Trágicas rainhas estereotipadas

As rainhas trágicas não eram santas, nem demônios, apenas possuíam diferentes perfis femininos que traduzem a força e determinação da mulher que exerceu poder real e influiu na história da humanidade.

Fonte: Gisele Leite

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Existiram muitas rainhas trágicas onde encontramos personagens reais como Ana Bolena[1], Mary Stuart, Maria Antonieta e Elizabeth I. Em verdade, existiram dezoito soberanas da Antiguidade até os tempos modernos e que tiveram um final infeliz, marcado por morte violenta. Tais mulheres eram trágicas pelos pesados estereótipos que carregavam sobre os ombros.

A historiadora Jenny Wormald concluiu que Mary Stuart, por exemplo, foi uma falha trágica que não conseguiu lidar com as exigências colocadas sobre ela, porém, sua visão foi dissidente ao não dizer que a rainha era um peão nas mãos dos nobres do reino. Mary Stuart fugiu para a Inglaterra e pediu ajuda a sua prima Elizabeth I, que a tomou sob sua proteção, mas na verdade era uma prisioneira. Durante 19 (dezenove) anos foi mantida em diversos castelos.

Muitos inimigos pediam a morte de Mary, mas Elizabeth recusava todos os pedidos de soltura, até ser informada de seu envolvimento na rebelião de Babington, em 1586, para assassiná-la, uma vez que ela era filha ilegítima de Henrique VIII com Ana Bolena.

Mary, então, foi levada a julgamento, considerada culpada de traição e, por derradeiro, condenada à morte. Foi executada no castelo de Fotheringhay, na Inglaterra, no dia 8 de fevereiro de 1587. Foi sepultada na Catedral de Peterborougl, mas depois, seus restos mortais foram transferidos para a Abadia de Westminster.

Ana Bolena, por exemplo, ainda hoje é chamada de prostituta, adúltera e, ainda, incestuosa. Ana foi traída pela irmã e acusada de ter um caso com seu irmão caçula. Jorge Bolena, o segundo Visconde de Rochford, foi filho de Tomás Bolena e Isabel Howard, irmão mais novo de Ana Bolena. Em maio de 1536, ele foi acusado juntamente com sua irmã por adultério, incesto e traição.  Após sua morte, a filha Elizabeth I teve uma infância sofrida.

Existiu também Maria Antonieta cuja fama de perdulária, segundo alguns, teria levado a França à miséria, e ainda seus momentos de descaso ou de deboche que diante do protesto da população francesa teria afirmado que se o povo não tinha pão, que então comesse brioches.

Após a queda da Bastilha[2], a rainha tentou convencer Luís XVI a opor-se às restrições impostas pela Assembleia Nacional. A pressão popular obrigou os soberanos a retornar de Versalhes para Paris, onde ficaram como reféns dos revolucionários. Em 1791, os soberanos tentaram fugir de Paris, mas foram detidos em Varennes pelas forças revolucionárias e, novamente, conduzidos a Paris.

A execução de Maria Antonieta da Áustria foi a aplicação da sentença de morte pela guilhotina e ocorreu em 16 de outubro de 1793 que fora pronunciada pelo Tribunal Revolucionário, depois de julgamento que durou dois dias.

Maria Antonieta, liderada pelo carrasco, Henri Sanson, foi para o tribunal, onde uma carruagem a esperava. Ela foi posta em uma bandeja de madeira, colocada sobre os eixos, e desenhada por duas Percherons. Com as mãos atadas atrás das costas, Maria Antonieta subiu as escadas com a ajuda de Henri Sanson.

O padre St. Landry que era um padre Constitucional nomeado pelo Tribunal Revolucionário, acompanhou o processo como confessor. Por não ter tido a escolha de seu sacerdote confessor, como aconteceu com seu marido, o rei Luís XVI, Maria Antonieta recusou os serviços impostos por St. Landry.

Maria Antonieta, com leveza e velocidade, sem a necessidade de ser apoiada apesar de suas mãos ainda estarem amarradas, subiu as escadas para o cadafalso, perdendo um de seus sapatos (que agora faz parte da coleção do Musée des Beaux-Arts de Caen).

