Integrantes do Movimento pela Vida e filho do médico assassinado acompanharam o julgamento, no plenário do júri.

Após dez horas de julgamento, os jurados da 1ª Vara do Júri de Belém, sob a presidência do juiz Edmar Silva Pereira, condenaram o ambulante Alexandre Brito de Azevedo, 29, paraense. Ele terá que cumprir no vê anos de cadeia, pela tentativa de assassinato contra Diogo Bezerra Lopes. A pena será cumprida em regime, inicialmente, fechado, numa das prisões da Região Metropolitana de Belém. Ele responde por outros crimes, entre eles roubo qualificado e latrocínio, um deles o que vitimou o médico cardiologista Salvador Nahmias, em 2008.

Ao proferir a sentença o juiz manteve a prisão, ?sobretudo em virtude da condenação ora proferida mantenho a custódia cautelar do mesmo, por continuar vislumbrando a presença dos requisitos do art. 312, do Código de Processo Penal, anteriormente verificados, negando-lhe, em conseqüência, o direito de apelar em liberdade?.

Na acusação atuou a promotora de justiça Rosana Cordovil que sustentou o homicídio tentado, cuja pena prevista é de 6 a 20 anos, reduzida de 1/3 devido o homicídio não ter sido consumado. A defesa do réu foi promovida pelo defensor público Alex Noronha, que sustentou lesões corporais, requerendo aos jurados a desclassificação de homicídio tentado para o de lesões, que não foi acolhido pelos jurados.

O crime ocorreu por volta das 13h, do dia 25 de outubro de 1999. A promotora explicou que o processo primeiro tramitou numa vara de juízo singular, mas, a pedido do representante do Ministério Público, que entendeu se tratar de crime contra a vida, o então juiz e atualmente desembargador do Tribunal de Justiça Raimundo Holanda Reis deferiu o pedido da promotoria e remeteu o processo para uma das varas do júri. Mas, os autos ficaram retidos por mais de três anos com um advogado do acusado.

Conforme a denúncia o réu e vítima tinham uma rixa por causa de uma bicicleta da vítima, que foi danificada pelo acusado. No dia do crime a vítima se encontrava jogando bilhar em um bar localizado na Terra Firma, periferia de Belém, quando foi agredida pelo desafeto, portando uma faca e um taco de bilhar. Mesmo ferida a vítima conseguiu correr alguns metros, mas, fora alcançado pelo acusado e segundo a denúncia ?só não matou a vítima por interferência de um outro adolescente que correu na direção dos dois, que gritou para o réu não matar a vítima com um taco de bilhar na mão?, detalhou a promotora.

Prestaram depoimentos perante os jurados o jovem vítima, adolescente à época do crime, e sua genitora. Eles confirmaram os depoimentos antes prestados em Juízo. Que os dois brigaram por causa da bicicleta que a vítima emprestou ao réu e este passou três dias, devolvendo o pertence danificado. Os dois acabaram brigando e ficaram lesionados, conforme laudos, tendo o réu jurado matar o desafeto.

No plenário do júri, o acusado confessou ter desferido uma facada na vítima, mas, que não teria acontecido como consta na denúncia. Ele disse que conhecia a vítima cerca de um ano da data do crime e que teria alugou a bicicleta, mediante pagamento de R$ 5, mas, teria devolvido no mesmo dia. Segundo a versão do acusado teria dado um problema no pertence da vítima e por isso brigaram, tendo a vítima lesionado o réu. Este por sua vez de posse de uma faca que encontrou numa das mesas do bar onde estavam acabou furando o desafeto. E que, ?na hora que eu furei ele, eu até me arrependi, corri para fora e joguei a faca fora?, confessou o réu, que negou que andava armado de faca.

O defensor público Alex Noronha ao se manifestar da tribuna sustentou a tese de que o crime praticado foi de lesões corporais, ressaltando que, ?nos estamos aqui para analisar o caso concreto e propor uma solução razoável?, disse.

Processo nº 19992002368-1