Mais rigor para o formando

Fonte: administradores.com.br

Comentários: (0)




Em setembro, a profissão do administrador faz aniversário. São 40 anos de regulamentação da carreira. Para marcar a data, o Conselho Federal de Administração (CFA) pretende implantar uma novidade para os futuros administradores: o exame de proficiência. A idéia é que todos os recém-formados na área passem por uma prova de conhecimentos antes de receber o registro profissional, que o libera para atuar no mercado de trabalho, já em 2006.

Situação semelhante vivem os bacharéis em Direito e Medicina Veterinária. Todos os estudantes que se formam nas duas graduações precisam passar por uma avaliação dos respectivos conselhos de classe (a Ordem dos Advogados do Brasil e o Conselho Federal de Medicina Veterinária) antes de começarem a trabalhar. Os contabilistas também tinham de ganhar a aprovação em um exame para conseguirem o registro profissional. Mas uma ação judicial popular suspendeu a medida temporariamente.

O número de instituições de ensino superior espalhadas pelo país e de recém-formados no mercado de trabalho assusta os conselhos de classe. ?Há uma grande demanda pelo trabalho do profissional da área. Mas não temos como garantir a qualidade de formação de tanta gente?, afirma o presidente do CFA, Rui Otávio Bernardes de Andrade. Segundo Rui, mais de 1.700 faculdades oferecem graduação em Administração no Brasil.

Nos últimos 11 anos, a oferta dos cursos de graduação em Administração aumentou mais de 426%. Pulou de 333 cursos em 1991 para 1.413 em 2002. De acordo com o CFA, estas instituições formam cerca de 70 mil jovens por ano. Estão matriculados no curso cerca de 550 mil estudantes. Na opinião do presidente do conselho, só exame avaliará se os formados têm a capacidade mínima necessária para exercer a profissão.

Boa aceitação

O conselho fez uma pesquisa no ano passado para avaliar o perfil do administrador. Descobriu que 74% dos entrevistados concordam com a aplicação de uma prova de proficiência como condição para obtenção do registro profissional. Luciana Arantes, de 21 anos, defende uma avaliação de todos os profissionais, independentemente de carreira. ?Há muitas faculdades e cursos por aí e nem todo mundo sai habilitado para exercer suas profissões?, analisa.

Luciana e os colegas Mário Israel , 18, Cristina Leal, 19, e Ricardo Coelho, 19, são unânimes quanto à necessidade de fiscalização da qualidade dos cursos de graduação existentes no país. Mas têm dúvidas sobre a eficácia de um exame de proficiência. Mário destaca que o curso de Administração tem características muito peculiares e há muitos profissionais que exercem a função de administrador. ?Um engenheiro que fez uma boa especialização na área não poderá exercer a função??, questiona.

Ricardo, que é contra o exame, acha que o mercado de trabalho se encarrega de avaliar quem é um bom administrador ou não. Para Rui, o conselho precisa se responsabilizar pela competência dos profissionais. O objetivo do CFA é terminar a proposta do modelo de exame até julho. O texto será encaminhado ao Congresso Nacional, para que se torne lei.

Regras novas

Há mais mudanças previstas para os cursos de graduação em Administração. O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um parecer que acaba com as milhares de habilitações existentes para a carreira. As faculdades poderão oferecer linhas de formação específica, mas não como nome do curso. ?Os conteúdos básicos são os mesmos. Essas nomenclaturas enganam o aluno. Passam a idéia de que estão formando especialistas e não é o caso?, garante Rui.

Além disso, os conteúdos da carreira serão divididos em quatro grandes áreas: formação básica (Sociologia, Psicologia e Filosofia, por exemplo), formação profissional (disciplinas específicas da Adminsitração), estudos quantitativos (Matemática, Ciências Contábeis, etc) e formação complementar, na qual as instituições poderiam oferecer matérias de áreas mais específicas, como Recursos Humanos, Comércio Exterior eTurismo.

O parecer, já homologado pelo ministro da Educação, Tarso Genro, tem a simpatia dos estudantes. Tibiriçá Gamaba, 37 anos, Karina Vlla, 37, e Elisabete Leão, 47, e Kátia Beltrão, 43, não vêem dificuldades em adequação às novas regras. Kátia acredita que a formação básica é fundamental. ?O estudo específico de determinados temas deve ser feito na especialização. O bacharelado deve oferecer formação plena?, diz. (PB)

Palavras-chave:

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/mais-rigor-para-o-formando

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid