Réu do mensalão, João Paulo Cunha deixa disputa pelo comando da Câmara
"Vou fazer uma manifestação expressando a minha dor, todo o meu calvário. E mostrar que independente do resultado do caso no Supremo, já me sinto condenado"
Réu no processo do mensalão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) vai abrir mão de concorrer à presidência da Câmara pelo PT. Assim, Cândido Vaccarezza, também do PT paulista, consolida seu favoritismo no partido.
A decisão será anunciada hoje, durante reunião da bancada. O deputado vai aproveitar o encontro para fazer um desabafo, relatando mágoas sobre o processo a que responde na Justiça.
"Vou fazer uma manifestação expressando a minha dor, todo o meu calvário. E mostrar que independente do resultado do caso no Supremo, já me sinto condenado", disse à Folha.
João Paulo atendeu ainda a pedidos de pessoas ligadas à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), para quem uma eventual eleição do deputado traria consequências negativas ao novo governo.
João Paulo, que já presidiu a Câmara (2003-2005), vai comunicar à bancada ainda que pretende assumir um tom mais conciliador a partir do ano que vem.
À Folha, ele disse que vai atuar para que o presidente eleito seja mais democrático, dando relatorias de projetos para partidos além de PT e PMDB, e para que o Congresso vote mais propostas de autoria do Legislativo.
Nome petista
Mesmo com a desistência de João Paulo, o nome escolhido pelo PT deve ser anunciado apenas na semana que vem. Até lá, líderes do partido trabalharão para que Marco Maia (RS) e Arlindo Chinaglia (SP) também desistam da disputa.
O escolhido pelo partido deve ser eleito com facilidade para comandar a Câmara nos dois primeiros anos do governo Dilma (fevereiro de 2011 a janeiro de 2013), já que PMDB e PT, as duas maiores legendas da Casa, fecharam um acordo para um rodízio.