Há menos de cinco meses no cargo, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), já lançou sua candidatura à reeleição. No início de abril, o presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), havia lançado informalmente o nome de Severino à disputa pela presidência da República em 2006.

"Pode dizer que sou candidato a deputado federal e pode dizer que sou candidato também à presidência da Câmara", afirmou.

A vitória de Severino Cavalcanti no início do ano foi uma das principais derrotas dos primeiros anos do governo. Tanto é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu, na primeira entrevista coletiva de sua gestão, que a eleição da Câmara poderia se configurar como um dos três principais erros de seu governo.

Severino derrotou, nas eleições, os candidatos petistas Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), nome apoiado pelo Palácio do Planalto, e Virgílio Guimarães (MG), suspenso por um ano da legenda por ter disputado as eleições.

Para minimizar os prejuízos do governo com a gestão Severino Cavalcanti, o governo chegou a negociar a concessão do Ministério das Comunicações para um apadrinhado do presidente da Câmara. O presidente Lula freou as negociações e agora as conversas vão no sentido de conceder a mais importante diretoria da Petrobras a outro nome indicado por Severino.

Mesmo com as negociações e sinalizações de que tentaria agradar o novo presidente da Câmara, Severino colaborou incisivamente para uma outra derrota significativa do governo: a aprovação da medida provisória 232, que corrigia a tabela do Imposto de Renda, mas aumentava a carga tributária para os setores de serviços e para os produtores rurais.

Severino só pode disputar novamente a presidência da Câmara porque a eleição será feita em outra legislatura. No ano passado, os ex-presidentes da Câmara e do Senado, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AP), respectivamente, tentaram mudar a Constituição para que pudessem se reeleger na mesma legislatura.