Alega-se que ela teria andado com um dos sapatos do carrasco e suas últimas palavras teriam sido: "Senhor, eu imploro seu perdão, eu não quis dizer isso". Ela não se dirigiu às pessoas como Luís XVI conforme havia feito nove meses antes. O embate no tabuleiro foi então auxiliado. Enfim, a moldura de madeira se fechou e machado caiu. Em 15 (quinze) segundos, o ato fatal foi plenamente consumado[3].

Henri Sanson, então, tomou a cabeça de Maria Antonieta pelos cabelos, e acenou para mostrá-la a multidão, que explodiu em milhares de "Viva a República! Viva a Liberdade!".

Já Catarina de Médici a grande imoladora de protestantes. Apesar de que alguns historiadores teriam a isentado da culpa pelas piores decisões da coroa, apesar de evidências de sua célebre crueldade possam ser lidas em suas cartas.

Sua política era eivada de medidas drásticas para manter a monarquia dos Valois a qualquer custo e sem ela, muito provavelmente seus filhos não teriam permanecido no poder. Foi considerada a mulher mais poderosa da Europa no século XVI.

No dia 5 de janeiro de 1589, porém, Catarina de Médicis mal conseguia falar e, com grande dificuldade, ditou um testamento na presença do filho e da rainha Luísa. No leito de morte, Catarina pôde constatar a veracidade das profecias feitas por Nostradamus[4] sobre o fim de sua dinastia. Felizmente para Catarina, não viveu o suficiente para enterrar o corpo de seu filho, Henrique III, assassinado oito meses depois por um fanático religioso. Ela morreu naquele dia 5 de janeiro, à uma e meia da tarde, em decorrência de uma bronquite pulmonar.

Também Maria I, da Inglaterra alcunhada de " a sanguinária". Em seu reinado, Maria reverteu as reformas religiosas implantadas por Eduardo e o protestantismo passou a ser proibido na Inglaterra. Em 1556, ela se tornou Rainha Consorte da Espanha graças ao seu casamento com Filipe II, único filho de seu primo, Carlos V.

O matrimônio foi recebido com uma revolta popular organizada por Thomas Wyatt, que buscava depô-la em favor de sua meia-irmã; no entanto, o levante fracassou e Isabel foi aprisionada na Torre de Londres.

Por outro lado, Maria não teve filhos, passou por duas gravidezes psicológicas, uma em 1554 e outra em 1557, o que a fez ser ridicularizada na Europa, tornando a sucessão de Isabel iminente. No entanto, Maria só veio reconhecê-la como sucessora dias antes de sua morte, em 1558.

Maria é reconhecida como a primeira mulher a obter sucesso na reivindicação do trono da Inglaterra, a imperatriz Matilde fracassou em sua tentativa, apesar da concorrência e determinação dos opositores. Em seus primeiros anos, gozava de apoio popular e simpatia, principalmente pela população católica.

Apesar de seu reinado ser lembrado pelas perseguições aos protestantes, que lhe renderam a alcunha de "Maria Sangrenta", suas políticas de reforma fiscal, expansão naval e exploração colonial se tornaram bem-sucedidas no Período Isabelino. Além disso, foi honrada pelo Papa Paulo IV com uma Rosa de Ouro[5].

Após sua segunda gravidez psicológica, Maria estava fraca e doente em maio de 1558. Em seus últimos dias, ela "confortou todos aqueles que se afligiam por seu delicado estado [de saúde]" e lhes contou que bons sonhos ela teve, onde "muitas crianças pequenas, como anjos, tocavam e cantavam notas agradáveis para ela".

Antes da meia noite de quarta-feira, Maria teve seus últimos rituais em seus aposentos no Palácio de St. James. Às seis horas da manhã de 17 de novembro, antes do amanhecer de um dia de outono, Maria foi à missa, como fazia diariamente.

