Promotor acredita que menino de 12 anos não deve ficar detido

Thales de Oliveira cuidou de caso na penúltima infração do menino. Segundo ele, garoto deve ficar, no máximo, por 45 dias na Fundação Casa.

Fonte: G1

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Thales de Oliveira cuidou de caso na penúltima infração do menino. Segundo ele, garoto deve ficar, no máximo, por 45 dias na Fundação Casa.

Responsável por cuidar, durante a penúltima infração, do caso do menino de 12 anos detido nove vezes em São Paulo, o promotor Thales de Oliveira, do Departamento de Execução da Infância e Juventude (Deij) do Ministério Público do estado, não acredita que o adolescente ficará internado definitivamente em uma unidade da Fundação Casa (antiga Febem). Para ele, o que pode ocorrer é o garoto ficar, no máximo, um mês e meio na fundação como ?medida salutar?.

?Eu acho difícil ele ir para a Febem desta vez. A Justiça só encaminha um adolescente para a Febem em caso de crime com violência e grave risco aos outros ou na reiteração de fatos graves. Furto é um fato grave. Mas o nosso Tribunal de Justiça entende por reiteração, um ato cometido pela terceira vez?, disse. Embora o menino tenha sido detido nove vezes pela polícia, só a partir da penúltima vez ele tinha idade legal para responder pelo ato. Assim, a apreensão desta segunda-feira (15) na Zona Sul da capital paulista após ter furtado um carro é a segunda infração.

?Nesse tempo, talvez se tente fazer um trabalho mais intensivo com ele. Como medida definitiva, é muito complicado ocorrer a internação?, disse. Por volta das 13h20 desta terça-feira (16), a assessoria do Ministério Público não sabia informar se o processo da nova infração do menino já havia sido distribuído entre os promotores do Deij nem qual deles ficaria responsável pelo caso. O menino deve ser apresentado ainda nesta terça à Vara da Infância e Juventude.

Semelhança com o caso Eloá

Na penúltima vez em que o garoto foi detido, em outubro deste ano, o promotor conversou com ele. ?É uma pessoa aparentemente normal, apenas não tem nenhum tipo de freio inibitório. Ele faz aquilo que tem vontade de fazer. É uma criança dessa nova geração, que cresce sem que a família cultive a proibição como algo natural da vida, o não como algo natural?, disse, responsabilizando a família pelo perfil da criança.

Segundo ele, boa parte dos crimes cometidos por crianças, jovens e adolescentes, atualmente, é resultado justamente dessa ?falta de freios? dos pais. ?É mais ou menos o que aconteceu naquele caso da Eloá. Por que que o cidadão fez o que fez? É a incapacidade que as pessoas têm, hoje em dia, de ouvir um não?, afirmou.

Questionado se não teria cabido à Justiça ter retirado anteriormente a criança da guarda dos pais para que ela não chegasse a cometer os nove crimes, o promotor disse não acreditar que essa fosse a melhor saída. ?Eu pergunto: vamos retirar essa guarda e vamos deixar para quem? Quem estaria disposto a assumir a guarda dessa criança? Acho que não seria o caso de tirar a guarda, mas de tentar fornecer a essa família recursos necessários para que se pudesse educar essa criança. Não necessariamente financeiros, mas psicológicos.?

Políticas falhas

Também nesta manhã, o secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Ariel de Castro Alves, responsabilizou as atuais políticas voltadas à infância e juventude pelo caso. ?Isso (a apreensão pela 9ª vez) mostra a necessidade de reavaliar todos os procedimentos tomados anteriormente e agora se adotar um novo tipo (de procedimento)?, disse.

O nome do menino já aparecia em outras oito ocorrências registradas em delegacias da capital paulista. Em agosto, em uma das vezes em que foi detido, o pai reclamou da dificuldade de educar o adolescente. ?Má companhia, foi que ele se envolveu em má companhia. Aí, não tem jeito. Não tem mãe, não tem pai que segura?, afirmou Lourenço Pinheiro.

Palavras-chave: menino

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1 Comentários

Fernando Estudante17/12/2008 12:07 Responder

Para mim, a solução desse caso, assim como a de vários outros, deveria ser bem mais rigorosa que uma mera prisão. Não preciso dizer mais nada...

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