As tragédias do Titanic e do Titan
Por Gisele Leite.
O
famoso navio perdido no mar durante sua viagem inaugural ao atingir um iceberg,
volta aos holofotes depois do desaparecimento do submarino Titan durante uma
expedição ao Titanic no fundo do mar.
O
trágico fim do submarino Titan no Oceano Atlântico veio reavivar a
história do trágico naufrágio do Titanic que era um transatlântico de
passageiros que afundou na noite de 14 de abril de 1912, durante a sua viagem
inaugural. A grande magnitude do acidente assinala até hoje uma das tragédias
mais famosas da história.
O Titanic
foi o maior navio que foi construído e de acordo com a RMS Titanic Inc., a
empresa que recebeu os direitos de salvamento dos destroços do navio, a
embarcação alcançava 268 metros de comprimento.
Totaliza-se
mais de um século do naufrágio, mais exatamente, cento e onze anos.
A
primeira parte do navio ao colidir com o grande bloco de gelo foi o lado
direito. Pelo menos cinco dos compartimentos estanques (que recebem a água,
impedindo-a de invadir a embarcação) na proa foram rompidos, informa a
plataforma Britannica.
Assim
que o incidente ocorreu, o capitão Edward Smith ordenou o envio de sinais de
socorro, mas todos os navios próximos estavam muito distantes, relata a
enciclopédia.
O
marinheiro Frederick Fleet, que estava de guarda no RMS Titanic na noite
de 14 de abril, foi quem primeiro avistou o iceberg e avisou ao capitão Smith.
Fleet foi um dos sobreviventes.
Enquanto
isso, os barcos salva-vidas começaram a ser lançados com prioridade para
mulheres e crianças, mas não havia espaço suficiente para todos. A RMS
Titanic Inc. (as letras RMS significam Navio do Correio
Real) reconhece que, mesmo que os 20
(vinte) barcos salva-vidas tivessem sido cheios até a capacidade, só haveria espaço
para 1178 pessoas, bem abaixo do número total de pessoas no navio, que
transportava 2435 passageiros e 892
tripulantes
Para
piorar a situação, os barcos salva-vidas foram lançados sem que a capacidade
máxima fosse atingida. Segundo a Britannica, apenas 705 pessoas foram
resgatadas.
A
temperatura da água era de aproximadamente -2° Celsius (negativos), portanto,
aqueles que se jogaram ao mar com coletes salva-vidas podem ter sofrido
hipotermia ou ataque cardíaco, de acordo com a empresa responsável pelo
salvamento dos destroços da embarcação.
Curiosamente,
os oito músicos haviam sido contratados para acompanhar os passageiros durante
a viagem. Como visto no filme Titanic, de James Cameron (1997), eles
tocaram até o último momento possível, apesar
do desastre.
Não há
detalhes sobre quanto tempo tocaram, embora se acredite que a música continuou
até pouco antes do naufrágio total do navio. Também há especulações sobre qual
foi a última melodia performada.
De
acordo com a Britannica, as
candidatas são Songe d'Automne ou Nearer My God to Thee. Infelizmente,
nenhum dos músicos sobreviveu.
Quando
a proa do Titanic embarcou mar abaixo, a popa se elevou, saindo da água.
Por volta das 2h18 da manhã do dia 15 de abril, as luzes se apagaram e o peso
da embarcação fez com que o navio partisse em dois.
Já, os
escombros encontrados no fundo do oceano levaram autoridades a afirmar que o
submarino Titan implodiu, causando a morte dos cinco passageiros que
iriam até o local do naufrágio do Titanic.
Segundo
Thiago Pontin Tancredi, professor do curso de engenharia naval da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e supervisor do laboratório de simulação
naval, o Titan era feito de fibra de carbono e titânio, dois materiais sobre os
quais há pouco estudo acerca de como se comportam quando sujeitos a várias
pressões diferentes.
Como é
feito de fibra de carbono, a implosão deve ter causado um efeito similar ao
vidro estilhaçado, se partindo em muitos pedaços[1]. Já as partes em titânio
devem se comportar como metal, ficando retorcidas, segundo a avaliação de
Pontin.
Considerando
o formato do objeto, que não era plano e se assemelhava vagamente a uma gota, o
professor de engenharia naval afirma que a pressão exercida em um submersível a
3,8 mil metros de profundidade é equivalente a um elefante apoiado a cada
pedaço de 5 x 5 centímetros (25 centímetros quadrados) do casco.
O que
deveria ser uma jornada de 10 (dez) horas até o naufrágio do Titanic
terminou em tragédia, com todos os cinco passageiros do submersível Titan
mortos em uma implosão catastrófica.
