Democratas versus populistas
A complexidade do ente estatal na Idade Contemporânea nos traz a democracia se digladiando com o populismo. E, as crises sanitárias e econômicas só vêm enfatizar a necessidade se rever e redimensionar a proteção dos direitos fundamentais e do bem comum.
Evidente que nos EUA há forte
democracia[1] mantida regiamente por um
capitalismo igualmente forte e eficaz. Tanto que apesar da tragicomédia
produzida por Donald Trump fracassou e Joe Biden assumiu a Presidência do país,
pois foi eleito.
É fato que a invasão do
Capitólio, a violência praticada nos informa sobre os tempos de infâmia. E, as
cotidianas instituições de controle não funcionaram adequadamente, não
obstante, exibirem forte transparência e atuarem com extrema lisura.
O que nos faz concluir que a
democracia norte-americana não está preparada para esses novos tempos. Os
tempos de infâmia e de riscos institucionais.
Comparando a nossa democracia
com a dos EUA[2],
por exemplo, a brasileira está em estágio inicial. Pois, os EUA vive sob o
regime democrático desde o século XIX, sendo uma das democracias vigentes, há
mais tempo, sem interrupção.
É verdade que o contexto
contemporâneo traz sérios ataques aos direitos humanos, aos imigrantes, aos
negros, aos islâmicos, aos deficientes, e, até mesmo, aos brancos.
A democracia consolidou-se ao
longo do século XX, sendo regime político balizado por princípios da igualdade
e da liberdade e pelos direitos de participação e contestação, além de
igualdade jurídica e liberdade política.
Firmou-se como modelo ideal e
é estudada por inúmeros intelectuais tais como Joseph Schumpeter e Robert Dahl.
O mais importante que o poder é compartilhado, fiscalizado e, portanto,
aperfeiçoado.
Realmente, a proliferação
fácil e dinâmica de fake news tornam cada vez mais auspicioso manter a
fé na democracia. Afinal, a Suprema Corte teve forçosamente que intervir em
muitas situações, como aquela em que a omissão no enfrentamento do coronavírus
que se revela em ser é assassina como o contágio do vírus.
Também nas eleições dos EUA, interveio
a Suprema Corte, quando Gore perdera para Bush não propriamente pelo voto, mas
pela decisão da Suprema Corte em prol de Bush. Tratou-se de uma decisão envergonhada que nem valeu como
precedente judicial.
Questionamo-nos: existirá uma
democracia preventiva e eficaz?
Num oceano de denúncias contra
a família do Presidente da República e, diante de milícias que progressivamente
vem assumindo o comando. E, as eleições de 2022 vive em frequente ameaça por
conta do atual governo brasileiro.
Infelizmente, falsas alegações
de fraude eleitoral jamais foram provadas e, permanece uma dúvida: depois de
tantos anos eleito regiamente pelas urnas eletrônicas, por que cargas d'água, a
votação deveria ser feita em papel?
Nos EUA canais de televisão, o
twitter, o facebook e o instagram já bloquearam as contas do presidente. E,
afinal, para ser presidente não basta o poder, precisa-se também de autoridade.
O que vem em forte declínio, o que o faz vociferar sobre eventual e futuro
golpe de Estado.
A democracia[3] militarizada podem
produzir figuras patéticas que erguem a voz para falácias e impropriedades
dignas de um anedotário. Do tipo: um manda e, o outro obedece...
Por dentro dos uniformes
reluzentes e de pomposas patentes já desfilaram muitos militares que vez, por
outra, são humilhados e despachados ao menor sinal de desagrado com a opinião massiva
de Bolsonaro. Que jamais admite ser contrariado. Agindo como uma criança mimada
de posse de seu novo brinquedinho.
Basta ver a alta rotatividade de
ministros no atual governo. Parece até a dança das cadeiras... Nunca foi tão
difícil lembrar quem está ocupando alguma pasta do Executivo brasileiro.
O preço da liberdade, já
diziam, é a eterna vigilância. Já afirmava o irlandês John Philpot Curran, o
que confirma a reflexão de que há positiva necessidade de se monitorar
continuamente os eventos que acontecem na sociedade humana, e, particularmente,
entre as nações, para que possamos identificar as ameaças reais...
