Ministro da Justiça não pode ser um "engavetador-geral", diz Cardozo

Ele reafirmou que recebeu as denúncias sobre formação de cartel em SP e seguiu a lei ao encaminhar documentos para Polícia Federal

Fonte: Agência Brasil

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Em audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) no Senado nesta terça-feira (3/12), José Eduardo Cardozo afirmou que “o ministro da Justiça não pode ser um engavetador de denúncias, porque engavetador-geral é expressão sinônima de prevaricador-geral e não esperem de mim, seja qual for a denúncia, e quais forem as pessoas envolvidas, um comportamento que seria juridicamente repreensível e eticamente deplorável". No encontro com senadores, o ministro falou sobre os procedimentos adotados na investigação da Polícia Federal sobre denúncia de formação de cartel e pagamento de propina em licitações para compra de trens em São Paulo.


Cardozo reafirmou que em maio deste ano recebeu, em mãos, na casa dele, em São Paulo, as denúncias pelo deputado estadual licenciado Simão Pedro (PT) e que, conforme determina a lei, encaminhou o material ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. “Acho que não se pode desviar atenção do que é necessário. Cumpri meu dever, a polícia vai investigar. Se alguém tenta intimidar, obstaculizar a Polícia Federal e o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], percam as esperanças, são órgãos republicanos. Os policiais federais e do Cade agem de maneira republicana independentemente do partido que os dirija”, garantiu Cardozo.


O ministro também disse que não é papel dele comandar investigações. “Ministro da Justiça, pela lei, pode pedir a investigação, mas quem comanda, quem lidera, quem coordena é o delegado de polícia, não é nem o diretor-geral da Polícia Federal, é o delegado de polícia que nesse caso já cuidava deste inquérito desde 2008, nem foi escolhido por ninguém, já cuidava disto", disse, descartando "haver algum tipo de interferência política na Polícia Federal para prejudicar ou para auxiliar”. Cardozo ressaltou ainda que cabe ao ministro da Justiça zelar para que a isenção ocorra.


Autor do requerimento que convidou Cardozo para ir à CCJ, o PSDB aponta motivação política para a investigação e discrepância entre a versão em inglês e a tradução para o português de uma carta atribuída ao ex-executivo da multinacional Siemens Everton Rheinheimer, com relatos sobre o suposto esquema de propina.


Sobre as diferentes versões da carta, Cardozo voltou a dizer que na verdade tratam-se de documentos diferentes e não de uma tradução. Na quarta-feira (4/12), Cardozo irá à Câmara também para dar explicações sobre esse caso.

Palavras-chave: cartel siemens

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