A
última sobrevivente do naufrágio do Titanic morreu em 31.05.2009,
Milvina Dean, morreu na Inglaterra aos noventa e sete anos. O desastre ocasionou
a morte de 1.517 pessoas, principalmente, porque não existiam botes salva-vidas
suficientes. Entre as vítimas, estava o pai de Milvina, Bertram. Também sua mãe
e irmã sobreviveram e retornaram para Southampton, o porto de partida do
navio.
A
partir de então, foram tomados maiores cuidados por diversas empresas na
construção de novas embarcações a fim de evitar tragédias parecidas. No mesmo
sentido, os alertas meteorológicos e climáticos foram aperfeiçoados, garantindo
maior segurança em alto-mar.
Enfocando
a questão juridicamente, a responsabilidade civil do transportador marítimo, a
exemplo dos transportadores em geral, é de natureza contratual e é regida pela
teoria objetiva imprópria. A teoria objetiva imprópria é aquela em que a culpa
do transportador, havendo inadimplemento do contrato de transporte, é sempre
presumida.
O
Direito Marítimo, segundo o Dicionário de Tecnologia Jurídica de autoria de
Pedro Nunes apud Raymundo, é o conjunto de normas que regem as relações
jurídicas relativas à navegação e ao comércio marítimo, fluvial ou lacustre,
bem como dos navios a seu serviço e os direitos e obrigações das pessoas que
por ofício se dedicam a essa espécie de atividade.
Inicialmente,
arrolamos quais eventos a legislação brasileira indica como acidentes da
navegação com base na lei 2180/541, temos em seu artigo 14:
Art.
14. Consideram-se acidentes da navegação:
a)
naufrágio, encalhe, colisão, abalroação, água aberta, explosão, incêndio,
varação, arribada e alijamento;
b)
avaria ou defeito no navio nas suas instalações, que ponha em risco a
embarcação, as vidas e fazendas de bordo.
Dentre
os mencionados, o acidente da navegação a ser conceituado e exemplificado hoje
será o naufrágio, com destaque ao fato de que o naufrágio pode afetar tanto a
pequena embarcação quanto a um navio de grande porte, contudo, além dos
envolvidos, é muito comum que haja comoção social para tentar entender o que está
acontecendo e o que vai acontecer, pois aos olhos do público sempre clama
atenção a presença e envolvimento da marinha, no caso, com a figura da
capitania dos portos e delegacias, que ocorre nos locais de acidente noticiados
mesmo nos casos que não tenham a ocorrência de vítimas.
Segundo
a NORMAN 094 apud Raymundo em seu item 0106, a, 1, alinha I, temos a
definição de naufrágio como sendo:
I) naufrágio
- afundamento total ou parcial da embarcação por perda de flutuabilidade,
decorrente de embarque de água em seus espaços internos devido a adernamento,
emborcamento ou alagamento;
Caracterizada
a perda da flutuabilidade chegamos ao evento naufrágio, então, veremos a quem
compete, a quem afeta e qual o devido processo legal ao julgamento do
naufrágio.
Em uma
situação hipotética, uma traineira que passava comunicou à capitania dos portos
o avistamento de uma embarcação de lazer adernando, assim, buscou-se
imediatamente resgatar os tripulantes e passageiros que clamavam por socorro,
contudo, nada pode ser feito para evitar o naufrágio da embarcação.
No
caso hipotético brasileiro temos algo
muito comum, que é ocorrência da observação de outras embarcações que podem
auxiliar ou as vezes somente buscar socorro via rádio, cabendo providencias à
Capitania dos Portos e Delegacias por atribuição dada pela Marinha do Brasil
para iniciar processo inquisitório de investigação do acidente da navegação
para verificar as razões do ocorrido para que posteriormente o Tribunal
Marítimo venha a julgar quais sanções serão aplicadas ou se cabe absolvição.
Enfim, a tragédia novamente se repete, no afã de pesquisar outra tragédia. Sem dúvida, o Titanic traz maus fluídos...
Referências
G1. Implosão
do submarino Titan: veja 6 respostas sobre o colapso do veículo. Disponível
em: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/06/23/implosao-do-submarino-titan-veja-duvidas-e-respostas-sobre-o-que-aconteceu-no-colapso-do-veiculo.ghtml Acesso
em 23.6.2023.
GUITARRARA,
Paloma. "RMS Titanic"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/rms-titanic.htm. Acesso em 23 de
junho de 2023.
RAYMUNDO,
Daniel Rodrigues. O naufrágio hipotético. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-maritimas/384404/o-naufragio-hipotetico
Acesso em 23.6.2023.
Redação National Geographic Brasil. Onde o Titanic afundou e seus destroços estão localizados. Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2023/06/onde-o-titanic-afundou-e-seus-destrocos-estao-localizados Acesso em 23.6.2023.