O presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-SE), designou nesta segunda-feira (1º) o senador Almeida Lima (PMDB-SE) relator das representações números três e quatro contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A de número três trata da suposta utilização de "laranjas" por Renan na compra de emissoras de rádio em Alagoas; a quarta trata da suposta participação de Renan em um esquema para arrecadação de recursos destinados ao PMDB. Almeida Lima foi um dos integrantes da comissão de investigação que relatou a primeira representação contra Renan.

Quintanilha informou que as duas representações foram unificadas por guardarem conexão entre si. No entender dele, além de o representado ser o mesmo (Renan) e os autores da representação pedirem a cassação do mandato, também é o mesmo o objeto da denúncia.

- Estou respaldado juridicamente. Baseei-me em parecer da Consultoria Legislativa - afirmou o presidente do conselho em entrevista coletiva concedida no final da tarde à porta de seu gabinete.

Quintanilha foi indagado acerca de aspectos que poderiam tornar questionável a designação de Almeida Lima: o fato de ser um dos principais defensores de Renan; o fato de ser do PMDB; e a possibilidade de ter garantido o comando do diretório do partido em Aracajú como prêmio pelo trabalho em prol de Renan.

- Não há nenhum problema de isenção. O relator expressará seus pontos de vista, e o conselho é soberano para aceitar ou não - argumentou Quintanilha, que lembrou o voto em separado contrário ao relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), o primeiro a relatar a representação contra Renan que tratava de pagamento feitos à jornalista Mônica Veloso.

O presidente do conselho observou que fez convites a outros senadores, mas não obteve concordância. Foram convidados, segundo Quintanilha, os senadores Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES), também integrantes da comissão de investigação da primeira representação, além de senadores do DEM.

- Não foi manobra nem foi feito às escondidas. Convidei o senador Almeida Lima, e ele aceitou. Há somente 15 membros no conselho, um espaçorestrito para trabalhar - disse.