Estupro na van: Justiça ouve oito testemunhas, mas réus ficam calados

Pelo menos quatro testemunhas da acusação afirmaram, em juízo, que nunca viram crime de tamanhas gravidade e intensidade

Fonte: TJRJ

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O juiz da 32ª Vara Criminal da Capital realizou audiência de instrução e julgamento no processo em que três homens são acusados de estuprar uma turista americana dentro de uma van, no Rio de Janeiro, na madrugada do dia 30 de março. O magistrado ouviu oito testemunhas: seis da acusação e duas da defesa. Os réus, J.F. de S., W.A.S.S. e C.A.C. dos S., que respondem por estupro, roubo qualificado, extorsão, corrupção de menores e quadrilha ou bando, não foram interrogados, pois seguiram a orientação de suas defesas técnicas para permanecer em silêncio. O juiz abriu vista para que as partes se manifestem em diligências, em 48 horas, sucessivamente. A sentença deve sair em dois meses.


Pelo menos quatro testemunhas da acusação afirmaram, em juízo, que nunca viram crime de tamanhas gravidade e intensidade. Também relataram que, durante o fato criminoso, os réus riam sarcasticamente.


Depoimentos


Durante a audiência, duas adolescentes, testemunhas da acusação, contaram ter embarcado no veículo na Praça Serzedelo Correia, em Copacabana, e que o turista francês e a namorada americana já estavam lá dentro. De acordo com os depoimentos das duas jovens, um dos acusados anunciou o assalto depois de terem passado em frente ao Shopping Rio Sul e determinou que todos os passageiros entregassem seus pertences, ameaçando-os. Elas disseram ainda que ele teria mandado os passageiros abaixarem a cabeça e que teria gritado e xingado os estrangeiros, que pareciam não ter entendido a ordem. Em seguida, as testemunhas lembraram que o assaltante ordenou que todos descessem da van, exceto o casal de turistas.


Terceiro a prestar depoimento, o delegado A.B., titular da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (DEAT), lembrou que a turista, embora bastante abalada, apresentou um relato lógico e coerente, e confirmou que os três acusados participaram dos estupros. Declarou ainda que, com a divulgação na mídia das imagens dos réus, outras vítimas do grupo procuraram a polícia.


O delegado assistente da DEAT R.B. afirmou que o conteúdo da denúncia coincide com os relatos das vítimas. Ele disse que os réus, durante o depoimento na delegacia, mostraram-se frios e não apresentaram sinais de arrependimento.


A inspetora da DEAT V.C., primeira a tomar depoimento dos turistas após o crime, declarou que J., que inicialmente dirigia a van, foi o primeiro a estuprar a moça. Ele teria mandado que ela tirasse a roupa, mas, diante da negativa, deu-lhe dois socos no rosto, que lhe quebraram o nariz. Em seguida, violentou-a. Imediatamente após, o acusado W. repetiu a ação. J. teria dito ao menor para “aproveitar também”, mas ele se recusou a praticar ato sexual com a turista. A inspetora informou que a americana ficou nua durante todo o evento criminoso.


A policial declarou ainda que acompanhou as vítimas a dois hospitais, onde tomaram um coquetel de remédios.  “Quando ela soube que o tratamento seria longo, que poderia durar cerca de 20 a 30 dias, entrou em choque e perguntava, incessantemente, se poderia voltar para os Estados Unidos e se tratar lá”, contou a inspetora. 


O inspetor J., da DEAT, disse que um frentista informou à polícia a placa da van. Ele teria feito a anotação em virtude do comportamento alterado dos rapazes. A partir dessa informação, foi possível chegar rapidamente ao réu J. e prendê-lo oito horas após o crime.


O policial declarou também que não houve indícios contra o dono da van, que se mostrou solícito e ajudou na investigação. Revelou ainda que o terceiro réu, C., estava junto com W. quando este último foi preso, mas que não foi preso nessa ocasião porque, na delegacia, J. dissera que seus comparsas eram W. e T.. Depois, através de fotos do Portal da Segurança da Polícia Civil,  constataram que o suspeito usava o nome de T.F. e, no facebook, de C.A.. Ao exibir as fotos para os turistas, C. foi reconhecido, e a prisão, decretada.


A defesa de J. quis ouvir duas testemunhas de caráter. Elas declararam ao magistrado que conheciam há muito tempo o acusado e que ele sempre foi trabalhador. Uma delas disse ainda que ele recebeu uma boa educação da família e que nunca passou necessidade na vida, embora tenha começado a trabalhar muito cedo.


Menor


Embora se tenha recusado a violentar a jovem, o menor bateu diversas vezes no turista francês utilizando uma barra de ferro. Segundo o inspetor, a polícia não o prendeu rapidamente, pois não dispunha de informações a seu respeito, as quais só foram obtidas quando duas adolescentes foram à DEAT e revelaram que o conheciam de um abrigo.  O menor já prestou depoimento à Vara da Infância e Juventude.


Família


Segundo testemunhas, tanto do MP quanto da defesa, as mães de J. e W. foram determinantes para que eles confessassem os crimes durante a oitiva oficial na DEAT.

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