Trágicas rainhas estereotipadas
As rainhas trágicas não eram santas, nem demônios, apenas possuíam diferentes perfis femininos que traduzem a força e determinação da mulher que exerceu poder real e influiu na história da humanidade.
Existiram
muitas rainhas trágicas onde encontramos personagens reais como Ana Bolena[1], Mary Stuart, Maria
Antonieta e Elizabeth I. Em verdade, existiram dezoito soberanas da Antiguidade
até os tempos modernos e que tiveram um final infeliz, marcado por morte
violenta. Tais mulheres eram trágicas pelos pesados estereótipos que carregavam
sobre os ombros.
A
historiadora Jenny Wormald concluiu que Mary Stuart, por exemplo, foi uma falha
trágica que não conseguiu lidar com as exigências colocadas sobre ela, porém,
sua visão foi dissidente ao não dizer que a rainha era um peão nas mãos dos
nobres do reino. Mary Stuart fugiu para a Inglaterra e pediu ajuda a sua prima
Elizabeth I, que a tomou sob sua proteção, mas na verdade era uma prisioneira.
Durante 19 (dezenove) anos foi mantida em diversos castelos.
Muitos
inimigos pediam a morte de Mary, mas Elizabeth recusava todos os pedidos de
soltura, até ser informada de seu envolvimento na rebelião de Babington, em
1586, para assassiná-la, uma vez que ela era filha ilegítima de Henrique VIII
com Ana Bolena.
Mary,
então, foi levada a julgamento, considerada culpada de traição e, por
derradeiro, condenada à morte. Foi executada no castelo de Fotheringhay, na
Inglaterra, no dia 8 de fevereiro de 1587. Foi sepultada na Catedral de
Peterborougl, mas depois, seus restos mortais foram transferidos para a Abadia
de Westminster.
Ana
Bolena, por exemplo, ainda hoje é chamada de prostituta, adúltera e, ainda,
incestuosa. Ana foi traída pela irmã e acusada de ter um caso com seu irmão
caçula. Jorge Bolena, o segundo Visconde de Rochford, foi filho de Tomás Bolena
e Isabel Howard, irmão mais novo de Ana Bolena. Em maio de 1536, ele foi
acusado juntamente com sua irmã por adultério, incesto e traição. Após sua morte, a filha Elizabeth I teve uma
infância sofrida.
Existiu
também Maria Antonieta cuja fama de perdulária, segundo alguns, teria levado a
França à miséria, e ainda seus momentos de descaso ou de deboche que diante do
protesto da população francesa teria afirmado que se o povo não tinha pão, que
então comesse brioches.
Após
a queda da Bastilha[2],
a rainha tentou convencer Luís XVI a opor-se às restrições impostas pela
Assembleia Nacional. A pressão popular obrigou os soberanos a retornar de
Versalhes para Paris, onde ficaram como reféns dos revolucionários. Em 1791, os
soberanos tentaram fugir de Paris, mas foram detidos em Varennes pelas forças
revolucionárias e, novamente, conduzidos a Paris.
A
execução de Maria Antonieta da Áustria foi a aplicação da sentença de morte
pela guilhotina e ocorreu em 16 de outubro de 1793 que fora pronunciada pelo
Tribunal Revolucionário, depois de julgamento que durou dois dias.
Maria
Antonieta, liderada pelo carrasco, Henri Sanson, foi para o tribunal, onde uma
carruagem a esperava. Ela foi posta em uma bandeja de madeira, colocada sobre
os eixos, e desenhada por duas Percherons. Com as mãos atadas atrás das costas,
Maria Antonieta subiu as escadas com a ajuda de Henri Sanson.
O
padre St. Landry que era um padre Constitucional nomeado pelo Tribunal
Revolucionário, acompanhou o processo como confessor. Por não ter tido a
escolha de seu sacerdote confessor, como aconteceu com seu marido, o rei Luís
XVI, Maria Antonieta recusou os serviços impostos por St. Landry.
Maria
Antonieta, com leveza e velocidade, sem a necessidade de ser apoiada apesar de
suas mãos ainda estarem amarradas, subiu as escadas para o cadafalso, perdendo
um de seus sapatos (que agora faz parte da coleção do Musée des Beaux-Arts
de Caen).
