Liminar proibe "rolezinho"

Participação do encontro no shopping Metrô Itaquera pode render multa de R$ 10 mil

Fonte: EBC Notícias

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Dez jovens serão intimados a comparecer à Justiça para explicar sua participação em um "rolezinho" que acabou em confusão e violência, no shopping Metrô Itaquera no sábado (11). O encontro estava proibido mediante liminar (decisão judicial provisória).


Todos os convocados são maiores de idade que foram abordados por um oficial de Justiça no dia do tumulto. Os convocados deverão contar a sua versão dos fatos ao juiz, que decidirá se eles pagarão ou não a multa de R$ 10 mil prevista na liminar.


De acordo com o oficial de Justiça responsável pelas notificações, os jovens que receberam o documento foram identificados pela Polícia Militar.


"Quem a PM apontar como participante ou cabeça [líder] do movimento, nós vamos abordar", afirmou.


Os jovens eram revistados por policiais militares e o oficial de Justiça anotava os dados pessoais (nome, RG e endereço) dos maiores de idade. Eles recebiam uma cópia da liminar.


Na capital, a decisão beneficiou também os shoppings JK Iguatemi e Campo Limpo.


Mesmo com o aviso da proibição do "rolezinho", cerca de 3.000 jovens ocuparam o shopping e iniciaram uma correria. Lojas fecharam por temor de saques.


A situação assustou frequentadores e chamou a atenção dos policiais. Um deles usou cassetete para dispersar um grupo.


MAIS CONFUSÃO


Os jovens saíram do shopping depois da chegada dos policiais militares e se dirigiram para o terminal Corinthians-Itaquera, onde a Tropa de Choque usou bombas de gás e balas de borracha para dispersá-los.


Dois maiores de idade foram detidos, um por furto e outro por roubo, e um adolescente foi apreendido por roubo, de acordo com a PM.


ROLEZINHOS


Os "rolezinhos", encontros marcados pelas redes sociais por jovens em centros comerciais, começaram no final de 2013. Os primeiros foram organizados por cantores de funk em resposta a aprovação pela Câmara Municipal de um projeto de lei que proibia bailes do estilo musical nas ruas da capital paulista. A proposta foi vetada pelo prefeito Fernando Haddad no início de 2014. Os rolezinhos continuaram, no entanto, a serem organizados. A polícia tem reprimido os atos.


Para o sociólogo João Clemente Neto, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, as manifestações em shoppings estão ligadas à carência de locais para lazer e cultura. “Se você for em alguns lugares, mesmo nos bairros da classe média, você não encontra espaço para isso. Se você pegar a cidade de São Paulo, quantos milhões de jovens e adolescentes nós temos? E os espaços para livre manifestação são minúsculos”, ressaltou o professor, que trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.


Segundo Neto, os jovens optam por se manifestar nos shoppings pela visibilidade dos locais e pela mensagem que eles tentam passar. “Tudo que nós falamos de consumo, que ele quer ver e quer consumir, aparece no shopping. E, ao mesmo tempo, é uma forma de resistência, porque ali é o espaço do consumo. Então, quando você fala ali, é uma forma daquele grupo se reconhecer naquele espaço”, concluiu.

Palavras-chave: liminar judicial direito penal

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