Dívida mantém Brasil vulnerável, diz FMI

O Brasil continua "significativamente vulnerável" por causa de seu alto endividamento.

Fonte: Folha de S. Paulo

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O Brasil continua "significativamente vulnerável" por causa de seu alto endividamento e terá, em 2004, uma das menores taxas de crescimento entre os principais países emergentes do mundo, inclusive na comparação com seus vizinhos latino-americanos.

Segundo o relatório "Perspectivas para a Economia Mundial 2004", divulgado ontem na abertura da reunião anual do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington, o Brasil deve crescer 3,5% neste ano e repetir o mesmo percentual em 2005.

O resultado ficará abaixo da média mundial, de 4,6% neste ano e de 4,4% em 2005, e da dos países do Mercosul, de 4% e 3,7%, respectivamente. A África também crescerá mais (4,2% e 5,4%).

O baixo crescimento dos últimos anos no Brasil e na América Latina, segundo o FMI, criou uma situação de "tensão social" na região, com "alto desemprego, desigualdade de renda e pobreza generalizada".

Em entrevista coletiva, o economista-chefe do FMI, Raghuram Rajan, elogiou o Brasil, mas sublinhou os riscos que o país corre -principalmente quando as taxas de juros norte-americanas começarem a subir.

"O Brasil faz as reformas necessárias e está no caminho de uma sólida recuperação e de um crescimento sustentável. Estamos otimistas. Dito isso, o Brasil continua a ter uma dívida significativa, boa parte denominada em dólares e de curto prazo. Embora o país venha tomando medidas para diminuir esse endividamento e alongar seus prazos, as vulnerabilidades continuam presentes", afirmou Rajan.

Segundo o economista, um aumento das taxas de juro dos EUA -hoje em 1% ao ano- "certamente" afetará o Brasil. "Vai ser um impacto sério? É difícil dizer, mas minha opinião é a de que o Brasil ao menos está preparando o terreno para ter um endividamento sustentável", afirmou.

No relatório divulgado ontem, o tom do FMI sobre o Brasil é um pouco mais sombrio: "A dívida pública elevada (acima de 80% do PIB em termos brutos) persiste como uma vulnerabilidade significativa, particularmente na eventualidade de uma deterioração das condições do mercado financeiro ou de mudanças de políticas que afetem a confiança dos investidores".

Para Rajan, a principal questão agora "não é se as taxas de juro dos EUA vão subir, mas como vão subir". "O processo deveria ocorrer de forma ordenada."

Uma alta dos juros nos EUA deve afastar investidores internacionais dos países emergentes, principalmente dos mais endividados, como o Brasil.

Embora o FMI admita "preocupação" com as chamadas "tensões sociais" na América Latina, Rajan não vê solução a curto prazo. Ele não deu indicações, por exemplo, de que o Fundo possa mudar em breve o critério de cálculo do superávit primário (economia para pagar dívidas) para excluir investimentos de estatais da conta de despesas -como sugere o governo brasileiro.

Palavras-chave: Dívida; FMI; Taxas; Crescimento; Economia; Fundo Monetário Internacional

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