Em dias difíceis ou triunfantes, os rituais da Igreja Católica foram o seu maior conforto. Ela ainda era capaz de fazer as rezas em voz alta; sua voz profunda era mais forte que as lágrimas abafadas de seus atendentes.

Após o término, por volta das sete da manhã, a rainha foi descansar. Sua partida foi tão pacífica que aqueles que a rodeavam não perceberam, à princípio, que ela havia falecido. Maria tinha 42 (quarenta e dois) anos e cisto ovariano ou câncer de útero são consideradas como a causa de sua morte.

Já Joana I de Castela e Maria I de Portugal, foram chamadas de loucas. Há uma constelação de estereótipos interessantes e intrigantes.  Felizmente, a recente pesquisa na área de História das Mulheres tem contribuído muito para desconstruir essas visões e apresentar uma outra versão dos fatos ligados à vida dessas rainhas, menos conhecidos do grande público, porém mais indicativos de suas personalidades.

Aliás, Joana I, apesar de ter permanecido como Rainha de Castela e Leão, seu pai Fernando II de Aragão foi regente até morrer, quando herdou Aragão também. Seu filho Carlos I passou a governar como rei da Espanha, enquanto ela permanecia nominalmente como como monarca.  No geral, foi uma rainha apenas em título, pois aqueles que ela mais amava, não a permitiram governar.

Na cidade de Torquemada, Joana I, a 14 de janeiro de 1507, dá à luz o sexto filho, póstumo, do seu marido, uma menina batizada com o nome de Catarina. A demência da rainha agravava-se. Não queria trocar de roupa nem se lavar.

Por fim, Fernando II de Aragão, segundo a última vontade de Isabel I de Castela, decidiu encerrá-la, com a pequena Catarina, em Tordesilhas, em fevereiro de 1509. Com a morte de Fernando II, Carlos I de Espanha tomou o poder. Catarina saiu da companhia da mãe para se casar com João III de Portugal, mas Joana viveu lá durante 46 (quarenta e seis) anos, sem sair do seu palácio.

A literatura romântica a apresentou como uma figura enlouquecida por ciúmes[6], mas herdara da avó a esquizofrenia que recairia em D. Carlos, seu neto. Sepultada na igreja de Santa Clara, seu corpo foi trasladado em 1574 para a Capela Real de Granada, junto ao do marido, sendo o castelo de Tordesilhas, onde morreu, demolido em 1771.

Maria I de Portugal[7] (1734-1816) foi rainha de Portugal entre 1777 e 1816.   Foi a primeira mulher a herdar o trono de Portugal, D. Maria I revolucionou a rígida administração anterior comandada pelo marquês de Pombal.  Seu primeiro ato oficial foi demitir o marquês e pôr em prática um programa de liberalização do regime.

D. Maria I (Maria Francisca Isabel Josefa Antônia Gertrudes Rita Joana) nasceu no Paço da Ribeira, Lisboa, Portugal, no dia 17 de dezembro de 1734. Era a filha primogênita do rei José I de Portugal e de Mariana Vitória de Bourbon - filha do rei da Espanha D. Filipe V e de sua segunda mulher, Isabel Farnésio.

Quando subiu ao trono, D. Maria I encontra as prisões cheias de presos políticos, adversários da pessoa e da política do marquês de Pombal.  Entre eles, alguns padres jesuítas, o bispo de Coimbra, os sobreviventes do massacre dos Távoras e os irmãos bastardos de D. José. D. Maria I desejava um regresso da influência da Igreja e da alta nobreza sobre o Estado e a extinção de algumas medidas políticas e econômicas implantadas pelo Marquês de Pombal[8], que foi afastado do governo e exilado em Pombal.

Todos os presos estavam em estado lastimável e formam postos em liberdade. Essas medidas de clemência, reveladas pela rainha, viria a torná-la extremamente popular entre o povo e a realeza, sendo considerada “a mãe do povo” e uma santa.

