Redenção (PA) - O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Vantuil Abdala, afirmou hoje (02), ao inaugurar a Vara do Trabalho de Redenção, que a região ?não merece a mácula que tem se espalhado sobre o extremo sul do Pará em função da existência de trabalhadores em condições análogas à de escravo ou que vivem em condições degradantes?. Impressionado com a mobilização da sociedade local em torno da implantação da Vara, Vantuil disse, ao falar de improviso para os presentes à solenidade, que sua vontade era ?abraçar a todos, que com sua união demonstraram que a sociedade está alerta e não compactua com as ignomínias que alguns impõem ao trabalhador. Casos isolados têm de ser tratados, e não generalizados. Não se pode tomar a parte pelo todo? afirmou.

Em sua primeira visita a Redenção, o presidente do TST ? que viajou exclusivamente para participar da inauguração ? ressaltou que o extremo sul do Pará é a região que mais se desenvolve no Estado e que não poderia ?ficar com uma imagem que não reflete seu crescimento e seu potencial econômico?. O ministro Vantuil Abdala acredita que a implantação da Vara do Trabalho em Redenção reveste-se, acima de tudo, de uma importância simbólica: ?É a presença do Estado e da ordem jurídica. Onde houver trabalho escravo, a Justiça do Trabalho estará presente para combatê-lo.?

A escolha do município de Redenção para sediar a primeira das 250 novas Varas do Trabalho criadas em março deste ano baseou-se num entendimento feito com o governo federal, no qual o TST se comprometeu a priorizar sua implantação nas regiões mais carentes de apoio jurídico e de aparelhos institucionais de garantia dos direitos do trabalhador. ?Há outros lugares igualmente carentes e distantes ?, disse Vantuil Abdala, ?mas a escolha recaiu sobre Redenção porque sua jurisdição abrangerá mais de 300 mil trabalhadores de 19 municípios.? Originalmente, as reclamações trabalhistas desta região estavam sob a jurisdição da Vara do Trabalho de Conceição do Araguaia.

O presidente do TST lembrou que o Brasil foi o primeiro país do mundo a admitir, perante a Organização das Nações Unidas e a Organização Internacional do Trabalho, a existência de trabalhadores em condições degradantes ou análogas à de escravo ? e que ?o primeiro passo para resolver um problema é admiti-lo, e não escondê-lo.? Entre 1995 e 2003, foram registrados oficialmente 10.200 casos dessa natureza, e apenas em 2003 cinco mil trabalhadores foram resgatados.