O atual populismo bufão produz
séria crise na democracia. O populismo que basicamente se erige sobre três
elementos: a estratégia, a ideologia e o estilo. Desafia as elites políticas
estabelecidas e busca mobilizar vários grupos que não se sentem atendidos nem
ouvidos. Explorando o princípio da identificação freudiana até a exaustão.
E, lastreia-se em frágil
ideologia que aglutina mentalidades com um entendimento distorcido tanto da
história como da realidade dos fatos. E, o estilo que tenta quebrar tabus, chamando
a atenção da mídia e, procurando desinstitucionalizá-la.
Há os populistas de direita
que alimentam de uma perspectiva étnica e, até racista de pretenso povo
homogêneo. E, há os populistas de esquerda que defendem e advogam para os
pobres, desfavorecidos e explorados. Assim, o povo torna-se uma construção
socioeconômica e deve ser incluído.
É certo que democracias não são eternas e, portanto, são vulneráveis. E, o populismo com habilidade lhe ataca os flancos dessa vulnerabilidade e, procura desestabilizar e, o faz, em nome do povo.
O populismo é termo usado na
Ciência Política[4]
para explicar as práticas associadas aos governantes da América Latina durante
boa parte do século XX. A conhecida República populista segundo os
historiadores da Quarta República inclui Getúlio Vargas, JK e João Goulart. De
acordo com a organização feita pelo historiador e professor Marcos Napolitano,
esse conceito apresenta as seguintes características:
Relação direta e não
institucionalizada do líder com as massas: A relação do líder populista com o
povo era estabelecida por meio da influência de seu carisma sobre as massas.
Logo, não era um contato construído por nenhuma instituição política.
Forte nacionalismo econômico:
Tendência dos políticos a adotar medidas econômicas nacionalistas.
Discurso em defesa da união
das massas: O discurso era voltado para a conciliação das diferentes classes
sociais. Nesse sentido, o líder não falava em nome de uma classe específica,
mas sim em nome da nação.
Liderança política baseada no
carisma e no clientelismo: O papel de líder desempenhado pelo político
populista sustentava-se tanto no seu carisma quanto na rede de favores
desenvolvida a partir dele.
Frágil sistema partidário: Na
definição clássica, as nações populistas possuíam um sistema partidário frágil,
pois o poder político concentrava-se unicamente no líder, não nas instituições
políticas.
Basicamente são os direitos
das minorias que são ameaçados em prol da maioria de populistas de direita.
Percebe-se que as democracias
da Europa Ocidental bem como a dos EUA não estão sendo ameaçadas por crises
existenciais. O quadro é diverso.
Enquanto na América Latina,
como na Venezuela de frágil democracia e que foi transformada por populistas de
esquerda, montando um regime autoritário e extremamente corrupto. O mesmo vale
para a Nicarágua e, também para o Equador e a Bolívia. Em outros países da
América Latina, como os casos do peronismo (Argentina) e do cardenismo
(México). No caso do Brasil, o grande nome do populismo foi Getúlio Vargas,
presidente do país em dois momentos: 1930 a 1945 e 1951 a 1954.
Existem democracias
estabelecidas e que são estáveis o suficiente para enfrentar os desafios
trazidos pelo populismo[5]. E, observou-se um notável
progresso na democracia brasileira, apesar de atualmente, se encontrar
ameaçada.
Enfim, são válidas as palavras
de Sir Winston Churchill: “A democracia é o pior de todos os regimes políticos,
tirando aqueles que periodicamente estão sendo experimentados."
De fato, a experiência da
pandemia de coronavírus tem afeto o apoio à democracia brasileira. Os efeitos
deletérios dessa crise, sobretudo, o de caráter econômico parece afetar o
governo federal brasileiro dotado com nítidas tendencias autoritárias e
neopopulista.
É sabido que todo e qualquer
regime político depende da harmonização de dois elementos, a saber: a
legitimidade no sentido de ser reconhecido pelos governados e, de força no
sentido de ter hábil capacidade de agir e fazer cumprir suas deliberações.
As autênticas democracias
dependem, particularmente, de maior legitimidade e de obediência voluntária de forma que,
primariamente, precisam da anuência do povo em relação ao regime.
Já os regimes autoritários, ao
revés, se valem propriamente da força e da truculência apesar de que dependam
de alguma anuência popular para se manterem.
Quando a democracia tem a
legitimidade colocada em risco, há grandes chances de haver uma mudança
política para assassinar e liquidar o Estado Democrático de Direito.