Alega-se
que ela teria andado com um dos sapatos do carrasco e suas últimas palavras
teriam sido: "Senhor, eu imploro seu perdão, eu não quis dizer isso".
Ela não se dirigiu às pessoas como Luís XVI conforme havia feito nove meses
antes. O embate no tabuleiro foi então auxiliado. Enfim, a moldura de madeira
se fechou e machado caiu. Em 15 (quinze) segundos, o ato fatal foi plenamente
consumado[3].
Henri
Sanson, então, tomou a cabeça de Maria Antonieta pelos cabelos, e acenou para
mostrá-la a multidão, que explodiu em milhares de "Viva a República! Viva
a Liberdade!".
Já
Catarina de Médici a grande imoladora de protestantes. Apesar de que alguns
historiadores teriam a isentado da culpa pelas piores decisões da coroa, apesar
de evidências de sua célebre crueldade possam ser lidas em suas cartas.
Sua
política era eivada de medidas drásticas para manter a monarquia dos Valois a
qualquer custo e sem ela, muito provavelmente seus filhos não teriam
permanecido no poder. Foi considerada a mulher mais poderosa da Europa no
século XVI.
No
dia 5 de janeiro de 1589, porém, Catarina de Médicis mal conseguia falar e, com
grande dificuldade, ditou um testamento na presença do filho e da rainha Luísa.
No leito de morte, Catarina pôde constatar a veracidade das profecias feitas
por Nostradamus[4] sobre o fim de sua
dinastia. Felizmente para Catarina, não viveu o suficiente para enterrar o
corpo de seu filho, Henrique III, assassinado oito meses depois por um fanático
religioso. Ela morreu naquele dia 5 de janeiro, à uma e meia da tarde, em
decorrência de uma bronquite pulmonar.
Também
Maria I, da Inglaterra alcunhada de " a sanguinária". Em seu reinado,
Maria reverteu as reformas religiosas implantadas por Eduardo e o
protestantismo passou a ser proibido na Inglaterra. Em 1556, ela se tornou
Rainha Consorte da Espanha graças ao seu casamento com Filipe II, único filho
de seu primo, Carlos V.
O
matrimônio foi recebido com uma revolta popular organizada por Thomas Wyatt,
que buscava depô-la em favor de sua meia-irmã; no entanto, o levante fracassou
e Isabel foi aprisionada na Torre de Londres.
Por
outro lado, Maria não teve filhos, passou por duas gravidezes psicológicas, uma
em 1554 e outra em 1557, o que a fez ser ridicularizada na Europa, tornando a
sucessão de Isabel iminente. No entanto, Maria só veio reconhecê-la como
sucessora dias antes de sua morte, em 1558.
Maria
é reconhecida como a primeira mulher a obter sucesso na reivindicação do trono da
Inglaterra, a imperatriz Matilde fracassou em sua tentativa, apesar da
concorrência e determinação dos opositores. Em seus primeiros anos, gozava de
apoio popular e simpatia, principalmente pela população católica.
Apesar de seu reinado ser lembrado pelas perseguições aos protestantes, que lhe renderam a alcunha de "Maria Sangrenta", suas políticas de reforma fiscal, expansão naval e exploração colonial se tornaram bem-sucedidas no Período Isabelino. Além disso, foi honrada pelo Papa Paulo IV com uma Rosa de Ouro[5].
Após
sua segunda gravidez psicológica, Maria estava fraca e doente em maio de 1558.
Em seus últimos dias, ela "confortou todos aqueles que se afligiam por seu
delicado estado [de saúde]" e lhes contou que bons sonhos ela teve, onde
"muitas crianças pequenas, como anjos, tocavam e cantavam notas agradáveis
para ela".
Antes
da meia noite de quarta-feira, Maria teve seus últimos rituais em seus
aposentos no Palácio de St. James. Às seis horas da manhã de 17 de novembro,
antes do amanhecer de um dia de outono, Maria foi à missa, como fazia
diariamente.
