Aumenta a participação das mulheres em todos os níveis de escolaridade

Fonte: Jornal O Globo

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A maior parte dos mestres e doutores brasileiros formados em 2003 é do sexo feminino. No mesmo ano, do total de pós-graduados nas principais áreas de conhecimento, 18.160 eram mulheres e 17.509, homens. Esses números fazem parte de estudo divulgado ontem pelo Ministério da Educação que registra o crescimento da presença das mulheres em todos os níveis de escolaridade, inclusive entre os docentes.

O estudo ?Trajetória da Mulher da Educação Brasileira?, de autoria conjunta do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria Especial de Política para as Mulheres (SEPM) mostra também que aumentou o número de mulheres que resolveram seguir a carreira acadêmica e hoje compõem o corpo docente na educação superior.

Carreiras acadêmicas ainda têm mais homens

Em 1996, eram 57,4 mil as mulheres que escolheram essa profissão. Em 2003, o número subiu para 116,2 mil, representando um crescimento de 102,2%. O crescimento masculino no mesmo período foi de 67,9%. Ainda assim, a carreira acadêmica ainda é essencialmente formada por homens, que eram em 2003 152,5 mil professores de instituições de ensino superior.

O estudo analisa a evolução da presença feminina no ensino público e particular no período de 1996 a 2003. Segundo a pesquisa, a participação feminina é predominante a partir do ensino médio. Em 2003, o índice de matrículas nesse nível foi de 54% para as mulheres e de 46% para homens. Na graduação, a diferença se torna mais discrepante. Em 1996, as matrículas femininas ultrapassavam as masculinas em 8,7%. Em 2003, a diferença subiu para 12,8% a favor das mulheres.

? As mulheres estão nos superando nos quesitos qualitativos e quantitativos. Estamos muito à frente de outros países em desenvolvimento, onde é maior o desafio da inclusão de mulheres na educação ? disse o ministro interino da Educação, Fernando Haddad.

Apesar do crescimento feminino na educação do país, a secretária de Política para as Mulheres, Nilcéa Freire, mostrou-se preocupada com as restrições impostas às mulheres que optam pela carreira acadêmica. Ela questionou o fato de cursos de mestrado e doutorado não terem previsão para licença-maternidade ou extensão do prazo para apresentação de tese para mulheres que querem engravidar. Segundo Nilcéa, em média, as mulheres que seguem a carreira se casam e têm filhos depois dos 35 anos. Ela anunciou que vai lutar pela melhoria desse sistema.

? A gente não tem direito de ter filho antes de terminar o doutorado ? protestou.

Salários não cresceram na mesma proporção

Apesar do grande incremento na escolaridade das mulheres, os salários delas não aumentaram na mesma proporção. Conforme os últimos dados divulgados pelo IBGE, apenas 23,44% das pessoas que recebiam mais de 20 salários mínimos mensais em 2003 eram mulheres. O crescimento foi pequeno, já que em 1996 esse índice correspondia a 18,01%. Para a pesquisadora Tatau Godinho, da SEPM, essa é uma constatação preocupante.

? Com a pesquisa, fica comprovado que o argumento de que as mulheres têm menos condições no mercado de trabalho porque são menos preparadas não corresponde à realidade. Em média, as mulheres têm um ano ou mais de escolaridade em comparação com os homens. Ainda assim, elas ganham cerca de 30% a menos do que eles ? disse a pesquisadora.

O estudo também abordou a histórica diferença de áreas escolhidas pelos sexos. Continua em voga a preferência das mulheres por cursos das áreas de humanas e de saúde.

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