O dia 25 de maio de 1786 morreu no Paço de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa, o rei D. Pedro III. Dois anos depois surgiram os primeiros sinais de demência da rainha, ano em que viu morrer sucessivamente, uma das pessoas de sua maior confiança, o marquês de Angeja, os seus filhos D. José, príncipe herdeiro, a princesa D. Mariana Vitórias e o infante D. Gabriel, todos eles vítimas da varíola.

Aterrorizada com a Revolução Francesa, não reconheceu a Convenção de 1792. No dia 10 fevereiro de 1792, uma junta médica declarou-a incapaz de governar. Foi por isso chamada “a louca”.

A família real portuguesa transferiu-se para o Brasil a 29 de novembro de 1807 deixando Portugal à mercê do invasor Junot invadiu Lisboa sendo nomeado governador de Portugal. A 1º de agosto de 1808, o Duque de Wellington desembarcou em Portugal e tem início a Guerra Peninsular. Entre 1809 e 1810, o exército luso-britânico lutou contra as forças invasoras de Napoleão[9], nomeadamente na Batalha do Buçaco.

Quando Napoleão foi derrotado em 1815, Maria e a família real encontravam-se ainda no Brasil. Dos membros da realeza, porém, foi a que se manteve mais calma, chegando a declarar: Não corram tanto, vão pensar que estamos a fugir.

D. Maria[10] viveu no Brasil por oito anos, sempre em estado de incapacitação. Finalmente, morreu no Convento do Carmo, na cidade do Rio de Janeiro, em 20 de março de 1816, aos 81 (oitenta e um) anos de idade. Após as cerimónias fúnebres, seu corpo foi sepultado no Convento da Ajuda, também no Rio. Com sua morte, o Príncipe Regente D. João foi aclamado Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Em 1821, após o retorno da Família Real para Portugal[11], seus restos mortais foram transladados para Lisboa e sepultados em um mausoléu na Basílica da Estrela, igreja que ela mesma mandou erguer.

Nos séculos XVII e XVIII, o governo das mulheres continuou forte, com nomes como Cristina da Suécia, Ana I do Reino Unido, Isabel I e Catarina II da Rússia, Maria Teresa da Áustria[12], entre outras. Atualmente, o melhor exemplo de rainha reinante de que dispomos é Elizabeth II[13] do Reino Unido, que em 2015 se tornou a monarca que por mais tempo governou na história da Grã-Bretanha.

Referências:

DRUMMOND, Renato. O historiador das Rainhas Trágicas (Entrevista). Entrevista concedida a Bruno Leal Pastor de Carvalho. In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: https://www.cafehistoria.com.br/o-historiador-das-rainhas-trágicas/ . Publicado em: 8 out. 2017. Acesso em 31.7.2021.

DRUMMOND NETO, Renato. Rainhas Trágicas. Quinze mulheres que moldaram o destino da Europa. Rio de Janeiro: Editora Vogais, 2016.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão [et al]. Campinas: Editora UNICAMP, 1990. Disponível em: https://www.ufrb.edu.br/ppgcom/images/Hist%C3%B3ria-e-Mem%C3%B3ria.pdf   Acesso em 02.08.2021.

Notas:

[1] Exigiu-se a "importação" de um carrasco francês, pois estes usavam a espada. Para justificar a sua exigência, teria dito "uma Rainha da Inglaterra não curva a cabeça para ninguém e em nenhuma situação", pois as execuções com a espada eram feitas com a vítima ajoelhada, mas com a cabeça erguida. Com um vestido de seda damasco cinzento, envolto numa estola de arminho, uma capa que cobria o ombro de arminho, e acompanhada por suas damas de honra, Ana Bolena dirigiu-se ao cadafalso, uma estrutura de madeira usada para execuções, onde, minutos depois, um carrasco lhe cortaria a cabeça. A calma e a segurança com que ela proferiu suas últimas palavras reverberaram na multidão que se reuniu na Torre de Londres para testemunhar sua execução.