A qualidade da democracia
tende a se deteriorar nas crises, devido, entre outros fatores, ao crescimento
de avaliação negativa dos cidadãos sobre a responsividade e das entregas
governamentais. Assim, os cidadãos[6] passam a retirar seu apoio
ao regime, prejudicando a legitimidade que é tão preciosa para a democracia.
Lembrando que a legitimidade
em questão é multidimensional e Norris nessa conceituação propõe cinco objetos
básicos: a comunidade política; os princípios do regime; o desempenho do
regime; as instituições do regime; os atores políticos.
Em verdade, no contexto de
choques econômicos e políticos da contemporaneidade, essa narrativa nada
liberal, tende ganhar força, sobretudo onde as raízes democráticas parecem ser
frágeis.
De sorte do que precisamos é
cultura democrática para amenizar os negativos efeitos das crises sobre a
legitimidade da democracia, quanto para imunizar o povo contra os apelos de
populistas e alternativas autoritárias que vendem soluções fáceis e céleres.
A pandemia de coronavírus é,
por muitos, considerada o evento mais trágico da história da humanidade, desde
a Segunda Guerra Mundial.
A pandemia é evento conectado
ao imponderável, tal como os desastres e catástrofes naturais e que impactam o
mercado. Sem deixar de se constatar
certa ambiguidade sobre tais impactos
sobre as democracias, tendo em vista que efeitos heterogêneos já foram também observados
em epidemias passadas, por conta de diferenças de poder e cultura política
entre as nações.
Há novo fato social: ao mesmo
tempo que a pandemia de Covid-19 guarda similaridade com as crises econômicas,
gera consequências inéditas na vida política dos cidadãos. pois restringe a
mobilidade social, demandando vigilância pública e impondo medidas de
confinamento e isolamento[7].
A corrente crise para a
sustentabilidade da democracia em países onde a democracia foi pouco consolidada, traz uma
série de tendências como o autoritarismo que parecem ser mais aptos a enfrentar
a crise e, mesmo até superá-la. Pois possuem numerosos instrumentos de poder e
dispostos a usar forças coercitivas.
Firmando com sucesso o
controle social, o que aponta o papel relevante da cultura democrática
lastreada em engajamento cívico e no capital social.
O governo atual brasileiro
impulsiona-se com coalização de oposição entre as elites políticas e econômicas e, assim, o
pós-pandemia no Brasil terá que ser auspicioso pois não basta o funcionamento
das instituições e o interesse prevalente das elites, mas também, a cultura
política das massas.
De toda sorte, o forte argumento da proteção dos direitos sociais fundamentais vem adquirindo novo papel no sistema jurídico brasileiro, deixando de ser meros instrumentos formais para apenas compensar a desigualdade existente e, passando a atuar como núcleos integradores e legitimadores do bem comum, pois somente assim, será possível garantir a segurança, a liberdade, a sustentação e a manutenção da sociedade humana[8].
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Notas:
[1]
A democracia tem como princípios uma série de fundamentos de organização
política dentro de uma sociedade, onde prevalecem: a liberdade individual
perante os representantes do poder político, em especial em face ao Estado; a
liberdade de expressão e opinião de vontade política de cada um; a igualdade de
direitos políticos e a possibilidade de oportunidades iguais para que povo e
partidos políticos possam se pronunciar
sobre decisões de interesse público. O conceito de democracia é mais antigo do
que se imagina. Surgiu na Grécia Antiga, em 510 a.C., quando o aristocrata
Clístenes, progressista, foi o líder de
uma revolução contra o último tirano a governar Atenas. Assim, após a
derrubada, iniciou reformas que ajudaram
a implantar a democracia. Dessa forma, Atenas se dividiu em dez unidades,
chamadas de “demos”, sendo o elemento principal da reforma política e
organizacional da cidade. Por conta disso, o novo regime foi denominado de “demokratia”.
O termo, inclusive, tem como significado “poder do povo”, já que “demo”
é “povo” e “kratia”, “poder”.
[2]
Apesar da contribuição da formação inglesa para a gênese da sociedade
democrática norte-americana, Tocqueville reconheceu que o restante da imigração
europeia igualmente contribuiu para a determinação do caráter democrática desta
sociedade. E, por dois motivos, a saber: a ausência de sentimento de
superioridade do imigrante e, as características da ocupação e colonização do
solo norte-americano.