Em
dias difíceis ou triunfantes, os rituais da Igreja Católica foram o seu maior conforto.
Ela ainda era capaz de fazer as rezas em voz alta; sua voz profunda era mais
forte que as lágrimas abafadas de seus atendentes.
Após
o término, por volta das sete da manhã, a rainha foi descansar. Sua partida foi
tão pacífica que aqueles que a rodeavam não perceberam, à princípio, que ela
havia falecido. Maria tinha 42 (quarenta e dois) anos e cisto ovariano ou
câncer de útero são consideradas como a causa de sua morte.
Já
Joana I de Castela e Maria I de Portugal, foram chamadas de loucas. Há uma
constelação de estereótipos interessantes e intrigantes. Felizmente, a recente pesquisa na área de
História das Mulheres tem contribuído muito para desconstruir essas visões e
apresentar uma outra versão dos fatos ligados à vida dessas rainhas, menos
conhecidos do grande público, porém mais indicativos de suas personalidades.
Aliás,
Joana I, apesar de ter permanecido como Rainha de Castela e Leão, seu pai
Fernando II de Aragão foi regente até morrer, quando herdou Aragão também. Seu
filho Carlos I passou a governar como rei da Espanha, enquanto ela permanecia
nominalmente como como monarca. No
geral, foi uma rainha apenas em título, pois aqueles que ela mais amava, não a
permitiram governar.
Na
cidade de Torquemada, Joana I, a 14 de janeiro de 1507, dá à luz o sexto filho,
póstumo, do seu marido, uma menina batizada com o nome de Catarina. A demência da
rainha agravava-se. Não queria trocar de roupa nem se lavar.
Por
fim, Fernando II de Aragão, segundo a última vontade de Isabel I de Castela,
decidiu encerrá-la, com a pequena Catarina, em Tordesilhas, em fevereiro de
1509. Com a morte de Fernando II, Carlos I de Espanha tomou o poder. Catarina
saiu da companhia da mãe para se casar com João III de Portugal, mas Joana
viveu lá durante 46 (quarenta e seis) anos, sem sair do seu palácio.
A
literatura romântica a apresentou como uma figura enlouquecida por ciúmes[6], mas herdara da avó a
esquizofrenia que recairia em D. Carlos, seu neto. Sepultada na igreja de Santa
Clara, seu corpo foi trasladado em 1574 para a Capela Real de Granada, junto ao
do marido, sendo o castelo de Tordesilhas, onde morreu, demolido em 1771.
Maria
I de Portugal[7]
(1734-1816) foi rainha de Portugal entre 1777 e 1816. Foi a primeira mulher a herdar o trono de
Portugal, D. Maria I revolucionou a rígida administração anterior comandada
pelo marquês de Pombal. Seu primeiro ato
oficial foi demitir o marquês e pôr em prática um programa de liberalização do
regime.
D.
Maria I (Maria Francisca Isabel Josefa Antônia Gertrudes Rita Joana) nasceu no
Paço da Ribeira, Lisboa, Portugal, no dia 17 de dezembro de 1734. Era a filha
primogênita do rei José I de Portugal e de Mariana Vitória de Bourbon - filha
do rei da Espanha D. Filipe V e de sua segunda mulher, Isabel Farnésio.
Quando
subiu ao trono, D. Maria I encontra as prisões cheias de presos políticos,
adversários da pessoa e da política do marquês de Pombal. Entre eles, alguns padres jesuítas, o bispo
de Coimbra, os sobreviventes do massacre dos Távoras e os irmãos bastardos de
D. José. D. Maria I desejava um regresso da influência da Igreja e da alta
nobreza sobre o Estado e a extinção de algumas medidas políticas e econômicas
implantadas pelo Marquês de Pombal[8], que foi afastado do
governo e exilado em Pombal.
Todos
os presos estavam em estado lastimável e formam postos em liberdade. Essas
medidas de clemência, reveladas pela rainha, viria a torná-la extremamente
popular entre o povo e a realeza, sendo considerada “a mãe do povo” e uma
santa.