[2] A queda da Bastilha foi o assalto popular à Bastilha, antiga prisão símbolo da opressão do Antigo Regime francês.  A tomada dessa prisão foi consequência da tensão popular provocada pela crise econômica e política que a França enfrentava no final do século XVIII. A tomada da Bastilha foi organizada pela população de Paris no dia 14 de julho de 1789 e tinha como objetivo ter acesso ao estoque de pólvora que lá ficava armazenado. Esse fato aconteceu pouco depois do ataque ao Hotel dos Inválidos, local onde a população parisiense havia obtido armamentos. A queda da Bastilha foi considerada um grande marco na época, pois simbolizou o início da queda do Antigo Regime e contribuiu para difundir o sentimento revolucionário – naquele momento concentrado em Paris – para toda a França, tanto nas cidades menores como nos agrupamentos rurais. Esse evento foi considerado pelos historiadores como o início da Revolução Francesa, um período da história da França marcado por grande agitação social e política. Além disso, esse episódio foi estabelecido como referência pelos historiadores para determinar o início cronológico do período conhecido como Idade Contemporânea.

[3] A execução aconteceu no dia 16 de outubro, às 12 h. Seu corpo foi enterrado em uma vala comum perto da atual igreja La Madeleine. Mais de vinte anos após sua morte, seu corpo foi exumado junto com o de Luís XVI e agora se encontram na Catedral de Saint-Denis (10,3 km ao norte de Paris), onde estão enterrados todos os reis franceses junto com suas esposas. As controvérsias sobre a condenação de Maria Antonieta começaram já na época de sua morte, em 1793. De um lado, ela foi vista como símbolo da arrogância e da insensatez da monarquia francesa. De outro, foi considerada uma mártir, quase uma santa, sacrificada por loucos que tinham se voltado contra a ordem sagrada das coisas. Historiadores e biógrafos fizeram diferentes julgamentos da rainha. Jonathan Sperber culpa a rainha por ter exercido uma influência negativa sobre Luís XVI, muitas vezes retratado como fraco e inseguro (em Europa revolucionária, 1780-1848). Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/execucao-de-maria-antonieta-na-guilhotina/  - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues.  Acesso em 02.8.2021.

[4] Michel de Nostredame. O livro foi publicado pela primeira vez em 1555 e raramente deixou de ser publicado desde a sua morte.me (Saint-Rémy-de-Provence, 14 ou 21 de dezembro de 1503 - Salon-de-Provence, 1 ou 2 de julho de 1566), geralmente latinizado como Nostradamus, foi um astrólogo, médico e vidente francês de renome, mais conhecido por seu livro Les Prophéties, uma coleção de 942 quadras poéticas supostamente prevendo eventos futuros.  A família de Nostradamus era originalmente judia, mas havia se convertido ao catolicismo antes de ele nascer. Ele estudou na Universidade de Avignon, mas foi forçado a sair após pouco mais de um ano, quando a universidade foi fechada devido a um surto de peste. Ele trabalhou como farmacêutico por vários anos antes de entrar na Universidade de Montpellier, na esperança de obter um doutorado, mas foi quase imediatamente expulso depois que seu trabalho como farmacêutico (um comércio manual proibido pelos estatutos da universidade) foi descoberto.

[5] A Rosa de Ouro é um ornamento precioso, feito de ouro puro, matizada ligeiramente com vermelho, criada por hábeis ourives, que são abençoadas todos os anos pelos papas, no quarto domingo da quaresma, chamado Domingo Lætare, e, depois, oferecidas como símbolo permanente de reverência, estima e afeição paterna a monarcas, personalidades ilustres, igrejas notáveis, governos e cidades que tenham demonstrado seu espírito de lealdade para com a Santa Sé. Como o próprio nome indica, ela representa uma rosa, um buquê de rosas ou uma pequena roseira de ouro maciço. A flor dourada brilhando reflete a majestade de Cristo, com uma simbologia muito apropriada porque os profetas O chamaram "a flor do campo e o lírio dos vales". Sua fragrância, de acordo com Leão XIII "mostra o odor doce de Cristo que deve ser difundido extensamente por seus seguidores fiéis” (Acta, vol. VI, 104), e os espinhos e o matiz vermelho relembram a sua paixão".

