Posição do TCU pode tornar ajuste mais difícil em 2015

Irregularidades apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nas contas da presidente Dilma Rousseff em 2014 podem ter impacto nos gastos públicos deste ano, aumentando a ameaça de que o governo não cumpra suas metas fiscais estabelecidas

Fonte: Folha de S. Paulo

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Irregularidades apontadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) nas contas da presidente Dilma Rousseff em 2014 podem ter impacto nos gastos públicos deste ano, aumentando a ameaça de que o governo não cumpra suas metas fiscais estabelecidas.

O tribunal pediu à presidente explicações sobre 13 irregularidades antes de concluir o julgamento da prestação de contas do governo.

As irregularidades estão ligadas a manobras do governo consideradas ilegais, entre eles aumento de despesas quando não havia receitas para isso e o adiamento de pagamentos devidos a bancos públicos e fornecedores.

Se a tese das ilegalidades apontadas pelo relator das contas no TCU, ministro Augusto Nardes, prevalecer após a defesa da presidente, isso significará que o governo terá que resolver os passivos já nas contas de 2015.

O problema é que não havia previsão orçamentária para realizar esses gastos, que são superiores à meta de economia primária (sem considerar pagamento de juros) que o governo se impôs para 2015, que é de R$ 55 bilhões.

IRREGULARIDADE

A principal ilegalidade apontada nas contas de 2014 está relacionada aos relatórios bimestrais de receitas e despesas. A lei obriga o governo, quando uma receita prevista não se confirma, a cortar despesas não obrigatórias na mesma proporção e no mesmo bimestre. Como a presidente atrasou cortes em seis meses, o relator entendeu que a lei foi descumprida.

Neste ano, o governo estimou uma arrecadação 5% superior à de 2014, já descontada a inflação, e programou suas despesas com base nesse número. Mesmo assim, teve que cortar R$ 70 bilhões.

Mas, até abril, a receita foi 4,4% menor que em 2014. Ou seja, se a tese do relator do caso no TCU prevalecer, o governo terá que cortar mais despesas até o mês que vem.

Outro problema são as chamadas "pedaladas fiscais", atrasos de repasses do governo a bancos públicos por pagamentos de programas sociais e subsídios. A lei proíbe empréstimos de bancos públicos ao governo.

Levantamento feito pela Folha mostra que apenas três programas –Minha Casa, Minha Vida, PSI (subsídio à indústria) e apoio à agricultura familiar– somam hoje R$ 20,5 bilhões em compromissos remanescentes de Orçamentos anteriores.

Segundo o economista Mansueto Almeida, especialista em contas púbicas, é impossível acertar esses pagamentos em um único ano.

"É uma conta brutal. Será necessário fazer um calendário de três a quatro anos para isso", explicou Almeida.

Outro ponto que será motivo de recomendações de mudanças pelo TCU, mas que não consta dos 13 pedidos de explicação específicos endereçados à presidentes, é o aumento dos restos a pagar (dívidas com fornecedores ou promessas de pagamento).

Eles passaram de 4% da receita em 2003 para 12% em 2014, alcançando R$ 227 bilhões. Desse valor, R$ 38 bilhões não podem mais ter o pagamento suspenso.

Chamado de orçamento paralelo, a intenção do TCU é começar a reduzí-lo. Se isso ocorrer, mais recursos do orçamento de 2015 terão que ser enxugados para evitar que em 2016 novos restos a pagar não permitidos apareçam.

EMISSÁRIOS

Um dia depois do prazo dado a Dilma para se explicar ao tribunal, aliados admitem que o ambiente no TCU é ''hostil'' ao governo e preveem votação apertada sobre o tema quando o julgamento for retomado. O Planalto tentará prorrogar o desfecho do caso e intensificar contatos com os "padrinhos" dos ministros para tentar convencê-los a aprovar as contas.

O ministro Nardes entregou nesta quinta-feira (18) seu relatório ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e voltou a afirmar que todos devem seguir a lei

Palavras-chave: Posição TCU Ajuste Fiscal Dilma Rousseff Contas

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