O
dia 25 de maio de 1786 morreu no Paço de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa, o
rei D. Pedro III. Dois anos depois surgiram os primeiros sinais de demência da
rainha, ano em que viu morrer sucessivamente, uma das pessoas de sua maior
confiança, o marquês de Angeja, os seus filhos D. José, príncipe herdeiro, a
princesa D. Mariana Vitórias e o infante D. Gabriel, todos eles vítimas da
varíola.
Aterrorizada
com a Revolução Francesa, não reconheceu a Convenção de 1792. No dia 10
fevereiro de 1792, uma junta médica declarou-a incapaz de governar. Foi por
isso chamada “a louca”.
A
família real portuguesa transferiu-se para o Brasil a 29 de novembro de 1807
deixando Portugal à mercê do invasor Junot invadiu Lisboa sendo nomeado
governador de Portugal. A 1º de agosto de 1808, o Duque de Wellington desembarcou
em Portugal e tem início a Guerra Peninsular. Entre 1809 e 1810, o exército
luso-britânico lutou contra as forças invasoras de Napoleão[9], nomeadamente na Batalha
do Buçaco.
Quando
Napoleão foi derrotado em 1815, Maria e a família real encontravam-se ainda no
Brasil. Dos membros da realeza, porém, foi a que se manteve mais calma,
chegando a declarar: Não corram tanto, vão pensar que estamos a fugir.
D.
Maria[10] viveu no Brasil por oito
anos, sempre em estado de incapacitação. Finalmente, morreu no Convento do
Carmo, na cidade do Rio de Janeiro, em 20 de março de 1816, aos 81 (oitenta e
um) anos de idade. Após as cerimónias fúnebres, seu corpo foi sepultado no
Convento da Ajuda, também no Rio. Com sua morte, o Príncipe Regente D. João foi
aclamado Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Em
1821, após o retorno da Família Real para Portugal[11], seus restos mortais
foram transladados para Lisboa e sepultados em um mausoléu na Basílica da
Estrela, igreja que ela mesma mandou erguer.
Nos
séculos XVII e XVIII, o governo das mulheres continuou forte, com nomes como
Cristina da Suécia, Ana I do Reino Unido, Isabel I e Catarina II da Rússia,
Maria Teresa da Áustria[12], entre outras.
Atualmente, o melhor exemplo de rainha reinante de que dispomos é Elizabeth II[13] do Reino Unido, que em
2015 se tornou a monarca que por mais tempo governou na história da
Grã-Bretanha.
Referências:
DRUMMOND,
Renato. O historiador das Rainhas Trágicas (Entrevista). Entrevista concedida a
Bruno Leal Pastor de Carvalho. In: Café História – história feita com cliques.
Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/o-historiador-das-rainhas-trágicas/
. Publicado em: 8 out. 2017. Acesso em 31.7.2021.
DRUMMOND
NETO, Renato. Rainhas Trágicas. Quinze mulheres que moldaram o destino da
Europa. Rio de Janeiro: Editora Vogais, 2016.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão [et al]. Campinas: Editora UNICAMP, 1990. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/ppgcom/images/Hist%C3%B3ria-e-Mem%C3%B3ria.pdf Acesso em 02.08.2021.
[1]
Exigiu-se a "importação" de um carrasco francês, pois estes usavam a
espada. Para justificar a sua exigência, teria dito "uma Rainha da
Inglaterra não curva a cabeça para ninguém e em nenhuma situação", pois as
execuções com a espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça
erguida. Com um vestido de seda damasco cinzento, envolto numa estola de
arminho, uma capa que cobria o ombro de arminho, e acompanhada por suas damas
de honra, Ana Bolena dirigiu-se ao cadafalso, uma estrutura de madeira usada
para execuções, onde, minutos depois, um carrasco lhe cortaria a cabeça. A
calma e a segurança com que ela proferiu suas últimas palavras reverberaram na
multidão que se reuniu na Torre de Londres para testemunhar sua execução.
[2]
A queda da Bastilha foi o assalto popular à Bastilha, antiga prisão símbolo da
opressão do Antigo Regime francês. A
tomada dessa prisão foi consequência da tensão popular provocada pela crise
econômica e política que a França enfrentava no final do século XVIII. A tomada
da Bastilha foi organizada pela população de Paris no dia 14 de julho de 1789 e
tinha como objetivo ter acesso ao estoque de pólvora que lá ficava armazenado.