[6] O que se pensava que ia ser um casamento romântico, rapidamente mudou de figura. O problema principal foi a forma como a Corte de Flandres tratou a comitiva de D. Joana, de tal forma, que em poucos meses Filipe, o Formoso, manda embora grande parte das pessoas que faziam parte desta comitiva e que tinham acompanhado D. Joana desde Espanha. Tudo isto, unido a uma atitude conquistadora por parte de D. Filipe e que D. Joana não permitia, provoca o aparecimento de ciúmes e de conflitos entre o casal. Ainda assim, Joana e Filipe tiveram seis filhos: Leonor (1498). Foi Rainha de Portugal e em segundas núpcias Rainha de França; Carlos (1500). Imperador Carlos I de Espanha e V da Alemanha; Isabel (1501). Rainha da Dinamarca; Fernando (1503). Imperador da Alemanha; Maria (1505). Rainha da Hungria e Boémia; Catarina (1507). Rainha e Regente de Portugal.

[7] D. Maria I (Lisboa, 17 de dezembro de 1734 – Rio de Janeiro, 20 de março de 1816), apelidada de "a Piedosa" e "a Louca", foi a Rainha de Portugal e Algarves de 1777 até 1815, e também Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a partir do final de 1815 até sua morte. A soberana era primogênita de Dom José I, e se tornou rainha em 1777, com a morte de seu pai. Nascida em 1734, ela era Princesa da Beira e teve uma formação tipicamente aristocrática. Quando seu pai assumiu, em 1750, passou a ter o título de Princesa do Brasil. Seu governo foi comparativamente curto. Ligada à defesa da aristocracia clássica, o reinado de Maria entrou em choque das reformas que Portugal enfrentou durante a ascensão do Marquês de Pombal. Uma das figuras na Corte mais aliadas a Maria era a consorte do Regente, Carlota Joaquina, com quem a rainha conversava horas afins, trocando experiências. Além da convicção em relação ao absolutismo, ambas compartilhavam frustrações em relação ao mundo patriarcal monárquico e âmagos em relação ao respeito que não tinham por elas. Porém, diferentemente de Carlota, a mãe de D. João tinha verdadeiros sentimentos pelo marido.

[8] Foi nomeado membro da Real Sociedade de História por D. João V, em 1733. No dia 2 de outubro de 1738, numa consolidação de aliança luso-britânica, foi nomeado embaixador de Portugal na corte de Londres. Sua esposa muito doente não pode acompanhá-lo falecendo no mesmo ano. Em 1743, Pombal retornou para Lisboa e, no ano seguinte foi nomeado embaixador de Portugal na corte de Viena, na Áustria. Chegou a Viena em 17 de abril de 1745. Nesse mesmo ano casou-se com Maria Leonor Ernestina Daun, condessa de Daun. Ficou em Viena até 1748 com a finalidade de atuar como mediador no conflito entre o papa e a rainha da Hungria e da Boêmia, imperatriz Maria Teresa. Em 1749 encerrou sua missão em Londres e retornou para Lisboa. Em 1777, com a morte do rei D. José I, o poder de Pombal ruiu. D. Maria I decreta a anistia para os numerosos presos políticos. Rapidamente, seus inimigos conseguiram neutralizar sua influência na corte. No dia 4 de março o Marquês de Pombal é demitido por decreto-régio, acusado de abuso de poder e peculato, teve que responder a um inquérito e um processo que o julgou culpado. Sua avançada idade é considerada e o marquês foi forçado a abandonar a capital e partir para reclusão em sua quinta.

[9]Leiam o artigo: “A culpa é de Napoleão”. Disponível em: https://giseleleite2.jusbrasil.com.br/artigos/840040976/a-culpa-e-de-napoleao Acesso em 2.8.2021. O texto aponta o Código Napoleão de 1804 como um grande vetor influenciador do direito brasileiro, notadamente do direito civil brasileiro. E ainda, o artigo "O Código Napoleão e sua influência no Direito Brasileiro", de autoria de Sylvio Capanema de Souza, disponível em: https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista26/revista26_36.pdf  Acesso em 2.8.2021.

