Advogado deixa defesa de tesoureiro do PT
O advogado Aristides Junqueira, ex-procurador-geral da República, desistiu da defesa do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, acusado de gerir o suposto caixa dois para o pagamento do "mensalão" a congressistas aliados.
O PT ainda não sabe quem assumirá o caso.
Junqueira teria preferido deixar o caso por ser sócio de José Roberto Santoro, subprocurador-geral da República, que atuou nas investigações sobre o caso Waldomiro Diniz.
Ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro foi exonerado após aparecer em um vídeo negociando propina com o bicheiro Carlos Cachoeira.
Junqueira trabalhava para o PT desde pelo menos o final de 2003, quando assumiu acompanhamento pelo partido da nova investigação sobre a morte do prefeito de Santo André Celso Daniel.
O ex-procurador ficou célebre no começo dos anos 90 ao oferecer denúncia contra o então presidente Fernando Collor de Mello, que renunciou em 29 de dezembro de 1992, logo no início da sessão do Senado que iria julgar o seu impeachment. Posteriormente, Collor foi inocentado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Em entrevista à Folha no final de junho (logo após assumir o caso), Junqueira afirmou que seu cliente não negava "os laços de amizade com [o empresário] Marcos Valério" e que o "único acusado" que havia no escândalo era o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), "um investigado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados".
Na mesma entrevista, Junqueira comparou a crise atual ao caso Alceni Guerra (ex-ministro da Saúde do governo Collor, acusado de corrupção e inocentado). "O Alceni foi um caso que eu acompanhei de perto e que me impressionou muito. Esse foi condenado e crucificado. E nada se apurou contra ele", disse.