enron e Bush. Mas amo os Estados Unidos de Cole Porter, Carl Sagan, Sarah Vaughn, Neil Armstrong, Laurel & Hardy... Ensinam-me a odiar a Inglaterra de Tatcher e Blair. Mas amo a Inglaterra de Shakespeare, dos Beatles, Mr. Bean e Cat Stevens. Tenho que odiar a França de Napoleão. Mas amo a França de Lautrec, Charles Aznavour e Zola. Odeio a Alemanha de Adolf Hitler, mas amo a Alemanha de Einstein, Von Braun, Marx e Beckenbauer...

Quando viajo pelo mundo em pensamento, com surpresa descubro que para cada razão de ódio, encontro dez de amor.

No entanto, ignorantes e superficiais pensamos que reconhecer e celebrar a virtude é sinal de fraqueza.

Odeio o Brasil do Maluf, Lalau e Beira Mar. Odeio o Brasil da hipocrisia dos políticos, dos exploradores, da ignorância. Odeio o Brasil dos Pocotós.

Mas amo o Brasil de Fernanda Montenegro, Machado de Assis, Betinho, Milton Nascimento, Fittipaldi, Artur Moreira Lima...

Amo o Brasil do carnaval, dos empreendedores, da democracia.

Já escrevi anteriormente que infelizmente, no mundo de hoje, o confronto, a crítica e até mesmo o ódio são mais socialmente aceitos que as expressões de apreço. Isso é muito ruim, porquê apreço é uma atividade que cria valor.

O apreço energiza as pessoas e isso faz com que elas excedam seus objetivos e limites percebidos.

Talvez devêssemos ficar mais atentos para essa atitude radical que nos obriga a fechar os olhos para a virtude e enxergar apenas os defeitos.

Descobriríamos que o mundo é composto de gente igual à gente. Bandidos, aproveitadores, malandros e idiotas são exceção. E exceções, quanto tudo o mais é igual, é o que mais aparece.

Enquanto ouço aqui os Funk Brothers, não resisto a um conselho.

Nesses assuntos de amor e ódio, não entre simplesmente na onda. Use a mais poderosa arma existente na face da terra, que é só sua e ninguém pode tirar: Escolha.


Luciano Pires é profissional de comunicação, jornalista, escritor, conferencista e cartunista, atualmente Diretor de Comunicação Corporativa da Dana. Visite o site www.lucianopires.com.br

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