Esse fato aconteceu pouco depois do ataque ao Hotel dos Inválidos, local onde a
população parisiense havia obtido armamentos. A queda da Bastilha foi
considerada um grande marco na época, pois simbolizou o início da queda do
Antigo Regime e contribuiu para difundir o sentimento revolucionário – naquele
momento concentrado em Paris – para toda a França, tanto nas cidades menores
como nos agrupamentos rurais. Esse evento foi considerado pelos historiadores
como o início da Revolução Francesa, um período da história da França marcado
por grande agitação social e política. Além disso, esse episódio foi
estabelecido como referência pelos historiadores para determinar o início
cronológico do período conhecido como Idade Contemporânea.
[3]
A execução aconteceu no dia 16 de outubro, às 12 h. Seu corpo foi enterrado em
uma vala comum perto da atual igreja La Madeleine. Mais de vinte anos após sua
morte, seu corpo foi exumado junto com o de Luís XVI e agora se encontram na
Catedral de Saint-Denis (10,3 km ao norte de Paris), onde estão enterrados todos
os reis franceses junto com suas esposas. As controvérsias sobre a condenação
de Maria Antonieta começaram já na época de sua morte, em 1793. De um lado, ela
foi vista como símbolo da arrogância e da insensatez da monarquia francesa. De
outro, foi considerada uma mártir, quase uma santa, sacrificada por loucos que
tinham se voltado contra a ordem sagrada das coisas. Historiadores e biógrafos
fizeram diferentes julgamentos da rainha. Jonathan Sperber culpa a rainha por
ter exercido uma influência negativa sobre Luís XVI, muitas vezes retratado
como fraco e inseguro (em Europa revolucionária, 1780-1848). Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/execucao-de-maria-antonieta-na-guilhotina/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester
Domingues. Acesso em 02.8.2021.
[4]
Michel de Nostredame. O livro foi publicado pela primeira vez em 1555 e
raramente deixou de ser publicado desde a sua morte.me (Saint-Rémy-de-Provence,
14 ou 21 de dezembro de 1503 - Salon-de-Provence, 1 ou 2 de julho de 1566),
geralmente latinizado como Nostradamus, foi um astrólogo, médico e vidente
francês de renome, mais conhecido por seu livro Les Prophéties, uma
coleção de 942 quadras poéticas supostamente prevendo eventos futuros. A família de Nostradamus era
originalmente judia, mas havia se convertido ao catolicismo antes de ele
nascer. Ele estudou na Universidade de Avignon, mas foi forçado a sair após
pouco mais de um ano, quando a universidade foi fechada devido a um surto de
peste. Ele trabalhou como farmacêutico por vários anos antes de entrar na
Universidade de Montpellier, na esperança de obter um doutorado, mas foi
quase imediatamente expulso depois que seu trabalho como farmacêutico (um
comércio manual proibido pelos estatutos da universidade) foi descoberto.
[5]
A Rosa de Ouro é um ornamento precioso, feito de ouro puro, matizada
ligeiramente com vermelho, criada por hábeis ourives, que são abençoadas todos
os anos pelos papas, no quarto domingo da quaresma, chamado Domingo Lætare,
e, depois, oferecidas como símbolo permanente de reverência, estima e afeição
paterna a monarcas, personalidades ilustres, igrejas notáveis, governos e cidades
que tenham demonstrado seu espírito de lealdade para com a Santa Sé. Como o
próprio nome indica, ela representa uma rosa, um buquê de rosas ou uma pequena
roseira de ouro maciço. A flor dourada brilhando reflete a majestade de Cristo,
com uma simbologia muito apropriada porque os profetas O chamaram "a flor
do campo e o lírio dos vales". Sua fragrância, de acordo com Leão XIII
"mostra o odor doce de Cristo que deve ser difundido extensamente por seus
seguidores fiéis” (Acta, vol. VI, 104), e os espinhos e o matiz vermelho
relembram a sua paixão".
