Só a mobilização social produzirá a reforma política

É imprescindível curar a política

Fonte: OAB

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Brasília – O artigo “Só a mobilização social produzirá a reforma política”, abaixo, de autoria do conselheiro federal e presidente da Escola Nacional de Advocacia da OAB, Henry Clay Andrade, foi publicado na edição desta quinta-feira (08) da Revista Conjur.


Há milênios o filósofo grego Aristóteles conceituou a democracia como forma de governo. E Abraham Lincoln enfatizou que no Estado democrático o governo deve ser do povo, para o povo e pelo povo.


A história, em verdade, tem demonstrado que a vontade popular tem sido ficcional. Até mesmo na Grécia antiga, berço da democracia, onde era praticado o modelo de democracia direta, não passava de uma aristocracia democrática. Isto porque a grande maioria do povo grego, submetida à escravidão, dela não participava.


No mundo moderno concebido em Estado-nação, a democracia viável é a de bases representativas. Nessa configuração, o professor Paulo Bonavides, em genial síntese, leciona que “o poder é do povo, mas o governo é dos representantes, em nome do povo.”


Ressalte-se, porém, que o Estado democrático não mais comporta uma forma de governo restrita à democracia indireta ou representativa, mas avança para a concepção de democracia semidireta que contemple mecanismos de participação direta do povo nas decisões fundamentais do país, mediante plebiscito, referendo e projeto de lei de iniciativa popular; um sistema político pluripartidário em que haja eleições periódicas livres e limpas, com alternância pacífica do poder; controle social e garantias jurídicas consubstanciadas no Estado de Direito, onde a soberania popular elege, revoga e também legisla em prol dos anseios sociais.


As retumbantes manifestações expressadas recentemente nas ruas de todo Brasil bradam por justiça social através de reformas estruturantes que garantam eficiência e moralidade do serviço público. O clamor das ruas retrata a maturação da consciência coletiva sobre a necessidade premente do rompimento com o modelo político exaurido. O que a sociedade brasileira exige é a efetivação das normas sociais programáticas previstas há 25 anos na Constituição Federal.


Antes de tudo, é imprescindível curar a política. É inconcebível reformas na estrutura do Estado sem uma ampla e profunda transformação do sistema político.


O grito consciente das ruas ecoa por reformas sociais. E isso se faz com e pela política. O conjunto majoritário da sociedade brasileira pode repudiar a política, mas, inexoravelmente, é através dela que se conquistam as mudanças almejadas. Platão, filósofo grego, vaticinava que “não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”.


Nessa conjuntura de ebulição da nação brasileira, emerge o fundamental debate sobre a reforma política. O Congresso Nacional pressionado a responder à insatisfação popular, tenta, ainda atabalhoada e timidamente, encontrar consenso para a reforma política tão postergada. Não conseguirá! Os empecilhos subjetivos e objetivos são vários e inconciliáveis. Creio que só a mobilização nacional da sociedade civil organizada terá condições de conduzir a reforma política estrutural.


A Ordem dos Advogados do Brasil e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral lançaram campanha de mobilização nacional em defesa do projeto de lei de iniciativa popular sobre reforma política. As entidades têm como premissa o fortalecimento da democracia e da cidadania brasileiras. Por isso instigam o debate popular sobre relevantes propostas que, se aprovadas no Congresso Nacional, fatalmente irão provocar mudanças fundamentais no sistema político brasileiro.


O eixo central do pretenso projeto de lei de iniciativa popular atine em percucientes mudanças no sistema político e no financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais, com objetivos de debelar a corrupção, de politizar o debate político e de qualificar a representação popular. Em linhas gerais, dentre outras, o texto prevê eleições primárias internas nos partidos políticos para a escolha entre os filiados da lista dos candidatos aos cargos eletivos em disputa; eleições proporcionais para Deputados Federais, Estaduais, Distritais e Vereadores em sistema de votação em dois turnos; combate rigoroso ao caixa dois; fidelidade partidária; instituição de fórum a ser composto pela sociedade civil, com o fito de exercer o controle social efetivo das eleições; ampla liberdade de expressão para apresentação do programa partidário nos meios de comunicação, inclusive com defesa e críticas a possíveis candidaturas, desde que veiculada de forma gratuita; financiamento dos partidos políticos e de campanhas eleitorais oriundo exclusivamente do fundo democrático de campanha e de pessoas físicas com previsão de limite de doação, sendo terminantemente proibido o financiamento por pessoas jurídicas.