[10] O Governo de D. Maria I, a louca, fica conhecido como “A Viradeira”, pois ela adota algumas medidas que vetaram certas medidas pombalinas, ela vetou e propôs medidas contrárias, para beneficiar a Inglaterra. Só não vetou a mudança de capital e nem a expulsão dos jesuítas.  A democratização da administração; Resolução de questões sobre os limites do Brasil; Proibição do tráfico de ideias, dos “maléficos princípios franceses” (liberdade, igualdade e fraternidade); propôs o Alvará de 1785: proibiu a construção de manufaturas no Brasil, é uma medida da Viradeira. Só não proibiu as indústrias de algodão-cru, que eram vestimentas dos escravos; privilegiava e incentivava a exploração de ouro e a prática agrícola; Execução da Derrama: gerou revoltas em Vila Rica; Durante o seu governo ocorreram as revoltas emancipacionistas da Inconfidência Mineira e da Conjuração Baiana.

[11] A volta de D. João à Portugal ocorreu em 1821, como consequência direta da Revolução do Porto de 1820 e da convocação das Cortes, que idealizavam o retorno da família real e da Corte portuguesa, esta última entendida como o conjunto de órgãos públicos responsáveis pela administração do Estado. Aquietados os ânimos com a expulsão dos franceses de Portugal e seus sucessivos reveses militares, iniciaram-se os pedidos pela volta da família real e de toda a Corte para a Europa. A situação em que ficara a antiga metrópole e o sentimento de orfandade dos súditos pela ausência do monarca e pela situação de dependência em relação a decisões tomadas no Brasil eram extremamente perigosos e exigiam providências. Isso não passava despercebido pelos ingleses, como registrava D. Rodrigo de Sousa Coutinho, e estes não se furtavam a oferecer conselhos. O agravamento da situação de descontentamento era também percebido por colaboradores mais próximos a D. João, como é o caso de Tomas Antonio de Vila-Nova Portugal, que pouco antes do movimento revolucionário do Porto escreveu ao rei sugerindo ações face ao descontentamento crescente em Portugal.

[12] Maria Teresa Valburga Amália Cristina da Áustria (em alemão: Maria Theresia Walburga Amalia Christina von Österreich, em húngaro: Habsburg Mária Terézia; Viena, 13 de maio de 1717, Viena, 29 de novembro de 1780), foi a primeira e única mulher a governar sobre os domínios habsbúrgicos e a última chefe da Casa de Habsburgo (a partir de seu casamento a Casa Real passou a denominar-se Casa de Habsburgo-Lorena). Foi soberana da Áustria Hungria, Boêmia, Croácia, Mântua, Milão, Galícia e Lodomeria, Parma e Países Baixos Austríacos, de 1740 até a sua morte. Pelo casamento, tornou-se duquesa da Lorena, grã-duquesa da Toscana e imperatriz consorte do Sacro Império Romano Germânico. É considerada um dos déspotas esclarecidos.  Chefiou um dos estados mais importantes de seu tempo, governando grande parte da Europa Central. Francisco I morreu em 18 de agosto de 1765, enquanto ele e toda a corte estavam em Innsbruck, celebrando o casamento de seu segundo filho, Leopoldo. Maria Teresa ficou devastada. Seu filho mais velho tornou-se imperador do Sacro Império Romano-Germânico (José II) e ela abandonou todo o tipo de ornamentação, passando a usar os cabelos curtos, pintando seus aposentos de preto e vestindo luto pelo resto de sua vida, além de retirar-se totalmente da vida na corte, deixando de comparecer a eventos públicos e ao teatro. Durante sua viuvez, passava os meses de agosto e todo 18º dia de cada mês sozinha em seu quarto, o que afetou negativamente sua saúde mental. Ela própria descreveu seu estado de espírito após a morte do marido:  Eu mal conheço a mim mesma agora, pois tornei-me algo como um animal: sem vida verdadeira ou poder de raciocínio.


Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: História Geral Rainhas Tragédias Monarquia Revolução Francesa História do Direito

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