[6]
O que se pensava que ia ser um casamento romântico, rapidamente mudou de
figura. O problema principal foi a forma como a Corte de Flandres tratou a
comitiva de D. Joana, de tal forma, que em poucos meses Filipe, o Formoso,
manda embora grande parte das pessoas que faziam parte desta comitiva e que
tinham acompanhado D. Joana desde Espanha. Tudo isto, unido a uma atitude
conquistadora por parte de D. Filipe e que D. Joana não permitia, provoca o
aparecimento de ciúmes e de conflitos entre o casal. Ainda assim, Joana e
Filipe tiveram seis filhos: Leonor (1498). Foi Rainha de Portugal e em segundas
núpcias Rainha de França; Carlos (1500). Imperador Carlos I de Espanha e V da
Alemanha; Isabel (1501). Rainha da Dinamarca; Fernando (1503). Imperador da
Alemanha; Maria (1505). Rainha da Hungria e Boémia; Catarina (1507). Rainha e
Regente de Portugal.
[7]
D. Maria I (Lisboa, 17 de dezembro de 1734 – Rio de Janeiro, 20 de março de
1816), apelidada de "a Piedosa" e "a Louca", foi a Rainha
de Portugal e Algarves de 1777 até 1815, e também Rainha do Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves a partir do final de 1815 até sua morte. A soberana
era primogênita de Dom José I, e se tornou rainha em 1777, com a morte de seu
pai. Nascida em 1734, ela era Princesa da Beira e teve uma formação tipicamente
aristocrática. Quando seu pai assumiu, em 1750, passou a ter o título de
Princesa do Brasil. Seu governo foi comparativamente curto. Ligada à defesa da
aristocracia clássica, o reinado de Maria entrou em choque das reformas que
Portugal enfrentou durante a ascensão do Marquês de Pombal. Uma das figuras na
Corte mais aliadas a Maria era a consorte do Regente, Carlota Joaquina, com
quem a rainha conversava horas afins, trocando experiências. Além da convicção
em relação ao absolutismo, ambas compartilhavam frustrações em relação ao mundo
patriarcal monárquico e âmagos em relação ao respeito que não tinham por elas.
Porém, diferentemente de Carlota, a mãe de D. João tinha verdadeiros sentimentos
pelo marido.
[8]
Foi nomeado membro da Real Sociedade de História por D. João V, em 1733. No dia
2 de outubro de 1738, numa consolidação de aliança luso-britânica, foi nomeado
embaixador de Portugal na corte de Londres. Sua esposa muito doente não pode
acompanhá-lo falecendo no mesmo ano. Em 1743, Pombal retornou para Lisboa e, no
ano seguinte foi nomeado embaixador de Portugal na corte de Viena, na Áustria.
Chegou a Viena em 17 de abril de 1745. Nesse mesmo ano casou-se com Maria
Leonor Ernestina Daun, condessa de Daun. Ficou em Viena até 1748 com a
finalidade de atuar como mediador no conflito entre o papa e a rainha da
Hungria e da Boêmia, imperatriz Maria Teresa. Em 1749 encerrou sua missão em
Londres e retornou para Lisboa. Em 1777, com a morte do rei D. José I, o poder
de Pombal ruiu. D. Maria I decreta a anistia para os numerosos presos
políticos. Rapidamente, seus inimigos conseguiram neutralizar sua influência na
corte. No dia 4 de março o Marquês de Pombal é demitido por decreto-régio, acusado
de abuso de poder e peculato, teve que responder a um inquérito e um processo
que o julgou culpado. Sua avançada idade é considerada e o marquês foi forçado
a abandonar a capital e partir para reclusão em sua quinta.
[9]Leiam
o artigo: “A culpa é de Napoleão”. Disponível em: https://giseleleite2.jusbrasil.com.br/artigos/840040976/a-culpa-e-de-napoleao
Acesso em 2.8.2021. O texto aponta o Código Napoleão de 1804 como um grande
vetor influenciador do direito brasileiro, notadamente do direito civil
brasileiro. E ainda, o artigo "O Código Napoleão e sua influência no
Direito Brasileiro", de autoria de Sylvio Capanema de Souza, disponível
em: https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista26/revista26_36.pdf Acesso em 2.8.2021.