[3]
A democracia direta acontece quando a população participa diretamente de todas
as decisões da esfera política por meio de votações, assembleias ou consultas
populares (referendos ou plebiscitos). Hoje não há nenhum exemplo de democracia
direta em vigor. Já a democracia indireta, ou também conhecida como
representativa, é o tipo mais comum do regime democrático. Acontece quando o
povo elege representantes que serão os responsáveis por decidir em nome da
população. São eleitos para mandatos políticos com validade determinada e,
teoricamente, devem agir em prol de seus eleitores. Na teoria, a democracia
semidireta é uma mistura dos dois modelos anteriores. Acontece por meio de
representação de políticos em mandatos, mas também pode contar com a
participação da população em certos momentos. O Brasil é adepto desse tipo de
sistema democrático, apesar de as consultas populares serem muito raras hoje em
dia. Com bases nos princípios do Liberalismo, a democracia liberal prega a
não-intervenção do Estado, seja na economia, seja nos direitos individuais dos
cidadãos. Assim, o Estado laico e o princípio da isonomia são importantes
conceitos dessa vertente democrática. Já a social-democracia é uma vertente
política que prega princípios de igualdade, liberdade e justiça social. Esse
último, inclusive, requer que o regime apoie a intervenção do Estado em um
papel de regulação do funcionamento da máquina pública, nas esferas política,
econômica e social. Essa combinação de proteção estatal aos direitos
individuais, intervencionismo econômico e busca por justiça social leva ao
conceito de bem-estar social, amplamente praticado em países desenvolvidos,
como Canadá, Portugal, Suécia, entre outros.
[4]
A delimitação da Ciência Política como campo autônomo e sistematicamente
organizado somente se deu na segunda metade do século XIX, dentro do contexto
do nascimento das ciências sociais, especialmente da Sociologia e Antropologia.
E, até então, o que os teóricos políticos haviam feito pendia mais para
especulações filosóficas do que propriamente para uma ciência. Foi Auguste
Comte quem postulou a necessidade de haver uma ciência humana capaz de estudar
rigorosamente a sociedade a fim de estabelecer mecanismos de progresso social.
E, com a com evolução metodológica, se deram com os estudos de filósofo,
sociólogo e economista Karl Marx, e de Émile Durkheim e outros pensadores.
[5]
É trivial a análise feita durante as décadas de 1960 e 1970 de que o populismo
representava etapa intermediária do processo de modernização capitalista. E,
tal análise defendia que as sociedades mais atrasadas tinham no populismo uma
fase intermediária até que a modernização do capitalismo acontecesse.
Considerado como forma para mediar os conflitos que aconteciam com a
urbanização e industrialização desses países.
[6] A soberania do cidadão é exercida na escolha
de quem pode governar, mas a efetividade dessa soberania depende de outros
direitos, como: a livre expressão do eleitor; a liberdade de associação
(voluntária, partidária, etc.); o livre acesso a diversas fontes de informação;
o direito de competir (ser votado) em condição de igualdade, independentemente
de sua renda, escolaridade, gênero, etnia, religião, coloração ideológica, etc.
[7]
O filósofo político italiano Nicolau Maquiavel, considerado um dos fundadores
da Ciência Política moderna, também ressaltou a importância do cidadão na sua
obra. Segundo ele, o povo seria
responsável pela preservação da comunidade, já que, para o autor, o Estado
(entendido como unidade política soberana, com estrutura própria e politicamente organizada, diferente
de “governo”) tenderia de forma natural à ruína. Contemporaneamente, entende-se
que o cidadão é membro do Estado e usufrui de direitos civis e políticos e, que
desempenha deveres que lhe são atribuídos pela sociedade a qual pertence. E,
não se limite àqueles que nasceram no território nacional.
[8]
Há importantes ideólogos liberais do século XIX, como Tocqueville, Sarmiento e
Alberdi que discutem o significado da democracia nos marcos da ordem liberal. A
Democracia na América, de Tocqueville foi um das publicações que repercutiram
profundamente nos meios intelectuais da América Latina, tornando-se uma
referência para o debate sobre os caminhos para a transformações da realidade.
Na perspectiva de Tocqueville, vemos que a democracia não era fenômeno
fortuito, mas movimento histórico irresistível de longa duração, e por ele
chamado de revolução democrática.