O impacto da diversidade na carreira jurídica
Explore o impacto positivo da inclusão e representatividade no campo jurídico e como isso promove um ambiente mais equitativo e progressista.
O mercado jurídico é um dos mais antigos e tradicionais que
existem dentre as profissões, a advocacia, por exemplo, teve sua origem na
Suméria a cerca de 3 mil anos antes de cristo, sem dúvidas, esse segmento é
fundamental para todo o funcionamento da nossa rotina e a cumprimento das leis
e diretrizes que guiam o nosso cotidiano.
Conforme a OAB (Organização dos Advogados do Brasil), temos aproximadamente 1,3 milhões de advogados inscritos, o que representa um advogado para cada 164 brasileiros, dentre esse número, grande parte são mulheres, representando 667.606, mostrando o quanto a diversidade tem crescido dentro desse segmento.
As mulheres começaram a ganhar o direito de advogar no final da década de 1890, e tem ganhado cada vez mais força nesse segmento, em contrapartida, um diagnóstico racial feito pelo Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade (Ceert), realizou uma pesquisa em 2019 que apontou que menos de 1% dos advogados que trabalham nos grandes escritórios jurídicos do Brasil são negros.
Os números ficam bem complicados já que 37% dos advogados brasileiros se identificam como negros, então é ai que surge o debate: qual o impacto da diversidade dentro da carreira jurídica? Em um mercado tão tradicional como o direito, como é feita essa adaptação? Esse debate costuma ser bem caloroso, então separe suas mangueiras de hidrante e venha com a gente descobrir como a diversidade impacta dentro da carreira jurídica.
As mulheres no mundo jurídico
Como falamos no começo do texto, as mulheres se tornaram maioria entre os advogados inscritos na OAB, mas é claro que para alcançar esse patamar a missão não foi nada fácil, o primeiro advogado brasileiro foi Duarte Peres, que foi bacharel em Cananéia no ano de 1501, desde então, a advocacia passou a ser uma área comum e popular aqui no Brasil, mas foi só em 1898 que tivemos a primeira advogada do país, quase 400 anos depois, a fluminense Myrtes Gomes de Campos.
No começo a aceitação foi bem difícil e demorou até o mercado em geral aceitar, para se ter uma noção, as mulheres eram minorias na advocacia até o final de 2021, quando pela primeira vez na história, a OAB registrou mais mulheres do que homens entre seus inscritos.
Foram quase 400 anos de luta para conseguir advogar no Brasil, e mais 100 anos de luta para conseguir ter um espaço igualitário ao homem, mas mesmo assim, elas ainda enfrentam dificuldades, de acordo com levantamentos, cerca de 23% das advogadas já sofreram algum tipo de assédio no seu ambiente de trabalho, a maioria não denunciou por saber que em grande parte dos casos, os processos são arquivados por falta de provas o que gera desinteresse.
O machismo continua também na parte salarial, mesmo sendo maioria na advocacia, dos executivos jurídicos que recebem mais de 66 mil reais, apenas 29% são mulheres, já de acordo com dados do IBGE, as mulheres que exercem o mesmo papel na advocacia dos homens costumam receber até 20% a menos.
LGTQIA+ o preconceito ainda existente
28 de junho de 1969 é uma data histórica para toda a comunidade LGBTQIA+, desde então, as pessoas começaram a lutar pelos seus direitos e combater o preconceito através da igualdade, diversas leis foram criadas para auxiliar essa luta como em 2011 quando o STF decidiu equiparar as relações entre duas pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres.
Já em 2019, o STF determinou que a discriminação pela orientação sexual é crime inafiançável e imprescritível, assim como o racismo, então mesmo com uma caixa de papelão cheia de dinheiro, cometer esse ato é passível de uma punição grave.
Mas mesmo com essas medidas, as pessoas da comunidade
LGBTQIA+ ainda sofrem preconceito, o Brasil é o país que mais mata essas
pessoas, cerca de 256 pessoas eram assassinadas ou cometiam suicídio a cada 24
horas no país.
Já dentro do ambiente de trabalho inclusive no setor jurídico os números assustam, 41% dos profissionais LGBTQIA+ já sofreram algum tipo de discriminação no trabalho, 33% das empresas não contratam esse público para a chefia e 61% preferem esconder sua orientação sexual dentro do espaço de trabalho com medo de ser vítima de preconceito.
Para se ter uma noção, a primeira travesti que conseguiu ser aprovada na OAB foi Janaína Dutra, falecida em 2004 e que começou como advogada em 1986, já o Instituto de Defesa do Direito da Defesa, teve seu primeiro presidente gay agora em 2023, um advogado chamado Guilherme Carnelós de 43 anos.
Racismo e a dificuldade de evolução
Como vimos lá no início do nosso texto, os negros sofrem uma alta dificuldade em conquistar grandes vagas de emprego no mercado jurídico, por mais que uma boa porcentagem dos advogados sejam negros, apenas 1% conquistam espaço nos grandes escritórios.
O primeiro negro a advogar no Brasil foi Luiz Gonzaga Pinto da Gama, no ano de 1830, quase 330 anos depois do primeiro advogado branco, e o racismo não implica apenas em grandes escritórios, quem vai tentar a sorte dando aula de direito se depara com o esteriótipo: dentro das universidades, 80% dos professores de direito são homens brancos heterossexuais e de classe alta.
Em âmbito geral, os brancos costumam receber 75,7% a mais que os negros, muita coisa não acha? Contando, é claro, a execução da mesma função, mesmo os dois tendo a mesma necessidade de encher o carrinho de supermercado, pagar as contas e viver com estabilidade, um ainda ganha mais que o outro pelo simples fato da cor da sua pele ser diferente.
Todos merecem as mesmas oportunidades
Como vimos no decorrer do texto, a diversidade está presente no mundo jurídico mas assim como no ambiente geral das nossas vidas, ainda de forma lenta e gradativa, podemos afirmar que tivemos diversas conquistas, ainda pequenas mas bastante significativas, dentro do âmbito jurídico, a diversidade impacta tanto no surgimento de novas leis quanto no desenvolvimento da carreira jurídica.
A cada dia, novas leis são e devem ser criadas visando proteger as minorias ou trazer igualdade em uma sociedade preconceituosa, ao mesmo tempo, quem desenvolve sua carreira jurídica deve começar a enxergar as coisas com base na igualdade, e trazer mais oportunidades para quem precisa.
Se você faz parte de algum dos grupos citados acima, brigue pelos seus direitos, conquiste sua carreira jurídica do jeito que você merece, baseado na igualdade independente do sexo, cor ou orientação sexual.
Por mais tradicional que seja, o setor jurídico também é moderno e deve ser acessível para todos, tanto na visão de criação de leis quanto na inclusão para novos advogados, ninguém é automatizado como se estivessem com um painel eletrônico controlando tudo, todos somos seres-humanos em busca de direitos iguais, e esse tópico deve ser cada vez mais debatido, combatido e abordado dentro de todo espaço jurídico.
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