[10]
O Governo de D. Maria I, a louca, fica conhecido como “A Viradeira”, pois ela
adota algumas medidas que vetaram certas medidas pombalinas, ela vetou e propôs
medidas contrárias, para beneficiar a Inglaterra. Só não vetou a mudança de
capital e nem a expulsão dos jesuítas. A
democratização da administração; Resolução de questões sobre os limites do
Brasil; Proibição do tráfico de ideias, dos “maléficos princípios franceses”
(liberdade, igualdade e fraternidade); propôs o Alvará de 1785: proibiu a
construção de manufaturas no Brasil, é uma medida da Viradeira. Só não proibiu
as indústrias de algodão-cru, que eram vestimentas dos escravos; privilegiava e
incentivava a exploração de ouro e a prática agrícola; Execução da Derrama:
gerou revoltas em Vila Rica; Durante o seu governo ocorreram as revoltas
emancipacionistas da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana.
[11]
A volta de D. João à Portugal ocorreu em 1821, como consequência direta da
Revolução do Porto de 1820 e da convocação das Cortes, que idealizavam o
retorno da família real e da Corte portuguesa, esta última entendida como o
conjunto de órgãos públicos responsáveis pela administração do Estado.
Aquietados os ânimos com a expulsão dos franceses de Portugal e seus sucessivos
reveses militares, iniciaram-se os pedidos pela volta da família real e de toda
a Corte para a Europa. A situação em que ficara a antiga metrópole e o
sentimento de orfandade dos súditos pela ausência do monarca e pela situação de
dependência em relação a decisões tomadas no Brasil eram extremamente perigosos
e exigiam providências. Isso não passava despercebido pelos ingleses, como
registrava D. Rodrigo de Sousa Coutinho, e estes não se furtavam a oferecer
conselhos. O agravamento da situação de descontentamento era também percebido
por colaboradores mais próximos a D. João, como é o caso de Tomas Antonio de
Vila-Nova Portugal, que pouco antes do movimento revolucionário do Porto
escreveu ao rei sugerindo ações face ao descontentamento crescente em Portugal.
[12]
Maria Teresa Valburga Amália Cristina da Áustria (em alemão: Maria Theresia
Walburga Amalia Christina von Österreich, em húngaro: Habsburg Mária Terézia;
Viena, 13 de maio de 1717, Viena, 29 de novembro de 1780), foi a primeira e
única mulher a governar sobre os domínios habsbúrgicos e a última chefe da Casa
de Habsburgo (a partir de seu casamento a Casa Real passou a denominar-se Casa
de Habsburgo-Lorena). Foi soberana da Áustria Hungria, Boêmia, Croácia, Mântua,
Milão, Galícia e Lodomeria, Parma e Países Baixos Austríacos, de 1740 até a sua
morte. Pelo casamento, tornou-se duquesa da Lorena, grã-duquesa da Toscana e
imperatriz consorte do Sacro Império Romano Germânico. É considerada um dos
déspotas esclarecidos. Chefiou um dos
estados mais importantes de seu tempo, governando grande parte da Europa
Central. Francisco I morreu em 18 de agosto de 1765, enquanto ele e toda a
corte estavam em Innsbruck, celebrando o casamento de seu segundo filho,
Leopoldo. Maria Teresa ficou devastada. Seu filho mais velho tornou-se
imperador do Sacro Império Romano-Germânico (José II) e ela abandonou todo o
tipo de ornamentação, passando a usar os cabelos curtos, pintando seus
aposentos de preto e vestindo luto pelo resto de sua vida, além de retirar-se
totalmente da vida na corte, deixando de comparecer a eventos públicos e ao
teatro. Durante sua viuvez, passava os meses de agosto e todo 18º dia de cada
mês sozinha em seu quarto, o que afetou negativamente sua saúde mental. Ela
própria descreveu seu estado de espírito após a morte do marido: Eu mal conheço a mim mesma agora, pois
tornei-me algo como um animal: sem vida verdadeira ou poder de raciocínio.