Essas lúcidas propostas endossadas em um projeto de iniciativa popular provocarão um debate consequente no âmbito do Congresso Nacional. Será um avanço imensurável da democracia e um salto de qualidade da prática política pautada em condutas mais republicanas.


Os temas são polêmicos e sofrem poderosas resistências. Somente a participação ativa da sociedade propiciará condições para descortinar um cenário favorável à aprovação da reforma política necessária para o Brasil.

Palavras-chave: OAB Publicação Artigo Mobilização Social

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2 Comentários

JOAO NOVAIS SERVIDOR P?BLICO09/08/2013 21:49 Responder

Mobilização OAB? isso é maracutaia das grossas. Se o povo Brasileiro ñ sabem nem votar, pois vedem, troca, barganha, negociam, seus votos, como saberá fase leis ou propor mudanças ? A ora de movimentos seriam nas eleições, e cadê o cidadão exercer seus direito, e deveres cívicos de votar livremente? e fazer mudanças? ai vem com esse bla bla blas de movimentos, isso é nada mais nada menos que meios de ludibrias os burros imbecis e desinformados, tapados e trapaceiros, que negociam seus votos a cada dois anos. A promoção desses movimentos, é coisas de espertalhões, que querem o poder, e manipulam o povão imbecis. Movimentos e tal, é mais um engodo de aproveitadores, das imbecilidades e burrices do povão. Onde os espertalhões, leva o burros e tapados a pensarem, que são eles , o Zé povinho, que é quem mandam, transforma e decidem, e os babacas, lotados de imbecilidades, são induzidos, onde esta um projeto de lei de reformas, feito por alguém como OAB, para mudar as leis 4.377/65 e 9.504/97,. Onde esta OAB, faz de contas.....

Eduardo Mendonça Estudante de Direito11/08/2013 19:04 Responder

A experiência ao tentar participar da política me leva fazer as seguintes sugestões que envolvem principalmente a Reforma Partidária, uma vez que o Sistema atual esta carregado de regras que no meu entendimento afastam a maioria dos cidadãos da política. Assim me permitam sugerir: 1. Nenhum tipo de censura à criação de partidos, permitindo que toda e qualquer classe social possa se manifestar e participar da política. 2. Afim de Fortalecer os Partidos, eliminar definitivamente as \\\"coligações partidárias\\\", que hoje servem como uma enganação àqueles que acham que podem participar da politica, mais que ao fazer uma tentativa descobrem que são apenas\\\"somadores de votos \\\" para os políticos profissionais. 3. Que o candidato a qualquer eleição proporcional, seja eleito pela mioria (quantidade) de votos, evitando o voto da legenda que acaba colocando no poder quem não foi escolhido pelo eleitor. Exemplo são os descendentes de Eneias Tiririca e outros . Com a mudança dificilmente os políticos irão colocar em seus quadros os chamados \\\"puxadores de voto\\\". Sendo eleito o mais votado a Representação Política fica mais autêntica e Democrática. 4. Acabar de vez com o absurdo salario dos VICES- prefeito, Governador. 5. Acabar com o Salario de vereadores de Pequenos Municípios, porque essa remuneração não se justifica, talvez considerar a possibilidade de remuneração por resultado de trabalho ou seções de trabalho. Hoje na maioria das Câmaras de Vereadores a conversa é \\\"fofoca politica e encontro para cafezinho\\\". 6. Criação de um FUNDO NACIONAL, ESTADUAL E MUNICIPAL, para que pessoas físicas e jurídicas que quisessem fazer doações financeiras sem constrangimento de estar ajudando este ou aquele. A participação financeira ficaria assim como um verdadeiro investimento Privado na democracia do Pais. Em seguida as doações seriam distribuídos de forma igualitária entre partidos e candidatos de cada eleição. Desta forma a disputa passaria ser pelo Debate Político e não como é hoje pelo PODERIO FINANCEIRO. 7. Permitir o Debate Político pelos Partidos e possíveis Candidatos em todo tempo, nas associações, escolas, entidades de classe, etc. ,sem restringi-lo ao período eleitoral, dessa forma dando oportunidade aos eleitores e futuros candidatos de se conhecerem, interagirem debatendo e discutindo as ideias que interessam ao Pais e aos cidadãos BRASILEIROS. São algumas sonhadas idéias.

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